20 de jun. de 2005

Caminho

Voltei pra casa chorando. Era vergonha, mal estar. Não poderia jamais ficar estagnado depois de ver aquilo tudo; estava certo de que faria alguma coisa.
O resto da noite foi tentar digerir os fatos e pensar em como muda-los.
Na manhã seguinte a cara de espanto era menor, mas não a indignação. Passei pé ante pé, tentando não fazer barulho, como se o horário comercial ao redor já não zumbisse o suficiente. Queria não incomodar, confiante na idéia de que dormir era a redenção, um passeio por outro mundo. Que tipo de sonhos?
Eu sonhava inquietudes.
Levei algumas roupas e distribuí umas moedas, animado por fazer tudo que estava ao meu alcance. E continuava arquitetando um plano maior.
Um dia mais e me distraí com a torre da igreja. Acabei tropeçando em um. Fiquei acabado, morto de vergonha. Como podia?! Não sou uma pedra!
Jamais vou contar isso pra alguém.
Ontem já os pulava com agilidade, numa corrida de estranhos obstáculos, admirado com minha destreza. Um, dois, cuidado com aquele. Giro para a esquerda, esquivada e cheguei.
Hoje, na correria do atraso, fiquei irritado em não poder andar em linha reta e nauseado com aquele cheiro que revira o estômago ainda vazio.
Amanhã eu me formo. Festa incrível. E eles continuam ali, emporcalhando a praça.

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