Aí vem mais um João, Maria, Zacarias
O rosto enrugado de melancolia
Nas costas o peso da vida
Barriga magra e estufada de saudades
As mãos carcomidas da lida
Os pés calejados de pedras
Quer ir para longe da seca
Fugir da miséria que o persegue
Anda para qualquer outro novo lugar
Que cruzará os braços
Para mais um qualquer filho de Deus
Afunda os pés na lama que já foi rio
Erra por terra em busca de seu chão
O seco corpo não deixa marcas nem rastros
Não há sol, nem luar
O tempo segue a cadência das entranhas famintas
Só quem faz sombra é a morte
Ceifando verdes campos de corpos desidratados
Cada passo uma fuga da foice
Guerra de todo dia em terra que não há
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