30 de jan. de 2014

Pkou!

Uns oito anos atrás, não tenho muita certeza, quando "vacilava entre a infância e a juventude" e tremulava entre a adolescência e a vida adulta, vi um quadrinho do Laerte na Folhateen que conseguiu colocar em uma página – de jornal, para compor da melhor forma aquele momento de um estudante de jornalismo – toda a intensa enxurrada de sentimentos do período.

Separei a página, com o bonito som da folha rasgando na lombada do caderno, e enquadrei. Pendurei na parede do apartamento de São Bernardo. Postei em meu fotolog. Lembrei do quadrinho em várias ocasiões, dias, tardes, noites. Mudei para São Paulo e, até hoje, o quadro está pendurado na escada de casa, onde passo todos os dias. Ora adulto, ora adolescente. Sempre pensando no Apache.

E foi essa mesma história, foram esses traços e texto que Laerte escolheu para inaugurar seu espaço no Brasil Post (The Huffington Post Brasil). Talvez uma parte de minha alma confusa se encontre com a dele ao longo desses inesquecíveis nove retângulos.

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P.S.: Hoje, coincidentemente, é o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos. =)

29 de jan. de 2014

Cantigas de amigo

- As cantigas de amigo sempre foram as mais legais. Gosto de uma na qual a moça lava as garcetas. Tempos de pura ousadia.
- Gosto que você lembra de alguma coisa. Eu jamais conseguiria.
- Eu sei a Cantiga da Ribeirinha de cor, achava que poderia, um dia, flertar em galego-português. Nunca me serviu de nada, além de ocupar espaço em um cérebro com uma organização e prioridades duvidosas.
- As que eu sabia de cor são todas da escola mais óbvia, Romantismo.
- Eu adorava, o Lulu Santos também.
- Mal do Século era meu assunto favorito. Não conversava muito.
- Talvez vocês sejam os últimos românticos. Spleen.
- Bom, pelo menos um de nós ganhou uma puta grana com isso.
- Nãnãnãnã, aperta minha mão. Agora eu sou Dadaísta, o trabalho me fez empacar nessa escola.
- Antes Dadaísmo que Parnasianismo, detesto Parnasianismo. Gostava de Modernismo, também. O 'r-r-r' no meio das estrofes dava uma sonoridade bacana.
- Rapaz! É o triunfo das rimas ricas, arte pela arte!
- Adoro rimas ricas, mas não aguentava aqueles poemas longos, que não diziam nada.
- É, não diziam nada, fato. Prefiro o Simbolismo de rimas paupérrimas. E amanhã podemos falar sobre Haroldo de Campos.
- Adoro a palavra 'paupérrima', devia usar mais no cotidiano.
- Eu gosto demais. Vem a Elis cantando em minha cabeça, tipo o sax da barba: "É pau, é pérrima, é o fim do caminho, tchararara".
- Nossos tópicos são meio que experiências cognitivas.
- Um tratado para gerações futuras, que estarão evaporando a liquidez destes tempos, sem entender nada.
- Já temos mais para a introdução do nosso livro.
- Pirata barba macia, vou me recolher aos meus aposentos.
- Não soa como um nome de pirata de grande credibilidade, mas funciona. Também vou dormir para ver se amanhã faço algo que preste, tipo uma Cantiga de Amigo.
- Acho bem contemporâneo e consistente. E patrocinável. Eu vou lavar minhas garcetas pela manhã e perguntar algo tenso para as flores de meu verde pinho. Boa noite, até amanhã, beijo simbolista.

- O meu beijo de boa noite vai seguir o clichê e ser romântico. Beijo e boa noite.
- Um beijo subjetivo e idealizado ou grotesco e sublime? A resposta você confere na próxima aula.
- Aguardaremos. Eu, o subjetivo, o idealizado, o grotesco e o sublime.

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"We'd like to know a little bit about you for our files, we'd like to help you learn to help yourself"

21 de jan. de 2014

There is a truth and it's on our side

- Sabe do que mais sinto falta do nosso namoro?
- O que?
- A borda de massa tostadinha da pizza do lado da sua casa.
- E eram só R$ 7,90, calabresa ou mussarela.
- Casávamos um pedaço de cada, sem sequer sabermos ficar juntos.
- Foram anos incríveis.

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7 de jan. de 2014

Ground Control to Major Tom

Passando 2013 em revista e relendo alguns comentários aqui do blog achei um da Bean, que, dez mil anos atrás, dizia: “Li uma vez que a maioria das nossas memórias de infância vêm de fotos e vídeos caseiros. Provavelmente a gente se lembre dos pais com uma roupa X, com um cabelo Y, com um sorriso congelado. Porque são ‘retalhos’ de várias fotos armazenadas na cabeça. Será?”.

Estou embalando coisas rumo ao congelador. Essa não precisa ser uma sensação ruim, finalmente passo a entender. É a composição da memória de uma forma que restem apenas os fragmentos que nos rasgam um sorriso ao serem resgatados. Os pés de uma tarde na praia, os cabelos de uma manhã de vento, o sorriso bobo da graça cotidiana que um dia houve, a blusa da festa, a camiseta do trabalho, uma careta, a calça já fora de moda, danças desengonçadas, pequenos lugares secretos de viagens... Toda essa marmita é de imagens estáticas, mas tem uma trilha sonora. Animada, como estes dias.

Eu não escovo os dentes toda noite, por mais cansado ou em qualquer estado físico ou mental que esteja, só por asseio ou costume. É porque, bem como sempre lavo os cabelos e nunca deixo de secar os vãos dos dedos dos pés, quero deixar para trás tudo que tenha acontecido e começar um tempo novo pelas manhãs. As lembranças boas não irão com a água, comporão meu corpo, e as ruins escorrem pelo ralo. Assim me renovo, com pequenos rituais particulares.

Minhas lembranças, hoje, voltam a ter o som de páginas virando. E a caixa do último brinquedo que ganhei diz “a partir de 30 anos”, embora continue sendo um quebra-cabeça.

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“... mas se arriscar ainda é a única forma de não se tornar uma pessoa amarga. É preciso insistir no amor, apesar de tanta desordem por aí. (...) ‘Só me arrependo do que não faço’ é conversa fiada de gente bêbada. Você vai se arrepender de muita coisa que fez. Nem tudo que é quebrado pode ser consertado

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2 de jan. de 2014

Diálogos pop rock

- We clawed, we chained our hearts in vain. We jumped, never asking why. We kissed, I fell under your spell. A love no one could deny.

- Hold tight to your anger, don't fall to your fear. Now when all this steel and these stories, they drift away to rust and all our youth and beauty, It's been given to the dust, and your game has been decided, and you're burning the clock down, and all our little victories and glories have turned into parking lots. When your best hopes and desires are scattered through the wind.

- Don't you ever say I just walked away. I will always want you. I can't live a lie, running for my life. I will always want you.

- If you think it's your time, then step to the line, and bring on your wrecking ball. Bring on your wrecking ball. Come on and take your best shot, let me see what you've got, bring on your wrecking ball.

- I came in like a wrecking ball. I never hit so hard in love. All I wanted was to break your walls. All you ever did was break me. Yeah, you, you wreck me.

- Hard times come, and hard times go. Yeah, just to come again.

- I put you high up in the sky. And now you're not coming down. It slowly turned, you let me burn. And now we're ashes on the ground

- Here where the blood is spilled, the arena's filled, and giants play the game. So raise up your glasses and let me hear your voices call. Because tonight all the dead are here.

- I never meant to start a war. I just wanted you to let me in. And instead of using force, I guess I should've let you in.

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