13 de set. de 2005

Para aquele um, que tão sensivelmente devaneia

Há tempos busco inspiração. Não a espero mais, que anda tão distante de minha agitação cotidiana.

Você consegue abstrair do costumeiro, do corriqueiro, do habitual, daquilo que nem se percebe, uma excepcionalidade que torna qualquer momento em exclusivo e fundamental. Você consegue ver a poesia inerente à vida, e de tão inerente já nem percebida, ou nem percebida porque a vida moderna só pode ser feita de momentos lógicos.
É de um sabor inexplicavelmente cotidiano, com gosto de infância feliz, sentir o cheirinho de pão fresco escorregar dos seus versos. E logo adiante é a visão que se expande. A forma que você tem para expressar seus devaneios excita todos os sentidos.

Mas há devaneios interiores, que expressam sentimentos com pouco apoio do mundo sensorial. Nesses também seu lirismo é terno, mesmo quando revela angústias, distâncias, separações, solidões, perdas, dores. Nesses momentos de incerteza da alma humana as palavras normalmente se tornam rudes, amargas. Não as suas. A sensação é a de quem, mesmo sofrendo muito, não está perdido, desamparado.

Você tem lirismo, emoção, talento. Faz com que a gente não perca o sentimento, o que nos mantém humanos num mundo que nos exige cibernéticos.

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