13 de mar. de 2013

Para brincar na gangorra: dois

- Te odeio.
- Por que, agora?
- Não, acho que desde sempre. Desde aquele dia em que você me pegou em casa, me tirou de casa, desde o dia em que nos beijamos no balanço do parquinho.
- Grandes ódios nascem assim, de tardes lindas e incríveis.
- Nascem e permanecem, guardados na dúvida, na esperança, na espera, na incerteza, no convívio casual.
- Não, quem nasce assim somos nós. Eu só estava sendo irônico. Os sentimentos, diria o clássico, nascem da insustentável leveza do ser. Do bonito, do incerto, do querer, do tocar. Aí a gente joga farinha, medo e vaidade, amassa tudo e embatuma.
- Também.
- Sempre te quis bem, mesmo quando brincamos na gangorra do parquinho.
- Eu quero.
- Chega de farinha, podemos ser carolinas?
- Podemos ser tudo e qualquer coisa, juntos.
- Todas as duplas, todas as combinações? Gosto das suas certezas frente a todo meu forro de gesso.
- Todas as possibilidades frente ao primeiro - do não primeiro - encontro.
- Desencontro. Desencanto. E meu vazio?
- Cheio de tudo de mim.

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