12 de jul. de 2005

Cartas a mim mesmo

Os dias tem sido pensar e sentir; inconstantes e incontáveis. Acho que passa, deve passar. A dor serve para mover-nos. Queira Deus, para bem. Às vezes, nessas horas, descobrimo-nos pequenos diante da vida; minúsculos em sua ausência, essência das saudades. Nesse tom, a modéstia é medo; a humildade, refúgio. Para caminharmos, preciso é saber-se sem direção. Para a direção é preciso termos consciência de nossas virtudes e defeitos, limites e capacidades. Assim, humildade é via de mão dupla. Se serve para orientar, pode ajudar a perder-se. Prepotência salva o fraco, para quem apenas a resposta humilhante e devastadora basta. O verdadeiro sábio ajoelha-se para falar com a criança; lava os pés de seus discípulos; tem consciência e humildade para aprender com quem tem ensinado; perdoa quem tem ofendido; verga a força bruta com a leveza da pena; explode em energia no último e invisível momento.

O que quero dizer hoje é obrigado. Você proporcionou mudanças, mostrou verdades, abriu arquivos. Fomentou esta retomada. Seja lá o que for, pra onde for, o segredo é olhar com admiração para a imagem, ainda que cada dia mais tosca e pálida pregada na memória. Porque nem tudo é água de tomate. Alguns são caroço, e estão pra sempre no âmago.

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