29 de mai. de 2006

Que rufem os tambores

"Não é o concreto e tampouco o arame do alicerce que compõe o Elevado Costa e Silva. Depois de 35 anos rasgando caminho entre prédios no miolo da cidade, ele passou a ser feito de olhares, interpretações e memórias sobre suas sombras, variação de tons cinzentos, sons, cheiros e texturas."

Minhocão: a cidade se reescreve.
Ficou lindo.
Apreensão. Últimos instantes.

Quando as coisas vão se ajeitando é porque tem que dar certo, não?
Empolgado.

13 de mai. de 2006

You´re my guiding light...

Crescer na casa da não-tão-santíssima trindade foi determinante para moldar, a marretadas e assopros, esta massa amorfa altamente expressiva auto-proclamada Lucasof que sou. Eu, Du, mãe. Como amanhã é, no calendário oficial, dia dela, vale um post. Um longo post.

Véspera de um Dia das Mães que passarei longe, e nada mais claro em minha vida que ter a certeza de que você está sempre ao meu lado, junto, dentro, carregando e empurrando para o mundo, tudo-ao-mesmo-tempo-agora, nesse turbilhão de sentimentos e enorme coração que é.

Workaholic desde sempre, cavocava tempo para ser uma motheraholic. Carregando a mim e ao Du junto para o trabalho, sair correndo, fazer o almoço, comer com a gente e voltar para os negócios. Dar um pulinho na escola nos dias de festas dedicadas a você (“A mamãe não pode ficar muito, mas veio dar um beijo e te ama apertadinho”). Organizar e executar festas de aniversário, almoços, acampamentos e tardes na piscina de casa, com todos os mimos possíveis e nunca sabendo direito o nome dos meus amigos (“Só os de sempre, os outros eu confundo mesmo”).

Seus nãos, bem como os sims, nunca eram decisivos e imutáveis. Tudo era negociável e flexível, se bem justificado. Com os valores sugeridos e bem absorvidos, sempre fiz tudo que quis (“Eu sonhava em fazer essas coisas quando era pequena. Como vou falar não agora? Vá, mas tenha juízo! Lembre de tudo que a mamãe sempre falou”). Por isso sou mimado assim.

As explicações e conversas sobre sexo, drogas e rock´n roll, ousadas aqui, ingênuas ali (“Luquinhas, não me vá tomar bola ou empinar um! Me desespera imaginar um de vocês sendo drogueiro”), mas sempre sinceras e que, sabe lá Deus como, funcionaram muito bem.

Não é difícil lhe deixar chocada. Basta que um de nós saia dois milímetros das margens de indefectibilidade que você arregala os olhos. Ainda que desgostando, luta, algumas vezes desfazendo seus dogmas, para entender as coisas e ver que tudo continua, não havia tanto motivo para alarde.

As broncas mais surreais, os tapas de efeito moral, que nem pensavam em estalar na pele mas doíam na alma (“Olha as coisas que vocês aprontam. To arrasada”) . Os olhares de repreensão, para botar limites. As infinitas conversas para resolver entraves, o seu aprender a se redimir.

As pajelanças nos momentos de doença. Operou o siso? Faz bochecho com Guaçatonga. Dor de barriga? Um chazinho. Indigestão? Boldo. Dor de cabeça? Deitadinha no escuro.

O abraço mais acolhedor, o beijo mais gostoso. O único contato tátil para o qual não tenho ressalvas. Saber como estou só de ouvir o meu alô, ainda que haja 15.000 km de distância entre nós (“Filho?! Você está doente? Vou aí agora!”). Só de me olhar (“Conte para a mamãe, o que está acontecendo? Venha aqui, vamos conversar”).

Como nos apresenta para os amigos: quem somos e o que já conquistamos (“Esse é o Dedé, ele é doutorando em história, tem livro e tudo, e o mais novo é o meu Lulo, editor no iG, aquele da internet”).

As incursões no mundo da musculação, Pilates (“To podre! É um estica aqui, puxa dali. Mas já sinto a barriga mais firminha”), do tomara-que-caia (“Ainda me sinto um pouco pelada com os ombros assim tão de fora”), da internet (“A amiga da sua avó, de 70 e poucos anos, pediu meu e-mail. Não tem como eu ficar de fora...E como mesmo eu aceito alguém no orkut?”) e mensagens pelo celular (“Ai, to adorando!”).

Seus 40 anos de trabalho guerreiro, firme, na mesma empresa, para nos proporcionar sempre do bom e do melhor, seus 30 anos de carta (“Sem bater nem tomar nenhuma multa”), seu trabalho voluntário (“Faz 10 anos que eu faço feijoada para mais de 300 pessoas”), seus dados e contabilidades (Vocês querem parar? Isso foi provado cientificamente!). Suas pequeninices, meninices, fragilidades, grandiosidades e força.

“Crescer dói, Luquinhas”. E ainda assim você sempre fez de tudo para parecer fácil. Peitou o mundo, abdicou da mulher que agora está, a duras penas, aprendendo a retomar, de vontades, rugiu e protegeu as crias que agora estão soltas pelo mundo, não vendo a hora de correr para o seu colo quando podem. Crescer dói, às vezes bastante. Mas eu vou, firme, porque sei que você está aí. E você vai, porque eu e o Du estamos aqui e a vó está lá em cima, olhando pela “coruja” dela.

Não, mamã. Você nunca está longe. É sempre a voz na minha cabeça, a mão que me guia, me ilumina, me dá rumo. É quem me liga bem de manhã quando estou de plantão no fim de semana. Minha vida, meu espetááááculo (“Minhas amigas sempre riem de você falando isso na minha caixa postal”).

Um beijo enorme, te amo apertadinho,
Lu

11 de mai. de 2006

"Guess it's just another dream...

A coisa mais inesperada acontece. Ao melhor estilo “uma nave extraterrestre desceu na minha sacada, eu jantei com ETs e depois eles partiram, de barriga cheia”.
Mexe com tudo, com toda a estrutura dessa minha vida cansada. Dá-lhe remoer, repensar, refletir, rememorar, redefinir. Re.
E sonhar.
E quebrar a cara.
E achar tudo isso uma delícia. E.

Alguns valores mudam, alguns dogmas são desfeitos.
O mouse vai para mão esquerda!

A adaptação tem sido rápida. Alguns movimentos mais precisos ainda são difíceis, mas to insistindo.
Por enquanto não me sinto mais inteligente, nem mais ágil. Espero que eu seja, ao menos, um velhinho sem Alzheimer.
Tomara que eu seja um velhinho. Para roubar os suspensórios do meu irmão.
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Enquanto isso, msn, com o nick “Lucasof - fanático religioso pseudo-neo-pentecostal”:
Vamos casar e viajar de lua de mel num conversível, com essa música tocando...

...That's slipping away
Each time I fall asleep
It seems I'm just drifting away
Just as yo have touched my heart
Babe, I wake and we're apart
Yeah, and it's slipping away"

9 de mai. de 2006

Cinco de Mayo

Pensei um sem fim de vezes em escrever sobre a Batalha de Puebla no dia 5 de maio. O dia passou, eu esqueci e o charme da lembrança acabou. Em resumo muito sucinto, tratou-se de uma grande vitória mexicana durante a Segunda intervenção francesa no México, em 1862, comemorada todos os anos no feriado de Cinco de Mayo. Outra história que reforça o orgulho patriótico dos mexicanos.
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Quando um amigo teimou comigo que as pessoas liam os textos em blogs e flogs, fizemos uma aposta. Eu escrevi um monte de palavrões ao contrário no meu, apostando que nenhuma pessoa iria notar e aguardamos comentários. Ninguém achou estranho, ninguém comentou nada que não os genéricos de sempre.

A partir daí comecei a escrever as coisas ao contrário. Escrevia a frase do jeito certo e ia, letra por letra, reescrevendo ao contrário. Depois de um tempo comecei a fazer de cabeça, direto. Hoje é automático.

E agora me aparecem com os cartazes de “icniV ad ogidòC O”. Nhé.
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Ontem, seguindo dica de minha editora-chefe para “abrir novos caminhos para as sinapses”, mudei o mouse de mão.
Meus neurônios são uns tapados! Os dedos mexem involuntariamente, uma mão quer se sobrepor a outra, uma confusão.
Seguindo a linha do dono, resistem a mudanças físicas. Vamos ver se acostumo. Novidades em breve.

8 de mai. de 2006

Tudo flui

"Para todos nós, em algum momento, nossa existência se revela como alguma coisa de particular, intransferível e preciosa. Quase sempre esta revelação se situa na adolescência. A descoberta de nós mesmos se manifesta como um saber que estamos sós; entre o mundo e nós surge uma impalpável, transparente muralha: a da nossa consciência.

É verdade que, mal nascemos, sentimo-nos sós; mas as crianças e os adultos podem transcender a sua solidão e esquecer-se de si mesmos por meio da brincadeira ou do trabalho. Em compensação, o adolescente, vacilante entre a infância e a juventude, fica suspenso um instante diante da infinita riqueza do mundo.

O adolescente se assombra com o ser. E ao pasmo segue-se a reflexão: inclinado para o rio de sua consciência pergunta-se se este rosto que aflora lentamente das profundezas, deformado pela água, é o seu. A singularidade de ser – mera sensação na criança – transforma-se em problema e pergunta, em consciência inquisidora."

Octavio Paz, O Labirinto da Solidão e Post Scriptum
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Agonia e êxtase.
Adorando o frio.
Fondue?

5 de mai. de 2006

Ode ao água de tomate

Mais uma incursão multimídia neste retrógrado espaço. Influências do trabalho.

Sem Início Nem Fim – Parte III
http://www.youtube.com/watch?v=vDaKILmkRoQ
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A vida estava corrida, truncada. A auto-estima destruída. Até o domingo, seguido do feriado na segunda. A auto-estima foi aos céus e a vida ficou, ainda que mais corrida, leve, colorida e agradável.
...suspiro...
“Tão longe, de mim distante,onde irá, onde irá teu pensamento...”
Hoje a noite é de saudades.
E Minhocão, claro.

3 de mai. de 2006

Please allow me to introduce myself…

Se o parente do dicionário Aurélio pode abrir sua intimidade em uma revista, justo que Lucasof escancare sua insignificante intimidade assassinando a gramática neste espaço.

PH Amorim ao telefone: “Diz pra ele que é mais importante falar comigo, que estou no iG e tenho 1.7 milhões de unique visitors por dia, do que com Folha e Estado juntos”.
Eu gosto assim! Bota o bilau na mesa e cospe na cara que é fodão mesmo! Inveja.

Sobre o fim de semana mais feriado, teve tudo de melhor na integralidade dessa vida semi-desnatada. Vai demorar para algum outro bater esse em audiência! Ótimo, surreal, agradável, diverso, empolgante, novo, inesperado, carinhoso...completo. E com minha primeira empreitada na home do iG. O poder nas mãos do povo!

Humor do dia por Padre Antônio Viera, no Sermão pelo bom sucesso (mas que suceeeesssso) das armas de Portugal contra as da Holanda: ecce nunc in pulvere dormiam, et si mane me quaesieris, non subsistam.

Por ora é isso. Só para não juntar pó.

…I'm a man of wealth and taste!