26 de abr. de 2006

Mutatis mutandi

"Esse e-mail vai em anexo, porque vai ser grande...

Só li seu e-mail hoje, (a gente se viu ontem), e queria dizer primeiro que você é foda... Nunca abaixa a guarda, é sempre mais frio pessoalmente, por que essa dificuldade de se dar para as pessoas? Eu sou sua amiga!

Foi ótimo na sua casa, mas eu nunca posso mostrar o tanto que estou com saudades porque você não deixa! Pronto, falei.

Lucas e seus amores. Eu tava falando com a Teresa agorinha e dizendo como vocês gostam de sarna para se coçar, né? Ela foi buscar um amor lá longe, e o meu tão pertinho, deu saudades vai e dá um beijinho...

Mas já que é uma coisa tão legal como você falou, então compensa correr atrás, mas você sabe: ação, demonstre, faça graça. Eu fico pasma com a facilidade que você tem de cantar uma pessoa qualquer e com a dificuldade de cantar a pessoa certa. LUCAS, TENHA ALVO!
(...)"
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E no msn, com o nick “de repente um repentista”:

“aproveitando o repente
Eu não sei como é que pode
Eu nao sei como é que pude
Comer caco de vidro
E cagar bola de gude nham nham nham nham (murmúrio natural dos repentistas)”

23 de abr. de 2006

Chi sogna di giorno...

Hoje, ao acordar, sonhei que aparava minhas costeletas e ficava 37 vezes mais bonito. Descoladas do rosto com muito cuidado e acomodadas sobre a pia do banheiro, eram penteadas com precisão e tesouradas fio a fio até assumirem um formato revolucionário. Quando terminado, tomei banho e me senti em paz.
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Agora à noite, me entupindo de gordura, descobri por que como quando estou ansioso. Sei que posso acabar com aquilo tudo, por mais que fique com a sensação de que vou explodir e que minha úlcera derrame tudo em minhas entranhas. Mas, ao fim da derradeira garfada, eu venci aquele prato, aquela panela, aquela embalagem. Eu cheguei ao fim. Conclui. E ganhei. O resto é resto, e que continue. Isso eu já terminei.
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No mundinho do msn:
“A gente devia poder apertar um botão e desapaixonar”

...conosce molte cose che sfuggono a chi sogna solo di notte.

18 de abr. de 2006

Hokum...

Já fui acusado por um ex-affair, que hoje tento transformar em memória, de só assistir blockbusters, os arrasa-quarteirão que buscam encher os olhos de platéias pouco exigentes.

Arte, quando muito, no Oscar® de efeitos especiais. Segundo o site Omelete, “(...) um tipo de filme mais acessível ao público, a mensagem, comum a todos, tem mais abrangência. Afinal, a superprodução tem público infinitamente maior”.

Que nada! Quem disse que blockbusters não têm arte e coisas não tão acessíveis? Tome-lhe V for Vendetta! Agarre-se ao seu combo mega de pipoca com squeeze grátis e siga-me.

O filme é cheio de referências. Umas enormes, outras nanicas. Até para os que têm mais bagagem estilo diplomata, que sabe pouco sobre muito, algumas coisas passam em branco. Para que preocupação com outra coisa que não referências?

A trama não chega a ser uberssexual, mas, como bom filme “moderno”, tem homossexualismo e lésbicas que usam Levi´s. Na trilha sonora, Overture 1812, de Tchaikovsky, e uma Jukebox Wurlitzer que canta "Cry Me a River", Julie London. Tem a cabelosdeCher Cat Power também. Aos que conhecem a historia e um Museu/Memorial do Holocausto, o ditador Big Brother hitleresco, as valas comuns e a cena no museu ficam de fácil digestão. Uma rápida passada em Retrato de Giovanni Arnolfini e sua esposa, pintado por Jan van Eyck.

Muitas coisas. Propostas e questionamentos também. Mas esses eu não enxerguei...Curiosidade? Atores Stephen Rea e Stephen Fry. Cabalístico.

Agora vou ligar para o Hora Certa Telefônica, pois explodiram o Big Ben para encerrar o filme. Sobem créditos ao som de Street Fighting Man, Rolling Stones. Sacada invejável.

PS: Se falo sério? Óbvio que sim. Sempre.
PS2: Lembrei do Kurt Geron.

...ou por que assistir V de Vingança.

17 de abr. de 2006

Minhocando

Quem, por que e a partir do que a memória é produzida? A referência à memória nos remete à idéia de esquecimento: o que queremos lembrar? De qual forma queremos lembrar? O que nos é permitido esquecer?
E todo exercício de memória é um ato do presente: olhamos para o passado e as coisas são re-significadas para atualizar e instituir concepções sobre um determinado período.

Querendo apenas boas memórias. E que, ainda assim, elas não me assolem. Não agora.
Respiiiiiiira.

15 de abr. de 2006

Comidinhas na Panelinha

Do rendez-vouz culinário durante o feriado na casa do Bob pai:

“Introduza uma das antenas da lagosta pela cauda até à cabeça, faça uma rotação ligeira e rapidamente puxe a antena. Tirada, desta forma, a tripa, deixa a lagosta sangrar para um tacho com dois dedos de água. Depois de bem sangrada, imobilize-a com a ajuda de um pano e corte-a pelos anéis. Em seguida, corte as antenas, as patas e as pinças. No sentido vertical abra a cabeça da lagosta, retire o saco cinza e aproveite todo o recheio, bem como o líquido que ficar na tábua (...).

Nota: Para que esta receita resulte em pleno é necessário trabalhar a lagosta bem viva. Processo cruel que tenderemos a desculpar e a esquecer, no momento em que a primeira garfada deste fantástico hino gastronômico nos inunde as papilas gustativas e a alma.”

Receita de Lagosta Suada à Moda de Peniche, IN Franscisco Guedes, Receitas Portuguesas: Os Pratos Típico de Todas as Regiões.

PS: Não, não fizemos lagosta!

12 de abr. de 2006

Mind guerrilla

"Dia 07/04/06 (sexta-feira)
iG Jovem teve a melhor marca desde abril/2004, com 68.788 Unique Visitors."

Não interessam os métodos de guerrilha. Só a vitória!
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Enquanto isso no msn:
"minha vontade é de matar a mulher q pariu aristóteles"

10 de abr. de 2006

Versão Marshmallow

Quem dubla o polêmico e excomungado (e stylist) padre Pinto no altar é a Senadora top Heloísa Helena?
Quero os dois discursando no meu casamento.
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Preciso de um personal ombudsman.

8 de abr. de 2006

Dancing with myself

Sexta à noite (ou começo de sábado), Lucasof maquinando sobre o Minhocão. Pausa para o blog.

Mônica Bergamo também notou os cestos de mini-sanduiches na Daslu. Mas ninguém falou do café e das colheres de prata. Trouxe uma. Era brinde?
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0704200614.htm
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Eu não gosto de arroz e feijão, de guache e da Bjork. Alguém explica porque é justo ela que faz questão de irromper minha vida adentro pelas portas menos indicadas?
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Uma amiga, essa sim jornalista de verdade, está tomando um remédio que é a cara da profissão: Fasulide.
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Muuiitto obrigado Rita, que me deu o abridor de garrafas mais legal do mundo!
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Vídeos incríveis de um ser idealizadamente idem:
http://www.youtube.com/watch?v=7ur-WBRHhxs
http://www.youtube.com/watch?v=KDf4Pnw0ngQ
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Chega de pílulas. Volto ao Minhocão.

6 de abr. de 2006

Meninos do Tráfico no alto da Daslu

No enorme salão de mármore do terraço da loja de luxo Daslu, jovens com rostos omitidos caminhavam, com armas nas mãos, por becos escuros contando suas vidas no mundo do tráfico brasileiro.

Quando encerrou-se a projeção de trechos do documentário Falcão - Meninos do Tráfico, do rapper MV Bill e do produtor Celso Athayde, as luzes foram acesas para que todos os presentes, uma mescla surreal de pessoas da “comunidade” e hip-hopers com socialites e jornalistas começassem um debate com MV Bill e o rapper Aliado G, apresentado pela ex-MTV Astrid Fontenelle e mediado pelo editor Paulo Lima.

No final das contas, toda a explanação sobre o que motivou a produção, as dificuldades, o feio e sujo foi ofuscada pelo inevitável e latente. Uma das convidadas pergunta se MV Bill não acha estranho falar sobre chegar em casa e não ter o que comer justo ali, onde serviam-se sanduichinhos bem-recheados.

O rapper contornou a situação dizendo que o documentário deve, sim, ser exibido para os ricos. O pessoal da comunidade está acostumado, pois vive aquela realidade. A classe-média desliga a TV aos domingos tranqüila com o fim de mais um capítulo daquela série com atores anônimos, da qual “qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência”. A platéia do evento é que precisa de ânimo, talvez um pouco de choque - medo também? - para promover mudanças que estão ao seu longo alcance.

Outra convidada, uma moradora da comunidade Coliseu, retruca, contando que Eliana Tranchesi, dona da Daslu, entrou na favela sem seguranças, conheceu barracos, elogiou a limpeza e disse que se tivesse que limpar sua casa sozinha e trabalhar, ela não seria tão limpa como aquela, de madeira e plástico fincados no barro. Pobre, mas limpinha.

Uma senhora de busto balouçante grita, cuspindo Botox, “viva Eliana!”, ao que todos seguem com palmas acaloradas.

Depois disso, não demorou a terminar o debate e começar a circulação dos convidados das promotoras e das supridas pelo suposto tráfico de roupas.

Uma repórter da Globo aborda uma pessoa que está com o livro em mãos e pergunta se tem como comprar alguma coisa na loja depois de ouvir tudo aquilo. “Não, claro que não. Agora é hora de refletir”, diz a moça, agarrada ao exemplar e com as bochechas vermelhas emolduradas por lindos brincos em cascata by Tiffany & Co.

Em seu autógrafo, MV Bill, o Mensageiro da Verdade, consegue, enfim, retomar sua proposta: “Para o Lucas, um abraço do MV Bill, por um Brasil melhor”.

PS: A Daslu, preocupadíssima com o mundo ao seu redor, formou uma parceria no final de 2005 com a ONG CUFA - Central Única das Favelas.