31 de jan. de 2006

É tudo mentira...

Caso todo o estudo proposto no post anterior falhe, o que é praticamente impossível, desengavete rapidamente o plano B: a vida paralela.

Todo mundo tem um ser, à sua imagem e semelhança, que habita um imaginário - mas não tão distante - mundo perfeito. É aquele astro de rock que toca guitarra descomunalmente bem enquanto você manda um air guittar de cueca na frente do espelho, ou aquele que foi diversas vezes a Paris, só para espairecer, enquanto você enche a cara sozinho no boteco xexelento da esquina.

Com o devido embasamento, apodere-se das histórias dos outros e conte-as com você no lugar do protagonista. Invente fatos mirabolantes, que beiram o incrível, e salpique detalhes ínfimos para não gerar desconfiança.

Decore alguns nomes de lugares, pesquise cafés e dicas de cada cidade. Veja muitas, muitas fotos.

Fale sempre com naturalidade. Diga que não vai ao show dos Stones porque já assistiu a diversos em outros países. E quem aqui não tem dinheiro e se borra de medo do Rio?

Melhor: tranque-se na sua casa, assista pela televisão, de olho nos detalhes, claro. Leia todos os jornais no dia seguinte e "retorne" para sua cidade feliz e jubilado por tê-los visto ao vivo.

Não esqueça das vezes que experimentou taças e mais taças de Chateau Latour de diversas safras, em uma degustação vertical, e dirigiu um BMW Z4 a mais de 250km/h em Interlagos. Tudo graças a alguns amigos incríveis e desmiolados que você tem.

Ah, já pulou de bungee jumping e achou bem menos emocionante que saltar de pára-quedas.

Tudo pode seu outro eu. Aposente essa lástima com a qual todo mundo convive e seja possuído por este incrível e multifacetado ser.

Minta e acredite na mentira, porque assim ela logo vira verdade. Floreie, acrescente, dê um toque de arte e classe em suas histórias.

Afinal, quem é que classifica o que é ou não verdade?

...e daí?

25 de jan. de 2006

Viva o Kitsch...

É fácil ter sucesso e tornar-se um referencial. Mas talvez não seja para qualquer um, por um simples motivo: é preciso ter uma cara segura e certa. Nada de semblante macambúzio ou olhinhos de quem titubeia. Vista-se de onipotência e vamos lá! Depois, basta saber cinco coisas sobre assuntos chaves. Aqueles dos quais todo mundo fala onde e quando quer que seja.

Saiba o nome de grandes escritores, de países diferentes e os livros que escreveram. Calma, não precisa ler. Mas memorize o assunto, a época e o personagem principal. É sempre bom conhecer a marginália, a vanguarda da literatura, quem vem e a que vem – isso você encontra facilmente em cadernos de resenhas – e decorar uns dois poemas para ocasiões ligeiramente piegas.

Faça o mesmo com a moda. Estilistas famosos, iniciantes, irreverentes. Cinco nomes de tecidos, cinco modelos de roupas.

Com pintores. Nomes que são ícones, um quadro de cada. Técnicas mais pedidas (tudo bem, pode saber apenas duas, porque ninguém sabe mais do que isso), Escolas e temáticas. A lógica também pode ser inversa: parta dos quadros e vá até os pintores.

Esse sistema é infinito e facilmente adptável. Serve para bebidas, carros, esportes, cinema, entretenimento, moda (hoje em dia, moda é uma das mais aclamadas formas de expressão artística, oras), palavras e expressões de outras línguas (crème de la crème, avant garde, beatnik), astrologia, astronomia, alergia, agronomia...

Jamais diga que não entendeu algo! Quando não gostar, adjetive negativamente, de maneira sutil, mas nunca despreze. Diga frases como “a arte, às vezes, é apenas para quem faz”, “devemos notar as sutilezas”, “ah, mas há muitas coisas implícitas”, “note as entrelinhas”, “hoje parece tosco e ordinário, como diz a crítica – nunca você! – mas logo será aclamado como genial e ousado”, e por aí adiante.

Imagine-se tomando um Dry Martini com amigos e dizendo que aquela luminosidade típica da Toscana faz com que você sinta-se imerso no universo de Fellini. Dê um gole e mude de assunto, porque todo seu conhecimento sobre Itália, bebidas e cinema acaba aí. Mas quem sabe disso? Enjoy, mon charmant petit ami.

Momento de tensão: não sabe absolutamente nada sobre o assunto em pauta (todo mundo está sujeito a esse terrível momento)? Nada de suar frio ou fazer cara de São Sebastião tomado por flechas. Dissimule, mude de assunto, faça cara de enfado, aposte no blasé básico.

A mensagem é escrita? Que o Senhor bendiga o Google e o Word.

Ouse citar o Pequeno Príncipe e alguém lhe dará um tapa – de luva de pelica – na cara. Ditados populares causam asco. Deixe a função de Sábio da Folhinha para outro. Ande sempre como se fosse o mais feliz do mundo e estivesse em um eterno desfile. Um brinde (e nada de fazer “tim-tim”) ao reconhecimento de uma farsa brilhante.

Afinal, quem garante que foi mesmo Leonardo quem pintou a Monalisa?

...de alho-poró com queijo. Não? Errei? Sorria, charmoso, e diga quão salutar é um gracejo para descontrair. Arrivederci.

24 de jan. de 2006

Enquanto isso, na coluna Gloss...

E se você é ativista do PETA, não vá assistir “As Crônicas de Nárnia”. Muito casaco de pele!

Relendo latino-americanos

"O outro não existe: esta é a fé racional, a crença incurável da razão humana. Identidade = realidade, como se, afinal de contas, tudo tivesse de ser, absoluta e necessariamente, um e o mesmo. Mas o outro não se deixa eliminar; subsiste, persiste; é o osso duro de roer onde a razão perde os dentes. Abel Martín, com fé poética, não menos humana que a fé racional, acreditava no outro, na "essencial heterogeneidade do ser", como se disséssemos na incurável outridade que o um padece"

Antonio Machado, abrindo O Labirinto da Solidão.

Encerrando esta temporada

Dos corredores da SPFW: um dos muitos aspirantes a modelo, andar cambaleante, para, arregala os olhos em frente a Costanza Pascolatto e grita: "Meus Deeeuusss, você não morreu! Me dá um beijo e um autógrafo, Bia Falcão! Eu amo a Belíssima!"

23 de jan. de 2006

A Fantástica Fábrica de EntreteniGmento

Fizemos uma enquete no iG sobre a calça “Sexy” que a Zoomp lançou na coleção passada. Os e-mails que estão me enviando sobre ela são ótimos. Sintam o gostinho (na íntegra, sem edição ou correção):

“- As vezes eu acho que estou sonhando um sonho de terror, não consigo acreditar que os seres humanos chegaram a esse ponto.
- As vezes a gente fala algumas verdades e acabam nos apontando como preconceituoso, mas no mundo da moda, quem dita as regras são os estilistas e a maior parte destes estilistas são gay ( nada contra ), e acabam ditando modas do tipo feminino para os homens usarem, ou......... até quem sabe modelitos para que os Gay suspirem quando ver um homem passar com esses tipos de calça.
- Repito novamente, eu não sou preconceituoso , mas esse tipo de calça é ridículo e só Gay é que usará, assim como eles inventaram esses penteados horroroso que os homens estão se utilizando , de colocar Pierce, brincos, tatuagem no corpo, etc..., eu só fico pedindo a Deus que me leve o mais rápido possível deste mundo, porque é ridículo alem dos seres humanos serem violentos, cruéis, ainda tenho que ver homens ou melhor, seres humanos usando tudo quanto é tranqueira, só me pergunto, cadê os valores morais e éticos que Deus nos deixou na Bíblia????
Pelo Amor de Deus, não tenho nada contra quem quer que seja, só não concordo com a forma que os seres humanos estão se prostrando no mundo atual.

Wilson Bobbio”

Veja a nota no site e mande seu e-mail!
http://delas.ig.com.br/materias/351501-352000/351517/351517_1.html

22 de jan. de 2006

Ser um homem feminino...

Bate-papo com Paula, uma das patroas, durante o plantão do fim de semana: “O iG tem alguma coisa com amendoim. Deve ser uma impotência sexual mal-resolvida. Tudo quanto é evento tem amendoim! Cumbucas, tigelas e vasilhas gigantescas de amendoim!”

SPFW: Para quem sempre disse que André Lima fazia as mulheres se vestirem com tapetes, trapos e estopa, o desfile de ontem foi um fenomenal cala-boca. Calei. Agora ele vestiu as mulheres de macumbeiras estampadas (ok, sempre as mesmas estampas) e fez um desfile incrível. Qualquer semelhança com uma parte da Neon é mera coincidência (de estampas esquizofrênicas). Mas bonitas ambas. Nesta temporada, ele sai pisando o tapete vermelho.

Eu também posso pagar de Glorinha Kalil!
Ora, façam-me um favor...
Agora vou jogar um futebolzinho e beber com os amigos.
(som de cuspida)

...não fere meu lado masculino.
Mas nada de usar saia!

21 de jan. de 2006

De Sorocaba para o mundo...

“Ícones do rock no desfile de inverno da Ellus, ontem no SPFW, a banda indie Wry ganhou destaque instantâneo no universo da moda. Nascidos em Sorocaba, no interior de São Paulo, há mais de dez anos, atualmente os rapazes moram em Londres e caíram nas graças do underground e da crítica local. Seu quarto álbum, Flames in the head, foi lançado há pouco tempo pela gravadora goiana Monstro.
http://chic.ig.com.br/materias/351501-352000/351662/351662_1.xml
In the hell of my head, que você ouve agora, faz parte do disco.”

Eu vi esses meninos crescerem!
Não, não carreguei no colo, mas tenho o primeiro cd autografado e lembro quando o Lu Marcello era técnico da “sala audiovisual” do meu colégio.

Indie hype com cor local.

...Here Comes The Wry.

19 de jan. de 2006

Indústria do entretenimento

Ontem escrevi uma matéria sobre sucos para o site Delas.com.br. Leiam dados da pesquisa que eu realizei:

“O farelo de aveia é fantástico para dar volume e fluidez fecal, além de ajudar na eliminação de gorduras nocivas como colesterol e triglicérides”.

Traduzindo para a linguagem do site:

“Amiga, seu cocô vai ficar uma beleza, um bolo lindo e firminho! Tire uma foto e mande para a redação. O mais fofo e rígido ganha uma camiseta”.

Para melhorar o trânsito intestinal, nada como dar uma buzinada antes de sair.

Jornalismo, que nada! Eu trabalho é com entreteRnimento!

E hoje tem baladiGnha. Open bar e salve a bagaceira! Adoro essa firrrma.

PS: Sobre a SPFW, só tenho a dizer que adoro dragée com Stella Artois.

18 de jan. de 2006

"Hoje o samba saiu...

Você sai e deixa a toalha molhada, o vidro de xampu ao contrário e um sem fim de sinais de sua passagem, como quem diz “eu volto logo”. E a briga das sinapses é árdua para me convencerem de que eu quero o contrário.

“Por muito tempo achei que ausência é falta
E lastimava, ignorante, a falta
Hoje não a lastimo
Não há falta na ausência
A ausência é um estar em mim
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços
Que rio e danço e invento exclamações alegres
Porque a ausência, essa ausência assimilada
Ninguém rouba mais de mim”

Ausência – Carlos Drummond de Andrade

...procurando você"

16 de jan. de 2006

O dia em que meu irmão atirou-se no sagrado matrimônio...

É difícil tentar colocar em algumas palavras, sem ser chato para os outros, todo o turbilhão de emoções que toma o coração numa hora dessas. O jeito foi passar algumas noites em frente ao computador, sozinho na casa de São Paulo, ao som de Two of Us, dos Beatles, para que a coisa fluísse.

Grandes eventos, por assim dizer, como o de hoje, sempre acabam fazendo com que rememoremos uma série de coisas. E lembrar do meu convívio com meu irmão é de fazer brotar um enorme sorriso.

Ele está presente nas lembranças, nos escritos, nas vontades, nas orações, na mesa de trabalho, nos momentos de raiva, nas conquistas...Em toda a minha vida.

Nós sempre fomos tidos como exemplo de relacionamento entre irmãos, mas só os que conviveram conosco sabem de fato quão grande é o amor que sentimos um pelo outro e como somos grudadinhos.

O Du foi meu nenê nas brincadeiras da infância, foi meu exemplo durante a escola, foi meu pai, papel pesado, enquanto o ator principal estava de férias, foi meu amigo e compartilhou comigo os dele, meu protetor, meu orgulho, um sem fim de adjetivos. Meu irmão.

Quando ele mudou para Campinas e deixamos, pela primeira vez, de dividir um quarto, uma casa e uma cidade, achei que as coisas poderiam esfriar. Mas não. Aprendemos a valorizar ainda mais o tempo juntos.

Foi nessa cidade, para a qual ele correu com o intuito de fazer história, em vários dos sentidos dessa expressão, que ele encontrou a Aline.

E ela, tão pequenininha, dobrou o menino que sempre bradou que não iria casar. Ao invés da megera que rouba o irmão, ela acabou sendo voluntariamente adotada como minha segunda irmã, porque o posto de primeira é da Tetê e ninguém tira.

O desenrolar disso tudo continua aqui, hoje, no casamento dos dois. Sob olhares atentos, lá do alto, da Vó Maria e do Vô Gabriel, de quem você é o penúltimo neto mais novo, e da Vó Teresa e do Vô Cássio, de quem você é o primeiro neto a se casar. Haja orgulho e sorrisos.

Da minha parte, para você, que sempre enfrentou gigantes e moinhos e conquistou o mundo para que eu fosse feliz, desejo tudo de melhor, sempre, porque eu te amo apertadinho.

Kim
14/01/2006

...eu li isso para ele.

11 de jan. de 2006

Minha TV? "Ela é um satélite...

Hoje saí do trabalho, deixei minha carona no lugar de encontro com seu affair (sorrindo de inveja) e fui sozinho para casa, ficar sozinho, de pantufas, assistindo sozinho Big Brother Brasil BSeis.

Oh vida triste e solitária! Alguém adota esta alma? “Antes que um aventureiro lance mão...”.

Passada a solidão, já muito bem acompanhado de uma bacia olímpica de pães de queijo, gorduras, calorias, bifídios, protídios, cálcio, ferro, fósforo e vitamina A (Danoninho vale por um bifinho), apoderei-me do maior bem do humano moderno, o controle remoto, e lá fomos nós, após mais uma mal-criação de Bia Falcão.

Tudo que tenho a dizer é: a psicóloga disse que tem um olhar diferente. Por certo que sim, já que ela é vesga.
Outra aparece dirigindo e falando no celular. Muitos pontos na carteira e multa em rede nacional.
A motoguél fora-da-lei aprendeu e dirigir com 14 anos (mas ela já é minha favorita).
BBB tripudia bom senso e Código de Trânsito.

Nessa parte a TV avisou que ia começar o Marilia Gabriela Entrevista. Maravilhas Modernas! Agendar programas via controle remoto! É por isso que acredito que o homem chegou até a Lua. Para instalar uma antena.

A entrevistada era Danuza Leão (suplente da Hebe no meu coração). Fina, chic(ééééérrrima, por Glorinha Kalil), está muito bem para a idade, mas tem uma voz salafrária de donO de botequim. Ela é incrível.

Por fim: “Enquanto sonhávamos, não parávamos de viver. Tão diferente do semi-autismo da nossa atitude diante da tela da televisão” (Anna Veronica Mautner)

Porque Lucasof é uma mão no controle e a outra virando a página!

...e só quer me amar".

4 de jan. de 2006

Tomara que chova...

E o ano do Senhor de 2006, muito tempo após a Odisséia no Espaço, começa com Lucasof tomando um chazinho com o amigo Noé em sua ampla e aconchegante arca, cercado por um casal de cada espécie de animal.

O suvaco está um pouco mofado, o cabelo meio carepento, mas no geral tudo vai bem!

O sertão vai virar mar, o mar vai virar sertão, já dizia meu bom pai Antônio Conselheiro.
Minha mãe está preocupada porque alguém lhe disse que as trombetas do Apocalipse soariam quando as estações do ano se invertessem.

Acho bom todo mundo pegar um casaquinho e preparar a redenção, então.

Logo mais to de volta para a Terra da Garoa.
Haja ironia neste mundo.

Abraço, bom esse ano para todos. Muito VR, muita saúde, muito jabá, e tudo mais de bom.

...três dias sem parar!