Este post, com excertos desorganizados que copiei enquanto relia, é dedicado, parafraseando o livro, “aos riscos e ansiedades de se viver junto, e separado, em nosso líquido mundo moderno”.
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"Em nosso mundo de furiosa “individualização”, os relacionamentos são bênçãos ambíguas. Oscilam entre o sonho e o pesadelo, e não há como determinar quando um se transforma no outro.
E assim é numa cultura consumista como a nossa, que favorece o produto pronto para uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução do dinheiro.
Sem humildade e coragem não há amor. Essas duas qualidades são exigidas, em escalas enormes e contínuas, quando se ingressa numa terra inexplorada e não-mapeada. E é a esse território que o amor conduz ao se instalar entre dois ou mais seres humanos.
"Estar num relacionamento" significa muita dor de cabeça, mas sobretudo uma incerteza permanente. Você nunca poderá estar plena e verdadeiramente seguro daquilo que faz — ou de ter feito a coisa certa ou no momento preciso.
Você busca o relacionamento na expectativa de mitigar a insegurança que infestou sua solidão; mas o tratamento só fez expandir os sintomas, e agora você talvez se sinta mais inseguro do que antes, ainda que essa "nova e agravada" insegurança provenha de outras paragens.
Quando se sentem inseguros, os amantes tendem a se portar de modo não construtivo, seja tentando agradar ou controlar, talvez até agredindo fisicamente — o que provavelmente afastará o outro ainda mais. Quando a insegurança sobe a bordo, perde-se a confiança, a ponderação e a estabilidade da navegação. À deriva, a frágil balsa do relacionamento oscila entre as duas rochas nas quais muitas parcerias esbarram: a submissão e o poder absolutos, a aceitação humilde e a conquista arrogante, destruindo a própria autonomia e sufocando a do parceiro.
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Nós pertencemos ao fluxo constante de palavras e sentenças inconclusas (abreviadas, truncadas para acelerar a circulação). Pertencemos à conversa, não àquilo sobre o que se conversa.
A introspecção é substituída por uma interação frenética e frívola que revela nossos segredos mais profundos juntamente com nossas listas de compras. (...) Se você interromper a conversa, está fora. O silêncio equivale à exclusão. De fato, 11 n'y a pas dehors du texte — não há nada fora do texto.
Para cada ganho há uma perda. Para cada realização, um preço. Não importam o horror e a repulsa com que recordamos ou evocamos os preços pagos e as perdas sofridas no passado — as perdas suportadas hoje e os preços a serem pagos amanhã são os que mais incomodam e magoam. Não há sentido em comparar os sofrimentos do passado e do presente, tentando descobrir qual deles é menos suportável. Cada angústia fere e atormenta no seu próprio tempo.
Quando a qualidade o decepciona, você procura a salvação na quantidade. Quando a duração não está disponível, é a rapidez da mudança que pode redimi-lo.
É absolutamente improvável chegar ao fim de seu catálogo portátil ou digitar todas as mensagens possíveis. Há sempre mais conexões para serem usadas — e assim não tem grande importância quantas delas se tenham mostrado frágeis e passíveis de ruptura.
Dentro da rede, você pode sempre correr em busca de abrigo quando a multidão à sua volta ficar delirante demais para o seu gosto.
Aos que se mantêm à parte, os celulares permitem permanecer em contato. Aos que permanecem em contato, os celulares permitem manter-se à parte...
O fracasso no relacionamento é muito freqüentemente um fracasso na comunicação."
8 de out. de 2012
1 de out. de 2012
Supernova, sem champagne e com macarons murchos
O silêncio é sempre sintomático. Pode ser de constrangimento, alegria não compartilhada, reflexão, luto, repouso, apatia, um infinito de sensações e qualidades. Em mim, agora, é uma mistura de tudo. Gasto grande parte do meu tempo e queimo sinapses vasculhando um universo impalpável e ponderando o que seria mentira, o que seria verdade, o que seria insegurança, em minha vida e na de terceiros. O quanto já não foi tramado esses dias. Aguar na bateia o que é amor, deslumbre, novidade, medo, família, fome, cansaço, memórias, lembranças, saudade... Um acúmulo de pedras brutas.
Impossível conter a explosão. O pavio ardeu durante meses, correndo a terra, desbravando novos espaços, iluminando o redor, correndo, correndo. Chegou até a enorme carga, diminuiu a velocidade, entrou, incendiou, liberou energia sob diversas formas. Impossível conter os estilhaços.
Efervescência nervosa, riso adstringente.
O que tenho a perder, agora, é de vista.
Quebra-cabeça. Somos um mar de pedrinhas emboladas, com potencial para virar uma grande, única e coesa imagem de algo bonito. Mas isso requer trabalho, empenho e dedicação.
Quero uma boa temporada, novas bases comparativas.
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“... Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.”
“É necessário agora que eu diga que espécie de homem sou. Meu nome, não importa, nem qualquer outro pormenor exterior meu próprio. Devo falar de meu caráter. A constituição inteira de meu espírito é de hesitação e de dúvida. Nada é ou pode ser positivo para mim; todas as coisas oscilam em torno de mim, e, com elas, uma incerteza para comigo mesmo. Tudo para mim é incoerência e mudança. Tudo é mistério e tudo está cheio de significado. Todas as coisas são ‘desconhecidas’, simbólicas do desconhecido. Em conseqüência, o horror, o mistério, o medo por demais inteligente.”
FP
Impossível conter a explosão. O pavio ardeu durante meses, correndo a terra, desbravando novos espaços, iluminando o redor, correndo, correndo. Chegou até a enorme carga, diminuiu a velocidade, entrou, incendiou, liberou energia sob diversas formas. Impossível conter os estilhaços.
Efervescência nervosa, riso adstringente.
O que tenho a perder, agora, é de vista.
Quebra-cabeça. Somos um mar de pedrinhas emboladas, com potencial para virar uma grande, única e coesa imagem de algo bonito. Mas isso requer trabalho, empenho e dedicação.
Quero uma boa temporada, novas bases comparativas.
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“... Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.”
“É necessário agora que eu diga que espécie de homem sou. Meu nome, não importa, nem qualquer outro pormenor exterior meu próprio. Devo falar de meu caráter. A constituição inteira de meu espírito é de hesitação e de dúvida. Nada é ou pode ser positivo para mim; todas as coisas oscilam em torno de mim, e, com elas, uma incerteza para comigo mesmo. Tudo para mim é incoerência e mudança. Tudo é mistério e tudo está cheio de significado. Todas as coisas são ‘desconhecidas’, simbólicas do desconhecido. Em conseqüência, o horror, o mistério, o medo por demais inteligente.”
FP
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