15 de dez. de 2014

Cleaner

"My dad says that stains have memories. They remember their shape, their color, their smell. And the really deep ones return again and again. With these stains it's easier to start over than to try cleaning them. Sometimes you have a choice, sometimes you don't. All you can do is hope."

6 de dez. de 2014

Manu e Maria Tereza

Acredito que, de formas diretas ou indiretas, todos passamos grande parte do tempo tentando entender a vida, nossa existência, qual o propósito desse magical mistery tour.

Talvez por isso apreciemos tanto os artistas, a música, a poesia. Por conseguirem dar forma a alguns sentimentos, sugerir alguns caminhos. Talvez por isso alguns procurem uma religião ou misticismo. Por darem um alento e algumas pistas. Talvez por isso eu vague algumas noites pelas ruas ou me encolha no silêncio da minha casa. Todas essas coisas trazem em palavras, quadros, canções, fé, poesias, bebidas e afins um pouco da síntese desse mistério.

Eu já não tinha mais a clareza da busca até que recebi a notícia, primeiro via SMS - tempos modernos! - e depois via telefone. Em alguns meses eu seria tio! E de uma dupla! Que tarde cheia de encanto, sonhos e planos. Pouco tempo depois, na noite em que Duda e Aline fizeram o chá de bebê, passei a fazer parte do time que tem um vislumbre de uma possível resposta. Foi com as mãos na barriga da Aline, sentindo um chute de Maria Tereza, um soco da Manoela e toda a vida ali dentro, prestes a se espalhar pelas nossas.

Após elas rebentarem, na maternidade, aqueles dois pacotinhos já se mostravam uma indústria e deixavam pouco tempo para reflexões! Centenas de fraldas e de litros de leite divididos em banhos, horas e mililitros. Madrugada adentro e pouco sono para meu irmão que, o oposto de mim, que busco confundir as coisas pelas noites e pelas ruas, sempre gostou de dormir cedo e muito. Mas elas já eram, além da trabalheira toda, uma espécie de materialização do imensurável amor que sinto pelo Duda.

Já tivemos o primeiro passeio, o primeiro sorriso, a primeira papinha, a primeira febre, o primeiro resmungo, o primeiro dente apontando… A primeira festa, com todos aqui reunidos para partilhar dessa alegria e de todo esse mundo que elas têm a desbravar! E reunidos também para testemunhar a promessa que tenho a protocolar. Oficialmente estou aqui, como tio e padrinho, para firmar que, caso algo aconteça, me responsabilizo pelo futuro das meninas. Mas, se Deus quiser, meu papel vai ser um só e vai passar muito longe disso.

E é por isso que minha promessa, hoje, é um desdobramento dessa. Prometo, com todos vocês aqui, que vou ser o tio mais babão do universo e fazer tudo que essas mimadas possam querer. E por um motivo muito simples: porque o tempo que passo com elas é um tempo de certezas. Quando estou com Manu e Maria Tereza, cada vez que elas passam a mão em meu rosto, sorriem, fazem birra ou dormem, em cada um desses momentos elas são toda a música, toda a poesia, toda a fé, todas as respostas, todo o sentido da minha vida.

4 de dez. de 2014

Anglo-saxônico

You make me feel drunk when I'm highly sober. Maybe that's why I like you. And it's not about being lonely, it's about feeling complete.

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2 de dez. de 2014

Bad blood, mad love

"A good partnership is not so much one between two healthy people (there aren’t many of these on the planet), it’s one between two demented people who have had the skill or luck to find a non-threatening conscious accommodation between their relative insanities"

In "On Marrying the Wrong Person"

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27 de nov. de 2014

White Collar

- You're the romantic. I mean, what's the deal with the bottle?
- It's an 82 Bordeaux.
- Yeah. Costs 800 bucks a pop.
- It does when it's full. I got it empty.
- Empty?
- Look, when Kate and I met, we had nothing. I got that bottle, and I used to fill it up with whatever cheap wine we could afford. And we'd sit in that crappy apartment and drink it over cold pizza and pretend we were living in the Côte d'Azur.
- How'd that work out for you?
- It didn't. Cause that bottle was a promise of a better life.

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Sobre outro.

18 de nov. de 2014

Ontem

Tive um flash do passado, assassinei um apelido, fui embora descalço e empilhei a noite como os arquivos do Instagram. Mais um quadrado sendo sobreposto lentamente por outros momentos. A câmera está a postos.

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8 de out. de 2014

It takes two to tango

Olhares de entrada, a gente para o jantar e minhas mãos sobre a mesa. Um brinde, sem contas a pagar.

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      Poorly Drawn Lines

6 de out. de 2014

Into the Wild | Alexander Supertramp

"Some people feel like they don't deserve love. They walk away quietly into empty spaces, trying to close the gaps of the past."

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"There is a pleasure in the pathless woods."

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"Happiness only real when shared."

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"The sea's only gifts are harsh blows and, occasionally, the chance to feel strong. Now, I don't know much about the sea, but I do know that that's the way it is here. And I also know how important it is in life not necessarily to be strong but to feel strong, to measure yourself at least once, to find yourself at least once in the most ancient of human conditions, facing blind, deaf stone alone, with nothing to help you but your own hands and your own head." (Primo Levi)

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29 de set. de 2014

Nymphomaniac: Vol. I

"Perhaps the only difference between me and other people is that I've always demanded more from the sunset, more spectacular colours when the sun hit the horizon. That's perhaps my only sin."

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14 de ago. de 2014

De graça

- Acho que me identifico. E você?
- To parado desde a hora que li. Sempre penso nisso, o quanto o humor não é só barricada. No fundo, queria que alguém transpusesse e me tomasse de assalto.
- Mas, não, serve só pra mascarar a doideira que a gente é por dentro e projetar uma alegria amistosa, que não gere questionamentos.
- Como é bom encontrar doidos iguais. Rs

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"De fato a capacidade de juntar elementos distintos é uma característica da criatividade, mas também das psicoses. Já a habilidade de fazê-lo de forma surpreendente e rápida é central para o humor, mas surge igualmente nos episódios maníacos. Sendo assim, o dom de criar piadas parece ser mais fácil para as pessoas que vivem perigosamente próximas tanto da psicose como dos picos e vales do humor."

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10 de ago. de 2014

Hermitage

Eu escrevo sobre tudo, mas ainda não tinha escrito sobre você. Talvez por você ter toda a erudição que sonhei ter, pelos textos e poesias que deixava com nosso café pelas manhãs. Talvez por ainda ter questões pendentes desde que você encerrou as atividades do meu Banco Sacul S/A e o despejou do guarda-roupa de sua casa, aos meus oito anos, quando, com todas as resoluções de um menino dessa idade, decidi que não queria mais te ver e dei um mosh na vida. Mãe, Du, Cecília (minha professora da 4ª série), Tuto, Tio Domenico, Carlão e outros tantos braços que me carregaram no alto até eu descer nos 18 anos, quando você me procurou.

Era bem diferente de tudo que eu lembrava e imaginava. Adolescente clichê, chutei portas e tentei botar pra fora toda a raiva acumulada. Você se desculpou, explicou, aguentou, insistiu. Até que, no ano mais difícil da minha vida, me carregou no colo sem fazer muitas perguntas, deixando claro que me entendia, aceitava e permitindo que eu fizesse da sua casa em SP um bunker onde me escondi inúmeras vezes.

Nesse tempo, você fazia janta e deixava bilhetes pela manhã, ao sair pro trabalho. Ah, os bilhetes pela manhã! Escrevia longos e-mails pra mim, ouvia minhas baboseiras, criou coragem pra me dar a primeira bronca. Do fundo do meu poço, entendi minha solidão – o eremita que herdei de você – e, em vez de dividi-la, deixei que me ajudasse a sair dela e fizesse companhia. Você segurou uma barra imensa e voltei a te chamar de pai em meus pensamentos.

Abaixei a guarda e ganhamos o mundo. Rimos alto quando você foi trapaceado por uma pimenta disfarçada na Cidade do México. Bebemos vodka nas noites de sol infinito do verão russo. Vi uma alegria infantil nos seus olhos azuis, sempre camuflados pelos óculos, e seus pés balançando quando pode pilotar uma lancha pela primeira vez na vida, ladeado por ilhas cheias de vinhedos.

Fomos ao show do Eric Clapton, seu primeiro show em estádio. Ao Paul McCartney. Vimos juntos Bruce Springsteen cantar Thunder Road nos meus 30 anos. Gosto de ver você batendo tímidas palmas e levantando os pés, no que não caracteriza um pulo, quando está curtindo um show. E não seguro um sorriso emocionado quando você transcende e pula na pista ao som de Jump, do Van Halen.

Conversamos muito sobre a vó e família. Du e eu vivemos tantas coisas com ela, como netos, e é bonito poder unir com suas lembranças de filho. Eu gosto da sua história, até das partes em que troca os pés pelas mãos.

Foi por sua história torta que acabei destituído do meu posto de caçula para ganhar uma irmã mais nova, entender isso tudo e me emocionar ao vê-la de noiva e casando.

Jantamos juntos, ficamos trilili tomando vinho, que você tanto gosta e eu faço graça ao avaliar aromas, falamos sobre a vida e rimos. Gosto quando faço você rir com minhas besteiras.

Hoje estamos todos indo para a casa do Duda, eu como tio e padrinho, você como avô babão de gêmeas, para comemorar o primeiro dia dos pais dele. Vamos cozinhar!

Você está em duas das minhas tatuagens. Está no meu coração. Eu não escrevi sobre você até hoje porque esperei a hora e a coragem de dizer pra todo mundo o quanto eu te amo.

Feliz dia dos pais.  =)


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Um pouco do pai, para o pai

(...) Viajamos nós quatro, ou com avós e tios, rimos juntos e vivemos uma festa. Que grande infância pudemos ter graças a isso. Mesmo quando as noites na chácara tornavam-se um breu de escuras, com as constantes quedas de energia que havia, ele nos levava para o quarto dele com a mãe, acendia um abajur, e lia capítulos de livros que jamais esquecemos: Tarzan, a Ilha do Tesouro e Origens (com um fóssil na capa!) foram acompanhados como novela, um capítulo atrás do outro, noite após a outra... Não à toa a leitura estar entranhada nos seus filhos!

(...) O Rui pai voltou com sua timidez, seu sorriso por detrás de um par de óculos. Seus olhos azuis traziam a companhia de cabelos grisalhos. Mas era o Rui pai, disposto a voltar a sê-lo. Nenhuma história de separação é completa se não flertar com a história da volta, da reconciliação, do perdão. Mútuo e definitivo. Perdoar não significa esquecer, mas lembrar para que não mais ocorra e, com isso, renovar as chances de erro mutuamente. Dar a chance para incontáveis acertos e poucos e novos erros. Perdoamo-nos, construímo-nos de novo. E isso foi muito legal.

(...) Mas, acima de tudo, sonhamos e desejamos ver se iluminar o quarto do menino que você tem dentro de si e que ele possa mirar seus próprios olhos azuis no espelho de seu coração e sorrir, sem medo de mais nada: você é um grande pai, o melhor que poderíamos ter.

11 de jul. de 2014

Memory Motel

Em oito dias não vence nem um queijo branco, mas vence um amor.

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        Post it noturno, Luiza Pannunzio

28 de mai. de 2014

Uma praia sem água

"Existem dois tipos de coragem. A minha, que finjo que nada é perigoso, e a sua, que sabe que tudo é perigoso nesse mar imenso."

Praia do Futuro

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11 de mai. de 2014

Tenho medo de ser um só

Paixão é furtar uma blusa de alguém e vesti-la pra se sentir abraçado, o toque, o cheiro.

Amor é lavar uma camiseta esquecida em seu quarto junto com as suas, porque você emprestou outra limpa para o trabalho, e sorrir ao vê-la dobrada na gaveta de seu guarda-roupa, torcendo pra ela querer voltar sempre ou nunca mais sair.

Namorar é tentar nunca parar de roubar a blusa e rir ao olhar pra camiseta. E ter vontade de usar tudo ao mesmo tempo, até no verão.

Mas, na maioria das vezes, a gente só percebe isso quando vê a blusa em algum canto de algum brechó, por um preço simbólico, e acha a camiseta, desbotada e esgarçada, no fundo da pilha de pijamas e pondera se é tempo dela deixar o armário.

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1 de mai. de 2014

Azul é a Cor Mais Quente

- Quando trocam olhares com alguém, alguém que cruza com vocês e é uma coisa espontânea, como o amor à primeira vista, por exemplo, vocês vão embora com alguma coisa a menos no coração, ou a mais?
- Arrependimento.
- Eli? Arrependimento?
- Arrependimento por não ter virado pra trás pra falar com a pessoa, uma coisa assim.
- Para você é arrependimento? Certo.
- Sim.
- Então arrependimento é uma coisa a menos no seu coração?
- Arrependimento por não ter feito nada para preencher esse vazio.

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http://s3-blogs.mentor.com/jvandomelen/files/2012/08/one-small-step.jpeg
Small step, giant leap. Other.

8 de abr. de 2014

(Almodo)variando

- Dá pra ler um troço pela sua camiseta.
- Sim, tá na minha pele.
- Tira.
- A camiseta?
- Pode ser a pele, se preferir. Eu cuido dela.

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5 de abr. de 2014

This is our last dance

Aquela foi uma das poucas noite - talvez a única - que nunca consegui decifrar por completo. Suas causas, seus motivos, o saldo. O que sei é que algo mudou. Como nos filmes e nas séries, como na mais fácil das receitas da ficção, aquela foi uma noite fora do comum, com elementos fantásticos, que fez o amanhecer diferente de todos os anteriores e dos subsequentes. Muito havia mudado. Eu, embora as coisas talvez seguissem as mesmas. Dormi no prenúncio, acordei na mensagem, um carro caiu da ponte, cheguei de ônibus à praça ao lado de casa. Peguei meu carro, coloquei as músicas certas e tentei dissipar tudo na estrada. Eu me vi por inteiro, eu vi através de mim, e o ricochete me derrubou.  Não sei quanto fiquei sem dormir, até que peguei no sono em algum tempo. Acordei arrependido por ter sido a causa e a consequência. Acordei.

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"I told him everything and I let my love there, by the river. All that I felt, he kept it. When I got home, I decided I would sleep on the couch. A last sacrifice. I would suffer for him. And I did. And it was awesome. I woke up at 5am and then I went to my bed (…)"

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E eu ainda não sei.

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25 de fev. de 2014

Um ano. Novo.

Quando penso em catalogar 2013 como ruim, lembro que pulei para os 30 anos em casa, com meus amigos, mergulhando na piscina de bolinha. Saímos para dançar logo após a meia-noite. E segui festejando com mais amigos, Lego, pizza e brownie na casa de minha mãe.

Caminhei pela Rue Balzac, tomei vinho nos degraus do Trocadéro enquanto a Torre Eiffel piscava, vi uma Rainha saindo de seu palácio, visitei um bunker de guerra. Casei a Pedra de Roseta com o Código de Hammurabi, em segredo, num cantinho de minha imaginação dentro do British Museum, com fish&chips para comemorar.

Chorei enquanto cantava “Thunder Road" muito alto e desafinado no show do Bruce Springsteen. Meu irmão me abraçou apertado e meu pai nos observava e batia raras palmas. “So you're scared and you're thinking that maybe we ain't that young anymore...

Alguém escolheu meu shampoo pela primeira vez e fez espuma em minha cabeça numa manhã etérea.

Os Paralamas do Sucesso cantaram as melhores músicas (ou as minhas favoritas) de seus 30 anos de carreira para Fe Fontes e para mim, em nosso relógio sem órbita no Rio de Janeiro. Fui várias vezes ao Rio de Janeiro.

Elba Ramalho seguiu com a brasilidade e ameacei uns passos de forró.

Vi duas estrelas cadentes no limpo céu do interior e fiz os pedidos mais clichês.

Melhorei meu corpo, cortei o cabelo e mantive os cachos possíveis. Adotei Ruby Tuesday, mudei minha relação com minha casa. Troquei todos os lustres de casa. E a cama. E tirei muitos enfeites que já não faziam sentido. Mantive o quadrinho do Laerte na parede da escada.

Vi muito mais os meus amigos, com conversas leves e divertidas. Procurei os meus amigos. Fui convidado para ser padrinho em três casamentos e um nascimento em dose dupla.

Os trocadilhos voltaram, junto com minha empatia desengonçada e subserviente à hierarquia.

Entendi um pouco mais a minha loucura.

Reencontrei a alegria ali no finalzinho, voltando para minha casa na manhã do dia primeiro de 2014, pé ante pé para não acordar minha mãe, que preferiu dormir após a virada em vez de ir para a balada comigo. Sua respiração era tranquila em minha cama. Deitei no chão de madeira da sala, com um sorriso de adolescente safado, e percebi que tudo havia conspirado para o bem.

...show a little faith, there's magic in the night”.

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30 de jan. de 2014

Pkou!

Uns oito anos atrás, não tenho muita certeza, quando "vacilava entre a infância e a juventude" e tremulava entre a adolescência e a vida adulta, vi um quadrinho do Laerte na Folhateen que conseguiu colocar em uma página – de jornal, para compor da melhor forma aquele momento de um estudante de jornalismo – toda a intensa enxurrada de sentimentos do período.

Separei a página, com o bonito som da folha rasgando na lombada do caderno, e enquadrei. Pendurei na parede do apartamento de São Bernardo. Postei em meu fotolog. Lembrei do quadrinho em várias ocasiões, dias, tardes, noites. Mudei para São Paulo e, até hoje, o quadro está pendurado na escada de casa, onde passo todos os dias. Ora adulto, ora adolescente. Sempre pensando no Apache.

E foi essa mesma história, foram esses traços e texto que Laerte escolheu para inaugurar seu espaço no Brasil Post (The Huffington Post Brasil). Talvez uma parte de minha alma confusa se encontre com a dele ao longo desses inesquecíveis nove retângulos.

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P.S.: Hoje, coincidentemente, é o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos. =)

29 de jan. de 2014

Cantigas de amigo

- As cantigas de amigo sempre foram as mais legais. Gosto de uma na qual a moça lava as garcetas. Tempos de pura ousadia.
- Gosto que você lembra de alguma coisa. Eu jamais conseguiria.
- Eu sei a Cantiga da Ribeirinha de cor, achava que poderia, um dia, flertar em galego-português. Nunca me serviu de nada, além de ocupar espaço em um cérebro com uma organização e prioridades duvidosas.
- As que eu sabia de cor são todas da escola mais óbvia, Romantismo.
- Eu adorava, o Lulu Santos também.
- Mal do Século era meu assunto favorito. Não conversava muito.
- Talvez vocês sejam os últimos românticos. Spleen.
- Bom, pelo menos um de nós ganhou uma puta grana com isso.
- Nãnãnãnã, aperta minha mão. Agora eu sou Dadaísta, o trabalho me fez empacar nessa escola.
- Antes Dadaísmo que Parnasianismo, detesto Parnasianismo. Gostava de Modernismo, também. O 'r-r-r' no meio das estrofes dava uma sonoridade bacana.
- Rapaz! É o triunfo das rimas ricas, arte pela arte!
- Adoro rimas ricas, mas não aguentava aqueles poemas longos, que não diziam nada.
- É, não diziam nada, fato. Prefiro o Simbolismo de rimas paupérrimas. E amanhã podemos falar sobre Haroldo de Campos.
- Adoro a palavra 'paupérrima', devia usar mais no cotidiano.
- Eu gosto demais. Vem a Elis cantando em minha cabeça, tipo o sax da barba: "É pau, é pérrima, é o fim do caminho, tchararara".
- Nossos tópicos são meio que experiências cognitivas.
- Um tratado para gerações futuras, que estarão evaporando a liquidez destes tempos, sem entender nada.
- Já temos mais para a introdução do nosso livro.
- Pirata barba macia, vou me recolher aos meus aposentos.
- Não soa como um nome de pirata de grande credibilidade, mas funciona. Também vou dormir para ver se amanhã faço algo que preste, tipo uma Cantiga de Amigo.
- Acho bem contemporâneo e consistente. E patrocinável. Eu vou lavar minhas garcetas pela manhã e perguntar algo tenso para as flores de meu verde pinho. Boa noite, até amanhã, beijo simbolista.

- O meu beijo de boa noite vai seguir o clichê e ser romântico. Beijo e boa noite.
- Um beijo subjetivo e idealizado ou grotesco e sublime? A resposta você confere na próxima aula.
- Aguardaremos. Eu, o subjetivo, o idealizado, o grotesco e o sublime.

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"We'd like to know a little bit about you for our files, we'd like to help you learn to help yourself"

21 de jan. de 2014

There is a truth and it's on our side

- Sabe do que mais sinto falta do nosso namoro?
- O que?
- A borda de massa tostadinha da pizza do lado da sua casa.
- E eram só R$ 7,90, calabresa ou mussarela.
- Casávamos um pedaço de cada, sem sequer sabermos ficar juntos.
- Foram anos incríveis.

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7 de jan. de 2014

Ground Control to Major Tom

Passando 2013 em revista e relendo alguns comentários aqui do blog achei um da Bean, que, dez mil anos atrás, dizia: “Li uma vez que a maioria das nossas memórias de infância vêm de fotos e vídeos caseiros. Provavelmente a gente se lembre dos pais com uma roupa X, com um cabelo Y, com um sorriso congelado. Porque são ‘retalhos’ de várias fotos armazenadas na cabeça. Será?”.

Estou embalando coisas rumo ao congelador. Essa não precisa ser uma sensação ruim, finalmente passo a entender. É a composição da memória de uma forma que restem apenas os fragmentos que nos rasgam um sorriso ao serem resgatados. Os pés de uma tarde na praia, os cabelos de uma manhã de vento, o sorriso bobo da graça cotidiana que um dia houve, a blusa da festa, a camiseta do trabalho, uma careta, a calça já fora de moda, danças desengonçadas, pequenos lugares secretos de viagens... Toda essa marmita é de imagens estáticas, mas tem uma trilha sonora. Animada, como estes dias.

Eu não escovo os dentes toda noite, por mais cansado ou em qualquer estado físico ou mental que esteja, só por asseio ou costume. É porque, bem como sempre lavo os cabelos e nunca deixo de secar os vãos dos dedos dos pés, quero deixar para trás tudo que tenha acontecido e começar um tempo novo pelas manhãs. As lembranças boas não irão com a água, comporão meu corpo, e as ruins escorrem pelo ralo. Assim me renovo, com pequenos rituais particulares.

Minhas lembranças, hoje, voltam a ter o som de páginas virando. E a caixa do último brinquedo que ganhei diz “a partir de 30 anos”, embora continue sendo um quebra-cabeça.

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“... mas se arriscar ainda é a única forma de não se tornar uma pessoa amarga. É preciso insistir no amor, apesar de tanta desordem por aí. (...) ‘Só me arrependo do que não faço’ é conversa fiada de gente bêbada. Você vai se arrepender de muita coisa que fez. Nem tudo que é quebrado pode ser consertado

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2 de jan. de 2014

Diálogos pop rock

- We clawed, we chained our hearts in vain. We jumped, never asking why. We kissed, I fell under your spell. A love no one could deny.

- Hold tight to your anger, don't fall to your fear. Now when all this steel and these stories, they drift away to rust and all our youth and beauty, It's been given to the dust, and your game has been decided, and you're burning the clock down, and all our little victories and glories have turned into parking lots. When your best hopes and desires are scattered through the wind.

- Don't you ever say I just walked away. I will always want you. I can't live a lie, running for my life. I will always want you.

- If you think it's your time, then step to the line, and bring on your wrecking ball. Bring on your wrecking ball. Come on and take your best shot, let me see what you've got, bring on your wrecking ball.

- I came in like a wrecking ball. I never hit so hard in love. All I wanted was to break your walls. All you ever did was break me. Yeah, you, you wreck me.

- Hard times come, and hard times go. Yeah, just to come again.

- I put you high up in the sky. And now you're not coming down. It slowly turned, you let me burn. And now we're ashes on the ground

- Here where the blood is spilled, the arena's filled, and giants play the game. So raise up your glasses and let me hear your voices call. Because tonight all the dead are here.

- I never meant to start a war. I just wanted you to let me in. And instead of using force, I guess I should've let you in.

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