De todas as pessoas ao meu redor, das que foram e das que ainda nem conheci, foi você quem acampou essa noite nos meus sonhos.
Água de Tomate
acta est fabula
22 de out. de 2024
10 de set. de 2024
Um girassol nos teus cabelos
25 de jul. de 2024
Terra Altar
25 de out. de 2023
Chicken or pasta?
27 de set. de 2023
O resto é história
3 de mar. de 2023
Vem comigo que no caminho eu explico
3 de out. de 2022
A gente, a democracia
18 de abr. de 2021
A química do imponderável
Você virou mesmo um jornalista, trabalhou nas maiores editoras do país, realizou seu sonho naquele icônico prédio à margem do Rio Pinheiros. Hoje constrói novos sonhos trabalhando na bandeira do cartão de crédito. Fique tranquilo, ela também tem se reinventado ultimamente. Alguns dizem que você se casou, outros que só morou junto. Foi uma baita aventura! E tem outras por aí. Você teve - e nós teremos! - grandes e únicos amores.
Sim, você é gay. A mini Beyoncé que tomava conta do seu corpo durante as aulas de piano já nos dava uma pista. Poderia dizer para você Googlar esse nome, Beyoncé, mas também não faria sentido. Você ainda usa a enciclopédia da biblioteca para fazer suas pesquisas. Um dia você vai saber quem ela é e talvez tomem uma limonada juntos. Você vai ler Brecht e, em outros dias, vai usar toda a angústia como força para tentar fazer uma mínima diferença no mundo. O Duda vai abrir caminhos e a mãe vai peitar tudo e todos por você. Aliás, isso vai te livrar de passar um ano servindo o exército. “Do rio que tudo arrasta diz-se que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.”
Você ainda não sabe dançar direito e nem andar de patins. Vai aceitar os cachos do seu cabelo, até que ele vai cansar e começar a cair. Tudo bem, você vai incentivar os cachos de um dos seus melhores amigos e raspar a cabeça durante uma pandemia. Pois é!
Uma a uma, você criou coragem pra pintar as unhas que parou de roer em nome da higiene e de frear a contaminação pelo corona vírus, o da pandemia. Estamos usando máscaras o tempo todo! Veja só se não é um grifo de Fernando Pessoa. Alguns dos seu maiores medos também cruzaram o caminho e você ainda duvida de suas qualidades e competências. No meio disso tudo e de uma jornada com a mãe, você vai tirar forças de várias caixas e gavetas para seguir adiante. A gente chora muito mais hoje em dia, enquanto vê o colágeno pelo retrovisor.
Falando em retrovisor, seus “amigos pra vida toda” viraram boas lembranças pra vida inteira. Ou até onde o cérebro mantiver arquivado. Mas você encontrou uma família pelo caminho, já que a sua oficial nem sempre cabia muito. Você escolheu o nome de uma de suas músicas favoritas para batizar sua cachorra, grande demais pro apartamento em que você vai morar. Ela, Ruby Tuesday, vai se mancomunar com a mãe e se refugiar na chácara. E vem o Costelinha, tão pitico. Eles são grandes companheiros.
As máquinas estão evoluindo e aprendendo, já a humanidade eu não posso confirmar. A gente ainda monta Lego. Digo a gente porque suas sobrinhas gêmeas também gostam! É mais fácil encaixar essas peças do que colocar cada pensamento e cada sentimento em seu devido lugar. Não bata muito a cabeça com isso. Agora chega de eu fazer o que a juventude atual chama de spoiler. Um último palpite: escreva muito, porque as novas gerações não são dadas a “textões”.
Encontre boas maneiras para falar o que pensa e o que sente. Você tem uma mágica que talvez perca pelo caminho. Ou esconda. A gente duvida do ar, mas acredita no vento. Confie na dica do Rugol e banho gelado da sua avó. Engate a marcha e venha tranquilo, porque a areia da ampulheta é macia ao tocar os pés. “A matéria-prima do ar, das rochas e da vida foi e continua sendo forjada pelas pressões gigantescas que existem no coração das maiores estrelas.” Somos todos poeira de estrelas. E eu, aqui do futuro, só existo porque você é uma supernova.
1 de jul. de 2020
Sobre sermos todos seres humanos
Somos segregados desde a mais tenra idade, quando ainda estamos abertos para o mundo. Meninos e meninas. Rosa e azul. Do mais alto pro mais baixo. Dos que foram melhor em matemática pros que foram pior. Futebol para eles e vôlei para elas. Saias e shorts. Tênis e sapatilhas. Esse só pode casar com aquela. E assim seguimos, sufocados e silenciados.
Depois disso sofremos demais para entender o que acontece dentro da gente. Para aprendermos a nos aceitar, a nos amar. Daí vem o hábito de soltar as mãos quando vemos um conhecido se aproximando ou quando estamos em mar aberto, não em algum porto seguro. É um reflexo de sobrevivência, pois o nosso redor é tormenta. A gente amealha amigos pelo caminho para compor uma família que nos ampara, aceita, abraça e fortalece. Que nos ama, no meio da trilha de rejeição.
O mais correto talvez não seja seja dizer que a gente cresce, mas sim que a maior parte de nós sobrevive. Sobrevive a um ódio à toa. Ninguém deveria ser obrigado a viver marginal ao amor, a sobreviver a uma raiva descabida. A gente engole o choro e se cobre com uma armadura de arco-íris. A gente apanha e cai. E ouve que certamente apanhou por algum motivo, por ter feito algo. Sim, por ser quem e como sou e não entender porque isso gera tanta recusa em algumas pessoas. Mas, por toda essa vida, a gente aprende a levantar com a cabeça mais erguida e a voz mais alta.
Eu era beirada até acordar da dolorida realidade das calçadas, mesmo em minha bolha de privilégios e padrões. Era festa ao meu redor e me foi imposta uma concussão. E foi o que precisei para elevar minha voz. E para o amor transbordar por essas feridas. Para que eu use o que tenho ao meu alcance para fomentar a mudança e para fortalecer essa causa e as causas com as quais dialogo.
Encerramos ontem o Mês do Orgulho LGBTQIA+ e começamos hoje um novo mês em que não seremos mais beirada, ao longo do qual vamos nos orgulhar ainda mais. Nós somos todos os meses, todos os dias, todas as horas. Do nascer ao pôr do sol. Somos o mundo, somos uma explosão de cores, somos amor. E que abram caminho, porque também somos os cabelos das bonecas e as partidas de futebol, únicos em nossas semelhanças, imensos em nossas singularidades.
Eu sou grato a todos que cruzaram minha vida e me trouxeram até aqui, que são minha família e me possibilitaram ser quem sou. Meu irmão, minha mãe, o Carlão, a Bete, o Dr. Lauro, Gabriel, André Lucas, Vinny, Victor, Johnny, Pomba, Fe Fontes, Mayara, Lemp, Caio, Aline, meu pai, Karen, Raquel, Malu, Rod, Rafa Cescon, Pedro. Obrigado! Eu tenho muito orgulho. De mim, da gente.
Como disse a atriz Dominique Jackson, “somos todos seres humanos. Trata-se de inclusão e nunca pedirei respeito a nenhum de vocês. Eu demando. Você não vai me dizer que me aceita. Você não vai dizer que me tolera. Você não tem esse poder. Você vai me respeitar por quem eu sou”.
É sobre o amor. E sobre não calar. 🌈
10 de abr. de 2020
Hoje eu quero ser...
...uma ampulheta, para fazer o passar parecer lúdico e só revelar o fim ao deslizar do último grão de areia pela goela de vidro, quando já não há mais tempo.
...uma agulha, para juntar partes, ajudar a tirar farpas, cutucar e causar dor.
...uma Coca-Coca de máquina, um pouco aguada, bem gelada, descendo por uma garganta áspera.
...um relógio, para poder parar de trabalhar sem muitas conseqüências, mas achar que, assim, tenho o poder de controlar as horas e dominar o mundo.
...uma roupa extravagante atravessando uma passarela, sustentada por um corpo esquálido iluminado por flashes.
...um apagão aéreo, para deixar pessoas ilhadas em outros países e testar os limites do ser humano.
...um bobo apaixonado, com tudo a que tenho direito.
...um balão meteorológico, para voar alto e longe e ouvir: "É OVNI!".
...uma bunda, daquelas bem redondas, que parecem ter sido desenhadas com compasso, para ser admirada depois da passagem por cabeças que torcem pescoços.
...o estepe de um carro, para ficar esquecido a maior parte do tempo e virar protagonista nas horas mais chatas.
...o movimento de rotação da Terra, para inverter minha lógica de funcionamento e fazer o dia virar noite.
...um milho de pipoca, que em pouco tempo muda de cor, forma e sabor, mas mantém a essência.
...uma garrafa de vinho vazia ao lado de um grupo sorridente de pessoas ruborizadas, que discutem coisas bobas como se fossem o que de mais importante há no mundo.
...um clássico do cinema europeu, no qual o tempo passa arrastado em preto e branco, com ótima trilha sonora, numa coleção menos acessada que a dos blockbusters e séries.
...uma roda-gigante, com luzes super coloridas, para girar o dia inteiro e nunca ficar zonzo. E vez ou outra flagrar um jovem casalzinho apaixonado.
...um pingüim, para ser uma ave que nada, protagonizar filmes e anda como se estivesse com as calças no tornozelo.
...um bicho preguiça, para passar o dia grudado numa árvore com cara de sono.
...um perfume doce para, em um esbarrão numa calçada, sair grudado em um corpo anônimo.
...uma batedeira, para misturar coisas rapidamente e sem medo.
...o tapete azul do meu banheiro, que não liga para fios de cabelo caídos e os pisões úmidos.
...uma pausa de mil compassos.
16 de out. de 2019
Serendipity
Poderíamos ter trocado olhares, um sorriso tímido de canto de boca, puxado alguma conversa e tomado um drink com bate-papo ali pertinho, no número 168. Mas não estávamos nas telas um do outro. Apenas na calçada. E não levantamos nossas cabeças. Talvez eu tenha sentido seu perfume na brisa leve daquele dia e achado interessante. E isso foi toda a nossa relação, esses foram os sentidos explorados, embora eu tenha me apaixonado por essa ficção.
23 de jul. de 2019
Há 50 anos o homem chegava à Lua
29 de out. de 2018
Super far
A oposição entre as partes vazias dos armários, onde antes estavam suas coisas, com alguns objetos que ainda coabitam aquelas paredes é similar ao que se passa dentro de mim. Tento disfarçar, tento recuperar uma rotina antiga, mas não tem adiantado muito.
Sei que ainda vou, por um tempo, me pegar pensando se você está coberto ao dormir. Se vou encontrar um fio dental no ralo do box do banheiro. Se vai gostar da janta, quais seriam os planos para um fim de semana a dois. Não vou mais ter que esperar o cochilo para mudar o canal da TV, saber se você está em casa ou não pelas duas voltas da chave da porta. São coisas tão bobas, mas que se avolumam num tanto! As manhãs, agora, são silêncio sem os imaginários programas de TV na cozinha.
As luzinhas, por todos os cantos da casa, vão passar um tempo apagadas, até que tudo isso irá, aos poucos, arar a terra para que brotem novos planos. As músicas, que usualmente parecem sempre tão bobas, ainda mais para quem vive no dial das notícias, passam a fazer todo o sentido. Parecem plantadas em momentos específicos para nos fazer titubear.
Nos conhecemos à beira do furacão e encaramos o olho como uma calmaria perene. Até que a outra margem do vendaval passou, levando tudo. Eu teimei em não te encaixotar ao primeiro alerta e desdobrei meu coração, que havia guardado no bolso. Foi bom, pois com você eu aprendi que o amor pode ter uma deliciosa rotina. O cachorrinho e eu ainda ficamos olhando para a porta, pensando se algo poderia ter sido diferente. Escolhas e caminhos.
As fases da vida têm seus ritos de passagem. Talvez seja realmente o percurso a fazer a história, não a linha de chegada. Mas a dificuldade em mudar o caminho, em entender o caminhar, é de todo ser humano. A inércia talvez seja, além da física, inerente à nossa inexplicável existência emocional. Ainda que tenhamos caminhado lado a lado, nunca estivemos pisando a mesma terra.
Estou falando demais, né? Armando Antenore escreveu que "há despedidas que não encontram tradução. O que falar diante de um amigo que se muda para bem longe, um amor que morre, um projeto querido que se interrompe? Às vezes, o melhor - o mais preciso e eloquente - é dar adeus em silêncio." Mas eu nunca soube lidar direito com o silêncio.
Shiu! Consegue ouvir? O som de um coração espatifando? “Como cristal em um mundo de vidro”. Como uma sinfonia de infinitos silêncios, até que as cortinas se abaixem, as palmas cessem, a plateia seja trocada. Agora temos nossas vidas espatifadas em diversas telas. Logo mais teremos um quebra-cabeça, uma obra de arte em exibição no Memory Motel, um novo espetáculo.
Das berries eu farei um bolo. Afinal, da dupla, sempre fui o carboidrato.
“The idea that we are so capable of love, but still choose to be toxic.”
Rupi Kaur
4 de out. de 2018
Oh, what about us?
(Dr. Rana el Kaliouby's opening keynote at the Affectiva Emotion AI Summit 2018: Trust in AI)
18 de set. de 2018
Felicidade ou satisfação: o que esperar da vida?
Chega a impressionar como encontramos infinitas maneiras de complicar nosso cotidiano. Dentre as inúmeras formas de complicar nossa existência, uma que se destaca é o quanto evitamos ser felizes. Você deve estar pensando que o autor do texto enlouqueceu: “Tudo o que as pessoas querem é ser felizes! Como ele diz o contrário?”.
A resposta é óbvia, mas não simples. Em primeiro lugar, temos que tentar definir felicidade, e isso é muito difícil. A maioria de nós associa felicidade a um tempo ou uma coisa fora de nós mesmos. Condicionamos a felicidade.
Para ajudar a dissolver esse engano, vamos pensar juntos. Precisamos distinguir satisfação de felicidade. Satisfação é condição necessária da vida. Tenho sede: se não beber água, morro. Se beber, vivo. Ter um mínimo de satisfação é, portanto, imperativo em nossa vida. Além das necessidades básicas a serem satisfeitas, uma existência digna e confortável – estou falando de bens materiais mesmo – é fundamental. Ter é algo que nos satisfaz. Ao menos momentaneamente.
O problema da satisfação é que ela tende a ser passageira. Tenho um celular que me satisfaz em todas as necessidades (e bizarrices) que um celular pode ter. Mas basta saber que lançaram um modelo melhor (ou que alguém já tem esse aparelho) que uma voz surge em nossa cabeça: estou insatisfeito e quero mais. Essa constante, ou quase constante, sensação de buraco interno só é preenchível pela satisfação de um desejo. Mas essa satisfação é profundamente enganosa. Ela não é felicidade, mas euforia, alegria. Passa rápido. Pulamos de desejo em desejo, buscando o efeito extremante prazeroso e evanescente da satisfação de necessidades muitas vezes criadas por nós mesmos.
Por outro lado, é perfeitamente possível viver sem ser feliz. Um escravo pode ter suas necessidades mínimas satisfeitas, mas nunca será feliz. Pois felicidade implica duas coisas de antemão: liberdade e segurança. Se eu for livre e me sentir seguro, posso começar a entender que felicidade é um estado mais duradouro da existência. Longe dos sorrisos que nunca cessam das tradicionais propagandas de margarina e de viagens. Pense como seria a vida se ela estivesse em modo constante de gargalhada. Como dormir se estou eufórico? Como fruir um bom livro, filme ou episódio de série se estou rindo sem parar?
Aproveitar com intensidade a exuberância criativa da vida não é estar em desequilíbrio o tempo todo, como se buscássemos a próxima dose da droga da felicidade (aliás, há muita gente lucrando com elixires da felicidade por aí...).
Não há sentido na vida que não a de uma existência feliz (livre e segura, lembremos). Ser feliz implica reconhecer que há muito de incontrolável na vida. Mas também que há muito sobre o que podemos ter alguma gerência: nossa individualidade, caráter, escolhas, personalidade. Como nenhum de nós é igual ao outro, o que me deixa genuinamente feliz é algo que é realmente autêntico. Quando busco ser feliz de verdade não há receita.
Resumindo: seja feliz por ser você mesmo, pois a felicidade que funciona para seu vizinho não lhe serve. A felicidade – a real – não está na foto do Instagram, mas em entender por que preciso postar tudo em redes sociais. A felicidade está em acatar que cabe muita tristeza na vida, pois do contrário jamais haveria alegria. Uma vida que por vezes contém tristeza, decepção, frustração, mas em que há reflexão, conhecimento de si e ética, é muito mais plena (portanto feliz!) do que uma vida cheia de coisas e planos que satisfazem, mas que é vazia de sentido.
*LUIZ ESTEVAM DE OLIVEIRA FERNANDES é historiador formado pela Unicamp com pós-doutorado pela University of Texas at Austin. Autor de livros como “Santos Fortes” (com Leandro Karnal; Ed. Rocco). IN Revista Delboni Auriemo V.1 N.16/2018
Happiness from Steve Cutts on Vimeo.
11 de mar. de 2018
Call me by your name...
--
7 de mar. de 2018
Uma pedra
- A única coisa que eu consigo notar são os tropeços mais bem pagos da história.
26 de jul. de 2017
O tempo e os valores
- Por que?
- Esqueci de devolver um VHS na locadora.
- Um VHS?!
- Sim.
- Quando isso?
- Em 2001. A dívida está em R$ 5.234,00.
- Talvez esse seja o VHS mais caro da história. Mais que a cópia original de E.T.
15 de mai. de 2017
Fingindo poesia nos projetos da firma
Espaços sensoriais
Interação com tecnologia
Gastronomia molecular
Uma noite brilhante como essa também é uma grande oportunidade para compor as celebrações dos 42 anos da Vogue Brasil e receber o seleto mailing de convidados da marca, que terão mais um motivo para aproveitar e se divertir.
Perto do encerramento, teremos um especialista contando um pouco mais sobre a mística dos perfumes, caminhando pelas notas de saída/cabeça, notas de coração/corpo e notas de fundo/base para explicar aos convidados como escolher o perfume ideal para sua personalidade e de acordo com momentos específicos.
Ao final, nada melhor que um grande show com muita música e balanço. Depois de toda essa experiência, INSERIR UM NOME convida todos a dançarem para celebrar a vida. As pessoas sairão de lá tendo seus sonhos e desejos permeados pelos aromas e prontas para grandes momentos.
29 de mar. de 2016
Travesseiro da NASA
--