29 de jul. de 2013

Amour

- Eu estava com vergonha de chorar na frente dele, mas foi impossível segurar. Fiquei ali, às lágrimas, no pátio, e contei o drama até o fim.
- E depois? Ele reagiu como?
- Não faço idéia. Com certeza ele riu da minha cara. Eu não me lembro. Também não me lembro do filme, mas eu me lembro do que senti. Eu tinha vergonha de chorar, mas, ao contar tudo de novo, a emoção voltou. Talvez mais forte ainda do que enquanto eu via o filme. Eu não consegui segurar.
- Que bonitinho. Por que nunca tinha contado isso?
- Tem muitas histórias que eu ainda não contei.
- Você não quer manchar sua imagem agora que está velho?
- Qual é a minha imagem?
- Você é um monstro, mas é gentil.
- Vou lhe oferecer mais vinho.

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- Imagine se estivesse no meu lugar. Nunca pensou que isso poderia acontecer comigo também?
- Sim, é claro. Mas a imaginação e a realidade tem poucas coisas em comum.

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22 de jul. de 2013

S - Man of Steel

- They say it’s all downhill after the first kiss.
- I think that only applies if you are kissing a human.

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"Nos outros filmes ele sempre foi um humano com poderes a mais. Agora ele é um alienígena tentando parecer humano, isso é genial"

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19 de jul. de 2013

A alma viaja com a velocidade de um camelo

Não sei se você já assistiu ao lançamento de um ônibus espacial. Estão na base, juntos, o ônibus, o tanque externo e dois foguetes propulsores, acoplados como uma coisa única, dependentes. Ao redor, muita expectativa. Protocolos precisam ser seguidos, uma extensa lista de tarefas precisa ser cumprida, várias pessoas de olho. Na parte inferior da imensa armação metálica e dos braços mecânicos que sustentam o conjunto, nota-se o momento da ignição.

10, 9, ignition sequence start, 6, 5, 4, 3, 2, 1, 0, all engines running. Liftoff!

De perto é uma grande explosão, calor e fumaça. De longe, um pontinho ascendente com um arqueado rastro branco. Em poucos segundos, dois foguetes ficam para trás e caem no mar. Em órbita, o tanque vai para um lado, o ônibus espacial segue sua rota. Estiveram juntos e dependentes o tempo necessário para a subida, complementares. Agora seguem destinos diferentes e separados, mas ambos estão no caminho certo, pois podemos olhar isso de qualquer ângulo, sob qualquer ótica, girando o mapa estelar como bem quisermos. E só foi possível chegarem ali porque estiveram lado a lado, cumprindo uma missão.

É um momento bonito, de ansiedade, mudança, energia, explosão, rompimento de barreiras, descobertas.

Sobre nós, naves loucas, aqui, da terra, é característico pensarmos que somos os únicos com determinado sentimento. Ninguém ao nosso redor está nessa sintonia, o que nos torna um pouco marginais. Grande mentira.

Não é com alegria que a recebo, dizendo, com um sorriso, que estarei sempre aqui (não neste blog, mas ao seu lado) para o que quiser ou precisar, sejam conversas, silêncios, colo ou excessos.

Imaginei que ao longo da vida evoluiríamos para tranquilidade ou situações sob controle, mas não é bem assim. Tenho dias de intensa melancolia e sequer consigo explicar o motivo. A parte válida é que parecemos manter uma boa qualidade física. Tudo bem termos encontrado uma metade de laranja e não sabermos se é lima ou pêra. Vamos de uva e kiwi para nos divertirmos. Será uma sombreada natureza-morta de Caravaggio, até a vida retomar a fase de alegria espontânea e noites estreladas de Van Gogh.

A gente vai se doutrinando a depender de pouco, a encontrar conforto em nós mesmos, para depois agregar coisas ao redor, o contrário do ônibus.

Você vai achar que isso é um monte de baboseira vazia e que estou inventando, mas, como já te disse, passa. Demora, é ruim e, em parte, um grande exercício, mas passa.

Para acelerar, a única saída é se forçar a novos hábitos, ocupar todos os momentos com qualquer coisa, até criar uma rotina nova e viver cercada de amigos.

Assiste-se a uma porção de filmes, chora-se com um monte de músicas. É um aprendizado. Entortei três namoros para tatear a necessidade de estarmos bem e seguros sozinhos para depois dividirmos uma vida, ou depositaremos valores errôneos em outra pessoa e cobraremos juros impagáveis.

Não somos sozinhos em um relacionamento. Vale buscar ajustes, mudança, crescimento, mas não vale muito tentar colocar marcos e características.

O tempo vira a gente do avesso. Parece mágica, parece piegas, mas eles estavam certos. O tempo rouba os anéis de Saturno e traz juízo. E com as coisas que não passam, como alguns sentimentos, a gente vai ganhando serenidade pra saber lidar, driblar, seguir.

Dá muito medo o terreno desconhecido e incontrolável, até que você vai entendendo que não tem a rédea, mas pode descer do cavalo e caminhar ao lado dele. E que o medo é um mix de vários outros sentimentos embalados para viagem.

Não bata de frente quando os momentos pegarem pesado. Mande um pivô ao melhor estilo Luiza Brunet e corra para a minha casa. Tenha um colchão itinerante e antiácidos. Para balancear, não fuja de vez da solidão. Como diz Contardo Calligaris, ela “é a condição do diálogo moral de cada um com sua consciência”.

Estamos bem. Estamos prontos para a próxima decolagem.

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15 de jul. de 2013

Adolescência

Pudesse eu ter nascido em seu mundo, andar livre pelas hoje escuras ruas de seu tortuoso e escondido coração. Soltar-me da razão e ser só sentimento, render-me a imaginação. Pudesse viver com você em um constante exílio, dizer bobagens ao pé do ouvido, dançar tudo o que não sei. Pegar no sono deitado ao seu lado em um sofá perdido no tempo, passear, rir, render-me, me perder em você. Pudesse eu saber você.

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Andre Kertesz - Art Fair, painting of reader

14 de jul. de 2013

That was never a comedy for me


"Because I think I am an interesting woman when I look at myself on screen and I know that if I met myself at a party I’d never talk to that character because she doesn’t fulfill, physically, the demands that we’re brought up to think women have to have in order to ask them out.

There’s too many interesting women I have not had the experience to know in this life because I have been brainwashed.

And…That was never a comedy for me.”



12 de jul. de 2013

Celeste and Jesse Forever

- She’s dumb, right?
- Oh, no, not dumb. Simple.
- Simple means dumb.
- No, actually, simple in a really elegant way.
- Elegant??
- I thought you would be happy for him.
- I am, I just didn’t realize that Monica was “elegant".
- Veronica. And you know what? You would probably really like her.
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- And you’re right. Now what?
- What do you mean?
- Well, do you want to be right or do you want to be happy?
- Listen, Yoga, I don’t want to be right, I know I'm right. People will let you down and I’ve accepted that fact, but knowing that makes it impossible to be happy. But at least it’s fucking real.
- No one has ever given a more self-righteous monologue wearing only a trash bag.
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- You know what your problem is? Contempt prior to investigation.
- I'm sorry?
- You think you are smarter than everyone and that is your dark little prison.
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- I’m trying to change.
- Well, you never changed for me.
- To be honest, you didn’t really let me.
- Wow. All I did was wait for you to grow up! I rooted for you, I fucking paid for everything, I did everything for you!
- Yeah, and I was never your equal. And you know what? I think you preferred it that way.
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- It's beautiful.
- I thought you hated it.
- Yeah, well, I’ve never seen it at night.
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- You deserve to be happy. And I want that for you, always.
- Me too.
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Sometimes the end is just the beginning.
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10 de jul. de 2013

Gavetas

- Preciso dar um jeito na minha relação com você. Preciso organizar tudo esse ano.
- Esse ou este ano?
- Não estou brincado.
- Eu gosto dessa ideia de organizar tudo este ano.
- E você está na lista.
- Me organiza.

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1 de jul. de 2013

Paris-Manhattan

- E a sua loucura? Eu não sei nada sobre você. Mas ela deve ter sido muito sacana.

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- Onde você está?
- No banheiro. Por quê?
- Já leu "Belle du Seigneur"?
- Já chega, estou indo.
- Chegue logo.

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- Aos 15 anos, achava que Cole Porter era uma marca de jeans.
- Sério?
- Ele me contou a verdade.
- Que verdade?
- Aquela que se pode tocar de olhos fechados.
- Entendi.