28 de dez. de 2007

Retrospectiva Água de Tomate 2007

O cinema, microcosmo do mundo, perdeu Antonioni e Bergman e eu penei para construir com palavras uma imagem que sintetize esse ano. A retrospectiva, feita às pressas, ficou trôpega e reflete um pouco esse espírito.

As celebridades perecíveis se acabaram nas drogas e rehab não feita foi um hit. A moda perdeu grandes pessoas, no último suspiro Benazir Buttho foi assassinada e eu entreguei, aflito, um pedaço de mim aos céus.

Diverso, áspero. Como diria minha avó, 2007 foi um ano carepento. Mas teve seus encantos e serviu, ao menos, para traçar rumos para os dias vindouros.

O calor da Zâmbia dominou o clima, os vinhos – embora continue achando todos com gosto de uva podre – tiveram alta na minha vida e comi muito e bem. Ano estranho, definitivamente.

Um quarto de século
Não estou aceitando bem essa coisa da idade e do passar do tempo. À beira dos 25 anos, me bateu uma nostalgia opressora, um aperto. Os cabelos não param de cair, o peso de subir, as memórias de aumentar. Terapia!

Ao meu amado tio
Faltou a sua voz grave e clerical, seu acentuado sotaque italiano para engrossar o Pai Nosso rezado pela família neste Natal. As garrafas de vinho estavam na mesa, mas nenhuma delas com um bom “Sitião” produzido por você.

Faltaram as suas muitas histórias, de um homem que conseguiu transformar os horrores da guerra em ternas lembranças das brincadeiras com o irmão e os primos. Como disse meu irmão, “nem os raivosos ‘Tedeschi’ conseguiram abalar seu peito armado até os dentes de paz”!

E foi na Itália, palco dessas memórias, vendo seu abraço em sua mãe e a expressão de seu rosto, numa disfarçada despedida no jardim da casa – para que ela não sentisse aquilo como outra partida do filho –, que eu pude vislumbrar e entender o que são o amor e a saudade. Ela subiu as escadas para dormir e você voltou para a América.

Agora foi você quem subiu as escadas, dissimulando uma despedida, para encontrar com a Nonna, Luciano, a Vó, o Vo e todos mais que o aguardam com um bom gole de grappa.

Eu chorei e sofri, porque não sei como ajustar meus dias à ausência de sua mão grande espalmada em minha cabeça, ao som de “pensa, filhotón”, e ter quem me explique como funciona o Sudoku, como fazer licores, como amar com sinceridade. Mas me acalmei quando entendi que enquanto todos esperavam ao seu lado por um milagre, você foi o maior de todos. Um beijo, padrinho.

Saio de SP de avião, chego em Buenos Aires de ônibus
Fui muitas vezes ao Rio e estou quase embarcando novamente para o México, mas a viagem do ano certamente foi para a Argentina com os outros três Minhocões. A primeira viagem só com amigos, com momentos deliciosos e inesquecíveis, embora tenhamos visto “a notícia acontecer diante de nossos olhos” e pastado com o caos aéreo e a falta de teto no aeroporto de Buenos Aires.

"Give me the beat boys and free my soul..."
Os Minhocões seguem firmes e fortes trabalhando no mesmo lugar, saindo juntos, viajando e prometendo uma duradoura amizade. Os Quatro do Apocalipse Sorocabano se viram menos, mas todos os encontros foram ótimos. Mania de grupos com o mesmo número de pessoas! O saldo é um fardo tirado das costas, sinceridade, alguém novo com mais idade e menos juízo, abraços em grupo, redenções na festa da firma e uma pendência grave para se resolver.

À mesa
Segui, gentilmente convidado, o roteiro do Prêmio Paladar de gastronomia e comi nos melhores restaurantes de São Paulo. Sai para comer com os amigos no mínimo duas vezes por semana. Recebi os amigos em casa com comida. Jantei pizza com a minha mãe quase todos os sábados. Gastei todos os centavos do meu vale refeição almoçando diariamente. Apresentei novos sabores a alguém que só conhecia arroz e batata-frita. E fechei com chave de ouro essa sanha gulosa com um churrasco na sacada de minha casa, com amigos queridos, patrocínio do grill adquirido via Shoptime e seis quilos a mais.

“E a gente se olha e não sabe se vai ou se fica...”Em julho recebi uma gentil proposta de emprego, para trabalhar com Natasha, mas depois de muita angústia, negociações e espera, continuei no iG. As bancadas não são mais laranja, a maquiagem é profissional, mas continuamos sendo o portal do “pepino na home”. Os astros previram um ano estranho nesse segmento, e assim foi. Entro em 2008 mais sensato, mais contido, com mais canais, planos e idéias. Um curso e algumas palavras trocadas com Matinas Suzuki deram o empurrão necessário para pisar janeiro com disposição. E segue Majara ao meu lado! Nada como roçar os braços e ter alguém para me aturar e me atormentar loucamente assim tão perto. E Fe Fontes atrás, Lemp na sala ao lado. Sem falar de Thais na frente, Carocha na ponta da bancada, Paula logo ali, Adilia e os especiais...Pessoas contam na hora da tomada de decisões.

Pqno
Meu coração foi se enfiar numa dessas coisas que a cabeça não consegue conter. Como têm brigado esses dois, cabeça e coração! Um diz “vai, se atira, seja o que Deus quiser”, o outro está sempre arquitetando, procurando razões para cessar, lembrando das vezes que o conjunto se estilhaçou. É um sorriso bobo que desfaz o impasse e me faz seguir de mãos dadas.

Palavra: angústia

Música: “Elderly woman behind the count in a small town”, Pearl Jam

Livro: “O Amor Líquido”, Zygmunt Bauman

Show: Paralamas (“...em cima dessas rodas também bate um coração”) e Police, no Maracanã.

Restaurante: Casa do Espeto! Quer contar algo, fofocar, desabafar? Casa do Espeto! E o D.O.M. (pode parecer esnobe, mas a comida é sensacional e jantar lá ao lado de Hervé This é marcante).

Viagem: Argentina com os Minhocões.

Filme: Pequena Miss Sunshine

Um lugar: o boteco onde comi empanadas e tomei o tenebroso “Cielito Lindo” na Argentina.

(Re)Descobri: a estampa xadrez.

Uma loja: onde a mãe trabalha, sempre com uma história nova e personagens incríveis.

Uma frase: “A vida te pega na esquina”, certamente.

O que mais valeu a pena: enfrentar um pouco dos meus medos, ser pleno e verdadeiro com os amigos de verdade.

Um momento: ficar ilhado no aeroporto, as jantinhas com meu pai, os jantares com Horta, algumas tardes na Brigadeiro, os finais de semana na casa de minha mãe, a noite "Marie Antoinette" em casa, com macarons, champagne, Ligia Helena e Helena, o aniversário do meu tio...tantos e tantos...

Planos para 2008: manter a casa mais organizada, pagar as contas em dia, gastar menos, perder 6 quilos e parar de comer unha!

O ano acaba assim: ávido para bater os pés no tapete, respirar fundo e começar o próximo com todo o fôlego do mundo. Quase embarcando para uma viagem com a mãe, como há tempos não fazemos, para encontrar o irmão e a cunhada.

Como não poderia deixar de ser, a frase de Chaparro, o primeiro patrão: “que 2008 lhes sorria”!

PS: leio a dos anos anteriores, tão melhores, e começo a pensar que estou perdendo a criatividade e a capacidade de escrever. Fica em 2007, crise!

26 de dez. de 2007

Lendo a Folha de S. Paulo ao som dos fogos e sabor de champagne

É tão bom ler a Folha nesses dias de intervalo entre o Natal e o Ano Novo. Tão fininha, tão sucinta, tão fluida.

A matéria (sim, matéria. Meu Manual de Redação e Estilo aceita) sobre as festas de Natal na Daslu ficou sensacional . Olacyr de Moraes é o nosso Hugh Hefner! Será que tem uma vaga para mim no carro dele?

E os obituários já estão super “The New York Times”. Hoje com “Maria Albino e a arte de Araraquara”. Tudo porque Matinas Suzuki Jr. entregou uma prova do livro que vai lançar, uma compilação com os melhores obituários do NYT, para o Otavio Frias Filho. Ele não perdeu tempo e já começou com a modinha aqui em nossas terras, antes que a publicação chegue às livrarias e todo mundo faça. Matinas também já deu o “start” nos obituários da rede de jornais Bom Dia, no interior do Estado.

A graça dos obituários? Que a morte não é notícia, mas sim a vida que a pessoa teve. O que dali pode ser ressaltado, já que a morte é certa para todos. Meio antagônico.
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Esse foi mais um post “falta de assunto” antes da minha retrospectiva.

19 de dez. de 2007

Citações do dia seguinte

“Se somos diferentes, é fatal que estejamos sós”
Aldous Huxley, Admirável Mundo Novo

“E do amor gritou-se o escândalo
Do medo criou-se o trágico
No rosto pintou-se o pálido
E não rolou uma lágrima
Nem uma lástima para socorrer (...)”
Rosa dos Ventos, na voz de Bethânia

14 de dez. de 2007

Entretenimento para ricos em almoço

"Colaboradores, estagiários e jovens aprendizes,

Informamos que os kits de Natal (ave e lombo temperados e congelados) já estão disponíveis para retiradas e estão sendo distribuídos por um caminhão na esquina da Rua Amauri (em frente ao restaurante Parigi).

Gerência de Recursos Humanos"

Isso sim é que é diversão.

29 de nov. de 2007

Nessum dorma

Sair da entrega do Prêmio Paladar 2007, depois de ter provado mais de duas dezenas de pratos nos melhores restaurantes de SP (convidado por um grande amigo e na companhia de muitos vinhos e Coca light) e passar no Habib´s para matar a fome é meio triste.

Só pensava no petit gâteau de limão do Due Cuochi e no Bassi cantando como o Pavarotti em seu grande e renovado salão...

21 de nov. de 2007

Dos jantares

“Admirad bien la luna, antes que corten los juncos del río.

Que enólogo escreveria algo assim no seu vinho? Todo vinho feito com esta dedicação é feito para ser admirado como o luar, antes que suma, antes que os juncos que margeiam o rio sejam cortados. Que pessoa que divide a mesa entenderia isto? Os companheiros de um jantar podem ser os de uma vida, antes que ela termine, seja em traços longos da mão, seja em borra de café. Tudo é transitório demais para perdermos tempo!”

Roubado, mas eu li a mão e a borra!

25 de out. de 2007

Leite, só de mãe

Quando tomo leite pela manhã eu penso: será que vai desentupir minhas vias ou me deixar loiro? E os bichinhos da Parmalat vão morrer intoxicados?

Como diria J.N. Pinto na Jovem Pan, tome leite longa-vida para durar menos.

18 de out. de 2007

10 de out. de 2007

Dos diálogos sem voz

- Então janta em casa, comigo, para repor todas as calorias que você perdeu na academia.

- A única coisa que eu perdi na academia foi a fé.

27 de set. de 2007

Lua vermelha

Os astros começam muito bem:

"O dia de hoje para você
O céu está ajudando você a reaprender a falar. A sua natureza racional não deve estar conseguindo entender porque os outros demoram tanto para entender o que você está dizendo. Até mesmo uma conversa corriqueira pode provocar uma reação inesperada. Aprenda a fazer perguntas..."

Depois perdem a razão:

"Recado dos astros para os aquarianos
Mesmo sem querer você está esbanjando charme e sedução. Só não vale ficar reclamando do assédio que você não escolheu..."

Vamos a la playa

Queria chorar um monte hoje. Mas não me deixo.
Todos evadindo, sabor de infância, dor moderna.
Fuga para a praia em festa emprestada, torcendo para que alegria passe por osmose.

Perdidinho.

21 de set. de 2007

Da alma brotam os cabelos

É mais que sabida a minha admiração e respeitosa e fraternal paixão por Adilia Belotti. Ela me faz ter certeza que algumas pessoas nascem diferentes, iluminadas. Isso para dizer que, hoje, republico um excerto de sua coluna Conversa de Mulher e outro da entrevista que deu para o Sampaist que falam por si:

Não que tenha sido uma decisão fácil. Não foi não. Mas ia virando uma urgência assim, aos pouquinhos. E então, num dia 31 de dezembro tornou-se minha mais importante resolução de Ano-Novo: deixar os cabelos brancos.E deixei. Achei que era uma coisa minha, mas aqui e ali fui encontrando companheiras de ousadia. E percebi que, no fundo, os cabelos brancos eram uma provocação. E são, até hoje." (Conversa de Mulher, 21/09/2007)

E o naipe feminino do Sampaist quer saber: como ter o seu cabelo quando crescer?
A receita é meio longa:
Aos 15, pinte o cabelo de azul e compre uma mochila que combine;
Aos 20, esqueça o cabelo e mantenha-o amarrado num rabo de cavalo;
Aos 25, faça permanente, para se despedir dos cachos:

Aos 30, levante o queixo e solte as madeixas:
Aos 35, corte o cabelo bem rente, pinte de cor de cobre, a correria exige coisas práticas;
Aos 40, brinque de luzes, faça chapinha hoje, escova amanhã, perca tempo;
Aos 45, chanel, para curtir a elegância;
Aos 46, na noite de ano-novo, prometa a si mesma que não vai mais pintar o cabelo, raspe a cabeça com máquina 4 e encontre um cabeleireiro que ouse ajudar você a se reinventar..."
(Sampaist, 11/11/2006)”

Ontem raspei os meus novamente, depois de confirmar que eles ainda crescem.

19 de set. de 2007

Infantilóide

Vez ou outra você constrói momentos lindos, que parecem sólidos como uma rocha e fingem driblar o tempo. Mas em 27 segundos consegue fazer tudo desmoronar e se acabar feito chocolate em pó solúvel.

Os focos de atenção e da vida são outros, as heranças, cobranças, andanças são outras. Num piscar que me soa ridículo, porque talvez eu tenha pouquíssimas paixões na vida que me movam ao transe, as mãos se soltam. Sou a casca da batata que não passa pela peneira para virar purê.

E não posso pedir aos astros que mudem certas coisas. Só bonsais crescem bem tendo as raízes podadas... Ao que isso aponta? Aflição.

18 de set. de 2007

Não é para os fracos

Paula e eu (sem Bebeto), grande amiga e coordenadora do núcleo de celebridades do iG, falávamos sobre a “old school” dos drogados contra os “junkies nem generation”. Courtney Love usa(va) de tudo, faz(ia) de tudo e nada derruba(va) a mulher. Aí vêm esses novos, todos educados a base de iogurte, dão uma cutucada com heroína e já saem decadentes pelas ruas.

Vou lançar uma campanha em prol da dignidade e do glamour dos velhos tempos dos drogaditos, quando tínhamos grandes conflitos e durabilidade, não essa velocidade de novela das oito com tramas pouco elaboradas. Para os espectadores sóbrios, é terrível não ter novidades e não poder se apegar a um personagem.

11 de set. de 2007

Quantas calorias?

Sair da academia, depois de um dia moribundo e uma dúzia de exercícios pífios, descabelado e com roupas mundanas, e passar na casa de um amigo para uma taça de Porto Niepoort, pouco mais jovem – bem pouco – que eu.

Naquele oásis de calma fincado na São Paulo de regular qualidade do ar, notei, sendo olhado pelo Nuno Ramos enrolado no sofá, que é de conversas engraçadas e com algum conteúdo que tenho sentido falta. Nem só a pança de Britney tem graça, nem só o pop é assunto, nem só a internet conecta (quem falar em BlackBerry morre).

Bebo pouco, saio logo. Era noite sem lua.

“(…) Comme ils ont beaucoup bu
Ils titubent un petit peu
Mais la haut dans le ciel
La lune veille sur eux.”

Jacques Prévert

PS: Um abraço ao Comendador Cancela.

4 de set. de 2007

Um dia de aforismos

Tira um tempo para olhar com certo distanciamento. Aí pára, coloca a mão no queixo, sobrancelha franzida e pensa: “que diabos estou fazendo?!”

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Nove dias sem comer unha, seis de academia e setecentos e sessenta e cinco de saco cheio.

3 de set. de 2007

No Twitter

De kalundum porque não sento mais ao lado de Adilia Belotti. A viGda perdeu um bocado de graça.

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Quanto mais novidade na internet, menos gosto dela e menos as pessoas percebem a vida. Qual a próxima, Zygmunt?

28 de ago. de 2007

Dia dos Pais tardio

O meu foco, nos últimos anos – os de convivência mais intensa – tem sido fazer o meu pai sair um pouco da austeridade social que ele tem (educação formal no Colégio São Bento e família rígida não são fáceis!) e aprender a “curtir a vida adoidado”. Conto, claro, com a essencial ajuda de meu irmão e de minha cunhada.

Tudo bem que vez ou outra ele precisa de um puxão de orelha também, porque exagera em algumas coisas (falta da adolescência), mas é o melhor divã para meus desabafos amorosos, profissionais e para pit stops de muita comida e gordura trans, nos mais diversos lugares.

Foi na parte culinária, aliás, que conseguimos dar nosso primeiro passo rumo à intimidade, depois de um período separados. Era na cozinha de sua casa que o tempo era só nosso e todas as vontades do estômago podiam ser atendidas, sem medo ou receio de qualquer coisa, incluindo um infarto.

Hoje as ressalvas são poucas e os momentos são muitos, mas ainda é no aconchego das panelas e das camisetas sujas de molho, ao entardecer com som de risadas e histórias da semana, que tenho certeza do amor que sinto por ele.

Aos que são e serão, ao meu e aos meus muito saudosos avôs, feliz Dia dos Pais!

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Clique aqui para resultado do almoço falado no post anterior.

10 de ago. de 2007

Por que feijão, meu Deus?

Antes de eu revelar minha angústia sobre a roupa certa para encontrar com Pascal Barbot, do L'astrance e das três estrelas no Michelin, Luiz Horta se adiantou. Segue nossa intimidade dialogal revelada, em pormenores sórdidos:

Luiz diz:
Estou quebrando a cabeça sobre o dress code

Luiz diz:
Sou muito formal, não sei ir à feijoada de sábado

Lucasof - Zygmunt Bauman é meu amigo diz:
Eu bem ia te perguntar sobre a vestimenta

Lucasof - Zygmunt Bauman é meu amigo diz:
Uma camisa de linho branco, calça cáqui, chapéu e sandálias?

Lucasof - Zygmunt Bauman é meu amigo diz:
Ou vamos de franceses dandies?

Luiz diz:
HAHAHAHAH

Luiz diz:
De boina e com uma baguete debaixo do braço e bigode pintado com rolha queimada

Luiz diz:
E um acordeom na mão

(...)

Lucasof - Zygmunt Bauman é meu amigo diz:
Eu não sei falar a língua dele. Vou tentar me comunicar com contas, espelhos e uma mulata

E terminamos em seu “Decálogo de 15” sobre a elegância:

1. Never brown in town.
2. Até 17 horas: ternos claros.
3. Depois das 17 horas: ternos escuros.
4. Preto é para luto, mafiosos e audiências no Vaticano.
5. Branco para bicheiros e quem está nas Bahamas.
6. Nunca comer pão com garfo.
7. Bêbado é quando não se consegue dar um double Windsor knot.
8. Não mencione.
9. Não importa quanto custou.
10. Melhor não tocar no assunto.
11. Sendo Príncipe de Gales pode tudo.
12. Never explain.
13. Never complain.
14. Gravata é um assunto sério.
15. Não intua. Não conclua...

Do 6 ao 10 estou indo mal, no 14 pequei. Meu score é triste!

8 de ago. de 2007

Sereníssima

Vem falar de tempo, de diferenças, desafios. Da velocidade terrível da queda. De citações, imagens, coisas assimiladas que nos fazem e desconstroem. Do abismo de outra época, que ecoa hoje e amanhã para ser nomeado clássico.

Quer que todos os caminhos permeiem sua alma e extraiam as respostas exatas para charadas insolúveis. É vontade de plantar-se no mundo, de grudar em entranhas, de brotar dos céus para dominar do alto. Louros.

“Entra-se por mim na cidade da tristeza; entra-se por mim no abismo da eterna dor; entra-se por mim na mansão dos condenados. A eterna Justiça moveu Deus criar-me; obra sou da Divina Potestade, da suma sapiência, e do primeiro amor. Antes de mim não foram criadas, senão substâncias eternas, e eu eternamente duro. Vós, que em mim entrais, perdei toda a esperança de sair!”

Tempo.
Enquanto isso eu penso Web 2.0, ponderando se a escolha, mais uma escolha, a última, foi certa, mentindo que o solado será suficiente para que encontre um caminho, seguro que a vida é acima do skyline de um monitor. Mas sem saber para onde olhar. E a areia é fina, fina.

“Havia uma dessas ampulhetas na casa de meu pai. O orifício por onde a areia sai é tão fino que parece que a parte de cima nunca muda. Aos nossos olhos parece que a areia só acaba quando está no final. E até que aconteça, não vale a pena pensar até seu último momento. Quando já não há mais tempo. Quando não há mais tempo de se pensar.”

A ironia toda é que, ao acaso, Mahler me acolhe. Mas não elucida.

7 de ago. de 2007

Em que parte da língua sinto o doce?

Acabo de assistir Sem Reservas, de Scott Hicks. Bonitinho e mais dramático do que prometia o cartaz ao chamá-lo de comédia romântica. Pipoca, Coca®, Mentos® e Mayara.

O mérito fica com a escolha da atriz Abigail Breslin (Pequena Miss Sunshine) para um papel que, seguindo a lógica dos grandes estúdios, caberia a chatinha e passada Dakota Fanning. Ela era boa, mas resolveu crescer e gritar demais. Ok, eles não são bonzinhos. Abigail está em alta.

E a tradução de “tartar” ficou por tártaro mesmo.

3 de ago. de 2007

Nhé

Amy Winehouse é a Maysa versão inglesa, sem a vocação tardia, ou a Joss Stone versão sarjeta.

2 de ago. de 2007

Um golinho de vinho, se lhe agrada

Pedir as dicas de vinho ao Luiz acabou transformando um encontro de amigos que harmonizam tudo muito bem com refrigerantes em um jantar com algumas responsabilidades. Trocamos os copos pelas taças e aguçamos nossas curiosidades e paladares pensando no que teríamos pela frente.

A boa pedida da noite era um fondue com base de queijo gruyère e um de chocolate, para a sobremesa. As indicações foram um branco – não devemos temer nem menosprezá-los – e um Porto. Quebramos um pouco o protocolo e compramos também um tinto para bater com o queijo.

E assim desenrolou-se a noite, entre suspiros de agrado e caretas de reprovação:

Usei uma receita básica para o fondue, que não é uma coisa que exija muitos segredos, com pão italiano, filão e ciabatta. O primeiro a ser desarrolhado foi o branco, Alamos Chardonnay, safra 2006 (Mistral). Para quem pensa que os brancos são levinhos, bem a cara de “lançamentos em livrarias chiques”, esse é uma surpresa. É bem intenso, casou perfeitamente com o gruyère. Aplaudido!

Terminada essa rodada, fomos para o tinto (sugestão minha, não culpem o Horta!), um Isla Negra, safra 2006, com 85% de Syrah e 15% de Cabernet Sauvignon (Enoteca Fasano). Com a boca e papilas limpas, ele é suave, bastante frutado, puxando para o cassis e com linda cor vermelho rubi, aveludada. Depois do queijo, ficou bastante adstringente, merecendo uma discreta careta.

Quando os pães acabaram e enxergamos o fundo da panela, partimos para o de chocolate, feito com barras de 70% de cacau e uma pitada de “ao leite”. Hora do convidado mais ousado e difícil de encontrar, um Porto Niepoort. Mais adocicado, com notas (finos que somos!) de frutas secas e especiarias. Ficou saboroso com nossa sobremesa, cada um com seu espaço merecido, sem concorrência. Mas tomamos pouco, porque gente leiga acha que Porto é pra ser apreciado em pequenos goles sorvidos de tacinhas miúdas.

Um sucesso! Será a rendição de jovens da geração “de cola não alcoólica” ao mundo do “mosto de uvas viníferas fermentado, com duração indefinida"?

*Publicado originalmente no Glupt!, de Luiz Horta.

21 de jun. de 2007

D-tox

Quero colocar fogo em meu guarda-roupa, passar a, finalmente, andar pelado e enterrar a Juliana Imai junto com o Gianfranco Ferré.

Vai passar.

18 de jun. de 2007

Auto-estima? É para os fracos.

Para aplacar minha infinita tristeza com o fim de Siri e Alemão, um elogio simpático. De Flávia Durante, no Blah Blah Blog:

SPFW
São Paulo Fashion Week é igual ao Oscar e Copa do Mundo. O povo fala mal mas adora dar pelo menos uma olhadinha...Bom, eu adoro o tema e acompanho tudo. Mas não dá pra deixar de rir com alguns momentos V.A. Pra se divertir com os exageros e gafes dê um pulo no Vodca Barata, no Papel Pop e no Blog de Moda, que estão fazendo uma cobertura super bem-humorada do evento.
Postado por Flávia Durante às 01:15 1 comentários

De Bean, no Trash it Up:

"Os queridos do Sampaist Mayara, LucasOf e Lígia estão lá 24h/7 e fazendo um blog incrível. Absurdinho, olha só."

Diálogos sem voz (a.k.a. Afiando as facas)

Das conversas com Luiz Horta pelo messenger, com o nick “Nasci para ter um açougue em um bairro calmo”:

Luiz diz:
oi lucas

Lucasof [SPFW] - Nasci para ter um açougue num bairro calmo. diz:
Olá

Luiz diz:
açougue de boa carne?

Lucasof [SPFW] - Nasci para ter um açougue num bairro calmo. diz:
Esteja certo q sim!

Luiz diz:
manda um bife de chorizo aqui pra mim

Lucasof [SPFW] - Nasci para ter um açougue num bairro calmo. diz:
E seria um mestre em cortes

Luiz diz:
olha

Lucasof [SPFW] - Nasci para ter um açougue num bairro calmo. diz:
É pra já, chefia

Luiz diz:
pode dar dinheiro

Luiz diz:
eu nasci para morar no bairro calmo com um bom açougue
(...)
Luiz diz:
bom spwf! cambio e desligo. quero tambem meio quilo de alcatra, sem contrapeso.

PS: Nunca forneça sua senha ou o número do cartão de crédito em uma conversa de mensagem instantânea.

16 de jun. de 2007

Justa causa dissimulada. Ou customizada.

Como diria Paula Balsinelli, amiga – grande amiga – e mentora dos jogos de xadrez da vida, quem inventou a moda (e o poema) é idiota. Da parte do poema eu discordo, da outra, depois de quatro dias confinado na Bienal, já não sei mais.

Além de agüentar vaidades, banalidades, senilidades, sensibilidades, má educação, pressão, falta de noção, ainda tenho que ouvir que meu chefe quer muitos biquínis na home de nossa página especial e ver o cofrinho de nosso ombudsman – que como disse Tutty Vasques, parece ser vestido pela filha do Dunga - em visita ao nosso lounge.

Acho que vou escrever para ele dizendo que apelar por cliques é triste e antiético e para meu chefe dizendo que é feio homens usarem cintura muito baixa e camisa muito alta e justa com barriga.

E gente que não veio, não viu e quer contar e comer de colher. E palpitar. E diminuir.

Sim, péssimo humor. E ainda terei que pagar a conta do meu celular.

Mas gostando muito de trabalhar com os outros peões, tanto do conteúdo quanto do estúdio, dando um duro danado e fazendo um bonito trabalho.

14 de jun. de 2007

Nada mais gostoso que um Bubaloo banana...

Depois de um tour latino-americano com os quatro do Minhocão - Lemp (o homem que vai onde a notícia está e crítico musical), Fountains (a sensatez rock´n roll), Lucasof (o Censo) e Yaya (a caçula mimada que faz cara de dó e intérprete com pigarro) e muitas horas – muitas – acampado em aeroportos, voltei com minha gripe para terras brasileiras e fui direto para a Bienal, acompanhar o SPFW.

Hotsite: http://www.moda.ig.com.br/especial/
Blog: http://moda.blig.ig.com.br/

Espero sobreviver e poder retomar, um dia, os post freqüentes aqui. Saudades de blogar para mim, por nada de mais.

31 de mai. de 2007

Relendo

"Fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num enorme campo de centeio, e ninguém por perto. E eu fico na beirada de um precipício maluco. Sabe o que eu tenho de fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no abismo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu queria fazer o dia todo. Ia ser o apanhador no campo de centeio. Sei que é maluquice..."

O Apanhador no Campo de Centeio - J. D. Sallinger

E nunca quis matar ninguém depois.

14 de mai. de 2007

Eu e Lynch, Lynch e eu

Embora ele tenha feito dois filmes que gosto muito - mato quem pensar que um deles é Mulholland Dr. -, continuo com sérios problemas de relacionamento com David Lynch. Mas não posso negar sua genialidade. Pena que eu não entendo.

"Quando comecei a meditar tinha uma fúria dentro de mim e eu a descontava em minha primeira esposa. Depois de duas sessões de meditação, a fúria foi embora."
David Lynch, diretor de cinema americano, recomendando a meditação para acabar com a violência nas escolas de seu país

IN Revista Veja, edição 2007, 9 de maio de 2007

10 de mai. de 2007

They could not take your pride

Depois dos vários debates comigo mesmo sobre Borat, humor, riso por obrigação e Banzé no Oeste, agora é a vez de índios, negros e mídia.

Essa questão já me assolava quando eu trabalhava com o Chaparro e, em seu site, discutíamos coisas assim, principalmente na seção Foco na Foto. Somou-se a isso o fato dos índios da tribo seminole, nos EUA, terem comprado a rede Hard Rock. Depois ouvi a declaração que se os americanos tomaram as terras dos índios – incluindo Manhattan - eles iriam comprar tudo de volta, cassino por cassino.

Neurônio vai, neurônio volta, li no ombudsman da Folha uma crítica ao infográfico que fizeram para ilustrar o “massacre na Virgínia”, no qual mostraram um homem com feições de negro, embora já soubessem com certeza que o atirador era sul-coreano.

Explodo em blog, um pouco tardiamente, depois de um encontro com Bob Butler, editor da rádio KCBS de São Francisco e diretor da Associação Nacional dos Jornalistas Negros nos Estados Unidos (NABJ), e Mary Kim Titla, a primeira repórter de origem indígena do Arizona, na Casa do Saber.

Passada a estranheza com os copos tão pequenos de café que temos no Brasil, os dois abriram uma discussão sobre esse tema que parte da idéia que o jornalismo é declaradamente racista.

A maneira como os segmentos sociais são tratados na mídia dependem também da inserção desses grupos nas redações. A presença – ou ausência – deles é refletida no jornalismo que é produzido.

Se comentamos a ida de Heraldo Pereira para a bancada do Jornal Nacional, imagino o impacto de um Xavante trabalhando na televisão. As faculdades não preparam profissionais para trabalhar e discutir esse tema. As famílias também não. A educação de base, tampouco. Saída para um cenário assim?

Complexo agir na mídia. Por isso, falar com uma só voz é muito importante. Encontrar e divulgar histórias que não sejam só de sangue, fontes de diferentes etnias para histórias boas, não utilizá-las apenas como ilustração para crimes e massacres.

É mais fácil agir nos anunciantes. Eles hoje têm políticas rígidas sobre diversidade, não porque sejam bons, mas porque sabem trabalhar o valor, o alcance e a inserção de suas marcas no mercado. Uma porta de entrada, uma troca, uma voz alta para a busca de objetivo difícil com caminho áspero.

E discutir. Talvez não Malcom X, nem Martin Luther King. Mas nunca mais Jim Crow, Black Codes ou Emmet Till. Compartilhar experiências pode não ser o segredo para a solução, mas com certeza pode fazer diferença em mais um problema com origem na má educação e heranças torpes.

Para Rosa Parks, porque ainda temos um sonho, de um menino que trabalha em uma redação sem nenhum negro ou índio.

8 de mai. de 2007

Salvo pelo Tremendão

Como disse Natasha, Helena falou bonitinho sobre nossa Virada Cultural. Vão ler! Ou aqui. Clique no aqui. Aqui!

Só acrescento que não tinha empanada no café da Pinacoteca, mas um show lá dentro fica bem louco. Batuque de branco é foda, o metrô é legal e voltar a pé pra casa sem blusa, com 19ºC, pode ser constipante. Bons amigos são sempre a melhor causa, o melhor programa, a melhor virada. E mais pontos para xixi, por favor. Quando é a próxima?

E espero que um programa tão bonito e bem aplicado não fique marcado pelo embate na Sé.

6 de mai. de 2007

Senil

Construiu um mundo de idéias e vontades que assistiu, já com a vista meio turva, ir embora pelos antigos canos do esgoto e o vagaroso gotejar da bolsa suspensa.Acordou velho, sozinho, perguntando, pensando, ponderando. Franziu o canto da boca, sacudiu a cabeça de um lado para o outro, ainda um tanto zonzo, e concluiu que aquela era só outra vez, como as outras. Tomou um banho e seguiu para a vida...

...que não lhe cansa se sussurrar que o tempo, lugar comum, passa insuportavelmente rápido e não permite que corra paralelo, esperando fazer parte.

21 de abr. de 2007

Resposta das cartas sobre a adolescência

Do Toques de Alma, da Adilia:

“O Lucas me manda um "Toques de Alma Teen" com dois artigos e uma tentativa de conciliação. Vinda de alguém mal-saído dessa "fase", faz a gente pensar e parece até provocação. Além de lanche, punições, discursos empoeirados e quadro-negro, quem sabe não estaria na hora de ressuscitar a poesia? Resolver, não sei se resolvia, mas chegamos num ponto onde nem sabemos direito quais são as perguntas certas, melhor mesmo deixar os poetas falarem por nós...”

Para mais, aqui.

16 de abr. de 2007

Second Life

Enquanto isso, na internet:

"...sempre eu sou o idiota dualista q não sabe viver direito no mundo da fantasia e desfaz os sonhos da semana."

E no rádio do Cibié:
"...living is easy with eyes closed..."

11 de abr. de 2007

Cartas sobre a adolescência

Sempre achei difícil - antes, durante ou agora, sofrivelmente depois dela - sintetizar a adolescência. Resumir em palavras os entraves com identidade, com caminhos, vontades, novidades e mudanças (ah, as mudanças...). As mais rebuscadas não serviam, porque deixavam tudo ainda mais complicado. E as simples não davam conta de tanta enormidade emaranhada de vida batendo taquicárdica.

Foi tropeçando nesse tempo, sempre marrento, teimoso e malcriado, que encontrei um pedaço de Neruda via Gustavo Ioschpe e Octavio Paz via meu irmão. Mudanças, identidade, rostos que não se reconhecem, estrangeiro em sua própria morada. Um tempo de suspensão numa existência que segue, em poucos e intensos anos, ondeando.

Os textos podem não iluminar ou tornar clarividente, mas é sempre reconfortante saber que, por mais que neguemos, algum adulto nos entende.

Depois, passado, “cambiamos y nunca más supimos quiénes éramos”.
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Adilia em férias, Lemp em férias. Novos canais, briefing, Sampaist, SPFW, editar canais, reunião, Sampaist, briefing, contratos, telefone, contas, SPFW, notas, novos canais.
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"(...) Es tarde, tarde. Y sigo. Sigo con un ejemplo
tras otro, sin saber cuál es la moraleja,
porque de tantas vidas que tuve estoy ausentey soy,
a la vez soy aquel hombre que fui."

Tal vez es éste el fin, la verdad misteriosa.

La vida, la continua sucesión de un vacío
que de día y de sombra llenaban esta copa
y el fulgor fue enterrado como un antiguo príncipe
en su propia mortaja de mineral enfermo,
hasta que tan tardíos ya somos, que no somos:
ser y no ser resultan ser la vida.

De lo que fui no tengo sino estas marcas crueles,
porque aquellos dolores confirman mi existencia."

No hay pura luz, de Pablo Neruda

10 de abr. de 2007

O próximo livro que vou comprar é...

"Como os Pingüins me Ajudaram a Entender Deus – Pensamentos pós-modernos sobre espiritualidade", de Donald Miller.

9 de abr. de 2007

20 de mar. de 2007

Crônica de um tempo amargo

Era novo
Somavam sete
Quando ele partiu
Era carnaval
Foi em busca
Baile de silêncio
Rostos nos bolsos

Reconstruído
Ele mostrou-se
Quanto novo
Vontade nos poros
Era amor
E voou
Era Natal
Fim
No começo de um ano velho

Ela veio
Outras formas
As coisas podiam mudar
Promessas
Foram erros
Em cama de acertos
Era Páscoa
Ressurreição do amargor

Hoje é medo
Tudo é perda
Fechei
Forjei
Invento

Tudo são datas
Em lápides
De corpos quentes
Desfaço-me
Perco
Estilhaço
A alma alheia
Esfrio
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Memórias do miolo da adolescência. Algumas saudades.

13 de mar. de 2007

Dos trocadilhos reais e infames

Queria ter promovido um encontro entre Condoleezza Rice e minha amiga Bean, pra ver se rolava um baião-de-dois, mas não foi possível. Culpa da Bushada.
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Que deponha as armas o concreto armado e nunca mais apareça!
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Ok, perdão.

I try to say goodbye and I choke

O domingo foi estranho, do avesso, e a foto do ensaio dos pés volta para o messenger.

Janto com minha priminha, aflita e querendo colo em seus primeiros passos longe de casa. Tudo tão novo, tão desconfortável, tão grande, barulhento. Fascínio latente. Chorosa, não bastasse todo o resto, pelo fim de namoro, com a esperança de que ele vai mudar e tudo vai dar certo.

Ele vai mudar e tudo vai dar certo, sim. Juntos, separados, todo mundo vai mudar. O que não pode falhar é o estar preparado para ver o “teu vulto que desaparece na extrema curva do caminho extremo”. Sorrir, sabendo que dessa vez você pode estar fazendo o que eu achava certo, o que eu sempre quis. Com outro. Outro tempo, outras peles, outras vozes. E parece que não cresci...

Continuo esperando o coração palpitar e as pernas sentirem como se tivessem pedalado 42 km; tremendo e parecendo não sustentar o corpo. Só fazem isso em horas impróprias, com corpos alheios.

Enquanto isso há muitos relatos da Europa e da América, de Garcia Márquez, para ler.

8 de mar. de 2007

Via código binário

Idealismo é uma coisa que a paixão derruba.

Segundo a Bovespa, ações em franca ascensão de preços.
--
Voto Bush para presidente da CET e do Metrô.

5 de mar. de 2007

I was dreaming of the past…

"Lembra quando eu era sua bebida preferida?
E quando amarga, quase doce parecia
Se engordava, então tomava com adoçante
E se enjoava era só pôr aspirina.

A minha bula avisava ter cautela,
Que o consumo tinha fins religiosos
O abuso envenenava os sentidos
E o fabricante nada tinha a ver com isso.

Lembra quando eu era sua bebida preferida?
E quando aguada, mais um litro resolvia
Se embriagava, banho, cama o dia inteiro,
Náusea vinha, diluía na Sukita.

Eu sofro agora com a sua abstinência,
Sem teu desejo sou xarope de groselha
Em outras bocas eu não sei fazer efeito,
Meu conteúdo é derramado em pias frias."

Sua.

…And my heart was beating fast.

15 de fev. de 2007

Breve resumo do (meu) tempo

Nas duas últimas semanas eu fui ao estádio de futebol pela primeira vez para ver um jogo, comi canole na Moóca, fui à Festa do Ano Novo Chinês na Liberdade, comi na Bakery Itiriki - viva a aldeia global - e tomei a soda mais divertida do mundo.

Recebi um convite para a inauguração da exposição “Corpo Humano: Real e Fascinante”, com os corpos plastinados do Dr. Gunther von Hagens e a polêmica sobre a origem deles.

Ganhei um “braço-direito” no trabalho, a Mayara, leiga em internet e ganhando mais que eu (pra variar. Deus salve o RH e tudo mais no iG). Bom tê-la no time.

Assumi, depois de um e-mail oportuno, que a Tati é mesmo incrível, é A pessoa da arquitetura, e que vivemos nossas adolescências muito bem, com dores e delícias e excessos e faltas.

Aprendi sobre o “nouvelle manga”, experimentei pitaia, tive ciúmes, medo, raiva. Chorei. Mas ri muito. Cansei, dormi pouco, perdi a hora, andei menos de bicicleta, quase não desci do carro. Tomei chuva. Ah, chuva...E conversei sentado na sacada de casa, pra qual comprei cadeiras novas. Sou repetitivo e medroso. Engano bem.
Feliz.

Ansiedade para o meu aniversário e não trabalho no carnaval. "Não me diga mais quem é você..."

9 de fev. de 2007

Everyone needs a friend sometimes...

Porque ela me ensinou que amizade não é sufoco e silêncios podem ser cúmplices, não constrangedores. Porque ela é linda, lá e cá.

“Eu do interior, ela da casa com terracinho em cima da garagem, tudo junto em uma sala de aula de faculdade. Ali, ela "vinha sem muita conversa, sem muito explicar". A cara era séria, a fama de estudiosa, as turmas distintas. Mas na fina ironia da vida, fomos classificados na Seleção Natural e nos descobrimos amigos. O riso é fácil, a inteligência verídica. Mc Fountains é companheiGra de trabalho, de TCC, de comidinhas, de conversas das mais diversas, de loft, de vida. Sugiro a todos que consigam acompanhar o fantástico mundo Rock & Roll hype vintage hypercool da Fê que compartilhem, um instante que seja, da magnitude inebriante que é fazer parte disso tudo. Se ela abrir a porta, é claro. Porque quando ela deixar entrar, "old habits die hard"...
Te amo!
Beijo”

...to wake you up and sing the lullabies.

8 de fev. de 2007

Troca de roupa

Nunca fui um menino antenado em tendências eletrônicas, muito menos em internet (e quem falava em protagonismo?). Acho que a criação do Água de Tomate foi uma mistura de terapia com uma vontade disfarçada de inclusão social, de aparecer, me projetar. Quase cinco anos depois, ainda não sei bem; tampouco qual a “linha editorial” dele.

O que interessa é que ele sempre teve o mesmo layout, padrão do blogger (bem ao contrário do dono), que depois migrou pro blogspot e agora voltou pro blogger. Mas em 2007, o ano da sinceridade, ganhou roupa nova!

Essa cara é um “briefing” de Lucasof com arte do menino-prodígio da web 2.0, Caio Caprioli (ele afirma que não tem ligação alguma com empresa de ônibus). Obrigado, pequeno menino emo.

Quem gostou levanta a mão. Quem não, clica ali nos favoritos e muda de página.
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Pesquisa: o blog abriu certo para vocês ou desconfigurado?

7 de fev. de 2007

Ordinário

Sou um jornalista covarde e frustrado.
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Os amores da minha vida, quando não têm nomes em comum, fazem arquitetura.

28 de jan. de 2007

Nota do editor

Lucasof pede para avisar que, assume, sentiu um certo êxtase quando Patrícia Carta o chamou pelo seu nome de batismo depois de alguns pigarros, Maria Prata passou a mão em seus poucos cabelos e Daniela Falcão gentilmente dividiu um sanduíche da Payard com ele.
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Michell Zappa, do Trendwatching, recomendou Sampaist. Desculpa se somos trendy super ultra mega hype cool fashionistas de sucesso. Clique aqui para ler.

27 de jan. de 2007

Moda é um porre de legal

Lucasof está vivendo no filme O Diabo Veste Prada e volta logo mais, se sobreviver.
Fashionistas querem sua cabeça leiga.

www.spfw.blig.com.br

16 de jan. de 2007

A cratera

Da janela ainda se enxerga o guindaste, uma amarela libélula sem asas, agora amarrada a quatro fios. E durma com o barulho de dois helicópteros bem ao lado de sua casa.

Moro no clitóris do buraco do metrô.
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No caminho para o buraco (que não em Kandahar):

Ela no banco do motorista, ele, de kipa, descendo do carro:

- Mas eu nunca soube que você lia Playboy e era ligado nessas coisas, ué! Não posso achar estranho e ficar brava?

- Ah, claro, você queria que eu tivesse me apresentado e dito "oi, sou fulano, gostei de você e leio Playboy".
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Na borda do buraco:

- Vem com um helicóptero e puxa tudo lá de baixo!

- Mas um helicóptero assim só na Rússia...

- Moço, meu marido pode estar lá, você acha que isso é hora de brincadeira?

- Quem aqui está brincando, minha senhora? Em São Paulo e, acho eu, no Brasil inteiro não tem um helicóptero desse porte! Ele é Russo, mesmo. E estamos fazendo todo o possível. Melhor demorar do que desabar ainda mais.

15 de jan. de 2007

Little darling, it's been a long cold lonely winter...

Capotei em 2007 achando que as primeiras semanas estavam me dando todo o material para provar que os astros não são de nada.

Coisas atravancadas no trabalho, sufoco, e logo ali, do ladinho, "lips sweet surprise". Tudo invertido com relação ao ano passado. Seria a colheita do tanto de sementes que atirei terra afora. Depois de tanta água na boca, já era possível sentir um sabor agradável...

Sim, claro. Até hoje, que o trabalhou mostrou que aquilo tuda era apenas um teste de competência, amostra dos novos desafios. Tudo deslanchou, fluiu. E ainda pude passar um fim de semana como sempre sonhei, brincando de repórter. Hard news, para um menino de modismos num mundo que tanto gosta deles.

No mais, adivinhem. O espírito tranca rua - ou tranca rola, como diria a Quel - voltou a se apoderar do meu corpo. Foi um desmanchar rápido, dolorido. Mas eficaz, ao que tudo indica. Uma mordida de realidade para retomar as diretrizes. Ainda me resta a olhada de canto de olho.

Citando Bean, não tem mais glamour em Kansas. Para piorar, minha fé ficou abalada com a prisão da Bispa Sônia, e nem acompanhar o Kaká em seu jejum e vigília eu pude.

A semana para Aquário: Marte cria dúvidas no amor. Traz à tona recordações muito antigas que determinaram certa rigidez nos seus padrões de comportamento. Se não fugir das lembranças pode perceber de onde vem essa mania de brigar...

Volta, Plutão.