Sábado, seis horas da manhã. Amenos 22º C na capital paulista.
Uma redação. Dois peões. Três funcionários da faxina, um deles batendo vigorosamente, um por um, os trinta teclados na bancada laranja, para extrair de suas entranhas todos os cabelos, pêlos, restos de comida e animais silvestres.
Um pote de água sanitária, maximizando meu estado de torpor e facilitando minha conversa com o mamute azul.
Sete televisões, uma delas obviamente ligada na “segunda etapa da última prova do líder” do BBB6, onde eles reclamam de “tanto sofrimento” e passam mal com tamanha provação.
Um rádio, na CBN. Vozes amenas. Sono.
O vizinho workaholic chega de helicóptero no conglomerado ao lado.
Dois aparelhos de ar-condicionado. A civilização começa aos 19ºC. Acima é barbárie.
Uma enceradeira do tempo em que a White Westinghouse era gerida pelo severo marido da senhoura Leite Moça, irmã do palito Gina.
Na pracinha da Amauri, em frente ao prédio onde a cena se realiza, um rapaz munido de uma moto-serra , com notável vocação para Jason Vorhees, tenta arrumar (ou destruir de vez) o moderno e nada funcional portão de metal.
Ao meio-dia, uma voz me resgata, parafraseando um ministro, da quinta camada do Inferno de Dante, o Alighieri e salva o dia com um golpe de capitalismo:
- Vamos pedir Mc?
Sorrio e respondo:
- Sim, um Mc Lanche Feliz com a Dorie, do Nemo.
Super Size Me, é claro.
E um pingo de leite em minha quente água, se lhe agrada.
Um comentário:
todo dia ele faz tudo sempre...sem..parar! pensa! cogita! alimenta amebas amorfas amantes! um dia a máquina pára...mas não ainda!
...prazer em conhecer!
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