25 de jan. de 2006

Viva o Kitsch...

É fácil ter sucesso e tornar-se um referencial. Mas talvez não seja para qualquer um, por um simples motivo: é preciso ter uma cara segura e certa. Nada de semblante macambúzio ou olhinhos de quem titubeia. Vista-se de onipotência e vamos lá! Depois, basta saber cinco coisas sobre assuntos chaves. Aqueles dos quais todo mundo fala onde e quando quer que seja.

Saiba o nome de grandes escritores, de países diferentes e os livros que escreveram. Calma, não precisa ler. Mas memorize o assunto, a época e o personagem principal. É sempre bom conhecer a marginália, a vanguarda da literatura, quem vem e a que vem – isso você encontra facilmente em cadernos de resenhas – e decorar uns dois poemas para ocasiões ligeiramente piegas.

Faça o mesmo com a moda. Estilistas famosos, iniciantes, irreverentes. Cinco nomes de tecidos, cinco modelos de roupas.

Com pintores. Nomes que são ícones, um quadro de cada. Técnicas mais pedidas (tudo bem, pode saber apenas duas, porque ninguém sabe mais do que isso), Escolas e temáticas. A lógica também pode ser inversa: parta dos quadros e vá até os pintores.

Esse sistema é infinito e facilmente adptável. Serve para bebidas, carros, esportes, cinema, entretenimento, moda (hoje em dia, moda é uma das mais aclamadas formas de expressão artística, oras), palavras e expressões de outras línguas (crème de la crème, avant garde, beatnik), astrologia, astronomia, alergia, agronomia...

Jamais diga que não entendeu algo! Quando não gostar, adjetive negativamente, de maneira sutil, mas nunca despreze. Diga frases como “a arte, às vezes, é apenas para quem faz”, “devemos notar as sutilezas”, “ah, mas há muitas coisas implícitas”, “note as entrelinhas”, “hoje parece tosco e ordinário, como diz a crítica – nunca você! – mas logo será aclamado como genial e ousado”, e por aí adiante.

Imagine-se tomando um Dry Martini com amigos e dizendo que aquela luminosidade típica da Toscana faz com que você sinta-se imerso no universo de Fellini. Dê um gole e mude de assunto, porque todo seu conhecimento sobre Itália, bebidas e cinema acaba aí. Mas quem sabe disso? Enjoy, mon charmant petit ami.

Momento de tensão: não sabe absolutamente nada sobre o assunto em pauta (todo mundo está sujeito a esse terrível momento)? Nada de suar frio ou fazer cara de São Sebastião tomado por flechas. Dissimule, mude de assunto, faça cara de enfado, aposte no blasé básico.

A mensagem é escrita? Que o Senhor bendiga o Google e o Word.

Ouse citar o Pequeno Príncipe e alguém lhe dará um tapa – de luva de pelica – na cara. Ditados populares causam asco. Deixe a função de Sábio da Folhinha para outro. Ande sempre como se fosse o mais feliz do mundo e estivesse em um eterno desfile. Um brinde (e nada de fazer “tim-tim”) ao reconhecimento de uma farsa brilhante.

Afinal, quem garante que foi mesmo Leonardo quem pintou a Monalisa?

...de alho-poró com queijo. Não? Errei? Sorria, charmoso, e diga quão salutar é um gracejo para descontrair. Arrivederci.

6 comentários:

Fe Fontes disse...

amo tudo o que é Kitsch!

aprendendo muito com você! Estou no caminho certo? Pelo menos nós conseguimos ter bos conversas e sobre tudo, não é?
hahaha
beijocas

Anônimo disse...

E quando vem o momento de silêncio, reclame. Momentos de silêncio sempre são inoportunos.

Ps: muito bom o texto. Rachei o bico e aprendi bastante. Agora não vou mais dar fora à la "donatella versace". ehehe

Anônimo disse...

esse é meu garoto!
saudades..
bjo

Anônimo disse...

testando...123

Anônimo disse...

Olá querido...esse é meu menino...Lucão...au...au...hhahahaha
Adoro seu blog...e vc já sabe todo o resto, né?Não vou ficar puxando o saco...
E é tudo muito simples...não entendeu a piada?...ria mesmo assim e seja feliz...hahaha...saudades...bjos

Anônimo disse...

Eu não gosto de vc....