25 de fev. de 2014

Um ano. Novo.

Quando penso em catalogar 2013 como ruim, lembro que pulei para os 30 anos em casa, com meus amigos, mergulhando na piscina de bolinha. Saímos para dançar logo após a meia-noite. E segui festejando com mais amigos, Lego, pizza e brownie na casa de minha mãe.

Caminhei pela Rue Balzac, tomei vinho nos degraus do Trocadéro enquanto a Torre Eiffel piscava, vi uma Rainha saindo de seu palácio, visitei um bunker de guerra. Casei a Pedra de Roseta com o Código de Hammurabi, em segredo, num cantinho de minha imaginação dentro do British Museum, com fish&chips para comemorar.

Chorei enquanto cantava “Thunder Road" muito alto e desafinado no show do Bruce Springsteen. Meu irmão me abraçou apertado e meu pai nos observava e batia raras palmas. “So you're scared and you're thinking that maybe we ain't that young anymore...

Alguém escolheu meu shampoo pela primeira vez e fez espuma em minha cabeça numa manhã etérea.

Os Paralamas do Sucesso cantaram as melhores músicas (ou as minhas favoritas) de seus 30 anos de carreira para Fe Fontes e para mim, em nosso relógio sem órbita no Rio de Janeiro. Fui várias vezes ao Rio de Janeiro.

Elba Ramalho seguiu com a brasilidade e ameacei uns passos de forró.

Vi duas estrelas cadentes no limpo céu do interior e fiz os pedidos mais clichês.

Melhorei meu corpo, cortei o cabelo e mantive os cachos possíveis. Adotei Ruby Tuesday, mudei minha relação com minha casa. Troquei todos os lustres de casa. E a cama. E tirei muitos enfeites que já não faziam sentido. Mantive o quadrinho do Laerte na parede da escada.

Vi muito mais os meus amigos, com conversas leves e divertidas. Procurei os meus amigos. Fui convidado para ser padrinho em três casamentos e um nascimento em dose dupla.

Os trocadilhos voltaram, junto com minha empatia desengonçada e subserviente à hierarquia.

Entendi um pouco mais a minha loucura.

Reencontrei a alegria ali no finalzinho, voltando para minha casa na manhã do dia primeiro de 2014, pé ante pé para não acordar minha mãe, que preferiu dormir após a virada em vez de ir para a balada comigo. Sua respiração era tranquila em minha cama. Deitei no chão de madeira da sala, com um sorriso de adolescente safado, e percebi que tudo havia conspirado para o bem.

...show a little faith, there's magic in the night”.

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