Crescer na casa da não-tão-santíssima trindade foi determinante para moldar, a marretadas e assopros, esta massa amorfa altamente expressiva auto-proclamada Lucasof que sou. Eu, Du, mãe. Como amanhã é, no calendário oficial, dia dela, vale um post. Um longo post.
Véspera de um Dia das Mães que passarei longe, e nada mais claro em minha vida que ter a certeza de que você está sempre ao meu lado, junto, dentro, carregando e empurrando para o mundo, tudo-ao-mesmo-tempo-agora, nesse turbilhão de sentimentos e enorme coração que é.
Workaholic desde sempre, cavocava tempo para ser uma motheraholic. Carregando a mim e ao Du junto para o trabalho, sair correndo, fazer o almoço, comer com a gente e voltar para os negócios. Dar um pulinho na escola nos dias de festas dedicadas a você (“A mamãe não pode ficar muito, mas veio dar um beijo e te ama apertadinho”). Organizar e executar festas de aniversário, almoços, acampamentos e tardes na piscina de casa, com todos os mimos possíveis e nunca sabendo direito o nome dos meus amigos (“Só os de sempre, os outros eu confundo mesmo”).
Seus nãos, bem como os sims, nunca eram decisivos e imutáveis. Tudo era negociável e flexível, se bem justificado. Com os valores sugeridos e bem absorvidos, sempre fiz tudo que quis (“Eu sonhava em fazer essas coisas quando era pequena. Como vou falar não agora? Vá, mas tenha juízo! Lembre de tudo que a mamãe sempre falou”). Por isso sou mimado assim.
As explicações e conversas sobre sexo, drogas e rock´n roll, ousadas aqui, ingênuas ali (“Luquinhas, não me vá tomar bola ou empinar um! Me desespera imaginar um de vocês sendo drogueiro”), mas sempre sinceras e que, sabe lá Deus como, funcionaram muito bem.
Não é difícil lhe deixar chocada. Basta que um de nós saia dois milímetros das margens de indefectibilidade que você arregala os olhos. Ainda que desgostando, luta, algumas vezes desfazendo seus dogmas, para entender as coisas e ver que tudo continua, não havia tanto motivo para alarde.
As broncas mais surreais, os tapas de efeito moral, que nem pensavam em estalar na pele mas doíam na alma (“Olha as coisas que vocês aprontam. To arrasada”) . Os olhares de repreensão, para botar limites. As infinitas conversas para resolver entraves, o seu aprender a se redimir.
As pajelanças nos momentos de doença. Operou o siso? Faz bochecho com Guaçatonga. Dor de barriga? Um chazinho. Indigestão? Boldo. Dor de cabeça? Deitadinha no escuro.
O abraço mais acolhedor, o beijo mais gostoso. O único contato tátil para o qual não tenho ressalvas. Saber como estou só de ouvir o meu alô, ainda que haja 15.000 km de distância entre nós (“Filho?! Você está doente? Vou aí agora!”). Só de me olhar (“Conte para a mamãe, o que está acontecendo? Venha aqui, vamos conversar”).
Como nos apresenta para os amigos: quem somos e o que já conquistamos (“Esse é o Dedé, ele é doutorando em história, tem livro e tudo, e o mais novo é o meu Lulo, editor no iG, aquele da internet”).
As incursões no mundo da musculação, Pilates (“To podre! É um estica aqui, puxa dali. Mas já sinto a barriga mais firminha”), do tomara-que-caia (“Ainda me sinto um pouco pelada com os ombros assim tão de fora”), da internet (“A amiga da sua avó, de 70 e poucos anos, pediu meu e-mail. Não tem como eu ficar de fora...E como mesmo eu aceito alguém no orkut?”) e mensagens pelo celular (“Ai, to adorando!”).
Seus 40 anos de trabalho guerreiro, firme, na mesma empresa, para nos proporcionar sempre do bom e do melhor, seus 30 anos de carta (“Sem bater nem tomar nenhuma multa”), seu trabalho voluntário (“Faz 10 anos que eu faço feijoada para mais de 300 pessoas”), seus dados e contabilidades (Vocês querem parar? Isso foi provado cientificamente!). Suas pequeninices, meninices, fragilidades, grandiosidades e força.
“Crescer dói, Luquinhas”. E ainda assim você sempre fez de tudo para parecer fácil. Peitou o mundo, abdicou da mulher que agora está, a duras penas, aprendendo a retomar, de vontades, rugiu e protegeu as crias que agora estão soltas pelo mundo, não vendo a hora de correr para o seu colo quando podem. Crescer dói, às vezes bastante. Mas eu vou, firme, porque sei que você está aí. E você vai, porque eu e o Du estamos aqui e a vó está lá em cima, olhando pela “coruja” dela.
Não, mamã. Você nunca está longe. É sempre a voz na minha cabeça, a mão que me guia, me ilumina, me dá rumo. É quem me liga bem de manhã quando estou de plantão no fim de semana. Minha vida, meu espetááááculo (“Minhas amigas sempre riem de você falando isso na minha caixa postal”).
Um beijo enorme, te amo apertadinho,
Lu
8 comentários:
Adoreiiii!!!! Quase matei o Dedé enforcado de tanto abraçá-lo enqunto ele lia para mim. porque cjorei tanto, qu meus cremes, caros!, saíram.
Mas 'não tem importância, passo eles de novo! Porque as coisas que vc escrveu estão gravadas no meu coração, gostoso, gostos... Vou dormir com aqulea cara de boba que faço quando gosto de alguma coisa! E esa eu adoreeei!
Vc e o Dedé são e sempre serão as razões do meu viver!
Te amo apertadinho, mu menino maluquinho. Mamãe (psicografado pelo Du, pois ela não parava de chorar e de falar!)
Vc é chique-chique! Contei uns 5 idiomas só de bater o olho no blog! Papa fina! Sua mãe já vai contar que o LU, fala umas 10 línguas! E Escreve! Que menino danado! Nunca gostou de estudar, aprendeu tudo sozinho!
Ton frair proud est! Yo liebe vc molto, Du
...chorei!
mãe espetáculo!
filho espetáculo!
e mais uma vez to eu chorando...
...chega de homenagens e agradecimentos por hoje.
beijo
3 palavras.... QUE LIIIINDOOO!
Não... não errei.. é que eu falei numa entonação tão exclamada que o ponto virou uma palavra.....
CARALHUDOS!!!!!!!!!!!!!!!
sem mais,
opa, como foi anonimo vou me identificar....prazer, Deiola!!!
não conhecia a mamãe espetáculo...
qdo vc for famoso e foda, tipo esses famosos e fodas..ahahahah...vc pensa: a deia sempre me dizia isso.....ok?!
bjus
Esse texto tá tudo de mais bonitinho na face da Terra. Li logo que você publicou mas não consegui comentar pq te leio lá do meu estágio e eles bloqueiam essa porrinha tão útil para o ego de janela popup aqui. Mas fica o registro, ADOREI!
:o)
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