Na véspera desta quarta, cheguei em casa um pouco mais tarde do que planejei. Carnaval por todas as ruas, por todas as pessoas, diversão obrigatoriamente imensa. As coisas estavam em silêncio e, estranhamente, não liguei a TV ao entrar, gesto praticamente automático. Subi lentamente as escadas, tomei banho, organizei algumas coisas e roupas. Durante esse ritual, sussurrei a música "The Parting Glass". Não sei o que ela fazia em minha cabeça após tantas marchinhas, sambas e axés. O tom talvez fosse um pouco mais melancólico que o desejável para a data.
A primeira vez que ouvi essa canção foi em um seriado, durante uma cena em que uma família se despede da sede de seus negócios, que chegam ao fim. Apagam as luzes, uma a uma, desejam boa noite à empresa. Não se despedem uns dos outros, mas do lugar. Do tempo. Muitos simbolismos para ilustrar um daqueles raros momentos em que temos a consciência de que as coisas não mais serão as mesmas. Podem ser melhores, mas certamente mudarão.
Ouço "The Parting Glass", três versões diferentes. Encontro a cena do seriado. O sono, tão raro, veio. E a calma. Apaguei as luzes, desejei boa noite. Este talvez seja um desses momentos.
Eu comecei em uma quarta-feira de cinzas.
Eu comecei em uma quarta-feira de cinzas.
“E no entanto é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar (...)
Porque são tantas coisas azuis
Há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe”
Mais que nunca é preciso cantar (...)
Porque são tantas coisas azuis
Há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe”
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