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25 de jul. de 2024

Terra Altar

Entre o céu e a terra, um inesperado caminho de rios pelo qual navega um povo que tem a força de quem vive do que planta, do que pesca, do que cria, e que carrega a esperança de dias melhores nas palmas das mãos e no cortado de palma. E num sorriso que nenhuma intempérie aplaca.

Pedimos licença. Para entrar em um lugar sagrado é preciso despir-se. Pés descalços para dançar de acordo com o vento que sacode as bandeiras de São João e esculpe rocha que um dia foi mar. Mares, montes, desertos. A vida acontece no movimento, no encontro com o desconhecido. Caminhar por um santuário chamado Chapada Diamantina, uma Bahia suspensa. 

O sagrado está dentro da gente. Gente que carrega a fé na jornada de um dia. Gente que carrega fé na terra arada que tudo dá. Mãe d’água que protege o pantanal, que alimenta o Quilombo. Que traz na rede do pescador a comida que nutre a aldeia. As mãos da cozinheira que preparam a fruta verde como prato principal quando a fome chega fora de hora. Aqui os amanheceres não esperam o tempo de amadurecer. Godó de banana. Palma cortada que enche a cumbuca. Vatapá pra São Cosme & Damião. Ritual embalado em renda que se transforma em oração. 

Da arte rupestre que narra a vida que já estava ali milhares de anos antes dos nossos passos, até os passos de dança dos rituais e do caminhar para semear e colher. Venha com a gente viver a expedição Chapada Diamantina, uma Terra Altar cravada no Nordeste de um Brasil que resiste. Que existe. 

*Uma viagem com Carol Daher, coisa mais linda do mundo!®



25 de out. de 2023

Chicken or pasta?

Esses dias, para tentar aplacar um pouco a ansiedade fugindo da rotina (e me aproximando cada vez mais do Serasa), fui de última hora encontrar um amigo em Salvador. Um pulinho, de quinta à domingo. Os dias estavam nublados, mas iluminados por tranquilidade e sorrisos. Fomos jantar. Surpresa, eram frutos do mar. 

Eu comi bem, Rod comeu o dobro, pois eu não gosto de frutos do mar. Então ele desatou a refletir que, mesmo depois de uns dez anos de amizade, ainda não sabia que eu não gosto de frutos do mar. Quem me apresentou o Rod foi a Malu, um dia em que a convidei pra jantar em casa e ela perguntou se poderia levar um amigo. Trabalhávamos todos na Editora Abril, eu fiz pão de linguiça; éramos jovens, a digestão era boa, o fluxo ainda não trazia o “re” e as veias eram mais abertas que as da América Latina (uma piada “sin grasa”). Aquela noite foi um encontro de três almas perdidas nadando em uma cumbuca. Ele e eu engatamos uma amizade que já viu mais coisas do que nossa kombi filosófica possa imaginar. 

Por falar em filosofia, ele é a parte mais racional da dupla, mas o espírito obsessor paira em ambos e o tanto de aventuras e loucuras que somamos já foge da possibilidade de auditoria para confirmar os números atuais. E as conversas reflexivas atritando o asfalto nas idas e vindas entre Sorocaba, nossa terra natal, e São Paulo, onde moro, sempre me sacodem e engrandecem. 

Ele andou quilômetros à toa - e à pé - comigo enquanto um ex-namorado tirava as coisas de casa após o término. Ele me acolheu na casa dele, na vida dele, estando eu sóbrio ou não. Ele cuida do Costelinha com todo o carinho, ele visita minha mãe e anima os fins de tarde e noites de domingo, nos enchendo de fôlego e fazendo tudo parecer mais leve e divertido.

É um dos amigos mais nômades, um cigano vagando pelo mundo em busca de um acordo entre a luxúria e o afeto. Onde quer que ele esteja, entre as outras inúmeras coisas que me lembram da nossa amizade, toda vez que driblo um tentáculo ou preciso tomar um imenso gole de água para engolir uma ostra eu dou um largo sorriso.

O Rod não sabia que eu não gosto de frutos do mar, mas conhece cada cantinho do emaranhado de sinapses do meu cérebro e cada loucurinha do repique das sístoles e diástoles do meu coração. Ele sabe me abraçar e me fazer feliz. E, afinal, o que seriam das próximas horas e novas histórias de uma boa amizade sem uma pitada do desconhecido e do mistério, não é mesmo?



29 de nov. de 2015

Chef's Table - Francis Mallmann

Cozinhar, amar, viver e incendiar:

"I don’t believe in flip and flopping food."

"When you cook with fire it’s much like making love. It could be huge, strong, or it could go very slow in ashes, a little cold. And that’s the beauty of fire. It goes 0 to 10 in strength, and in between 0 and 10 you have all these little peaks and different ways of cooking with it, and its very tender and fragile."

"Love is one of the most difficult things in life, certainly one of the most beautiful ones."

"You don’t grow on a secure path, all of us should conquer in life and it needs a lot of work and it needs a lot of risk."

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29 de nov. de 2007

Nessum dorma

Sair da entrega do Prêmio Paladar 2007, depois de ter provado mais de duas dezenas de pratos nos melhores restaurantes de SP (convidado por um grande amigo e na companhia de muitos vinhos e Coca light) e passar no Habib´s para matar a fome é meio triste.

Só pensava no petit gâteau de limão do Due Cuochi e no Bassi cantando como o Pavarotti em seu grande e renovado salão...

21 de nov. de 2007

Dos jantares

“Admirad bien la luna, antes que corten los juncos del río.

Que enólogo escreveria algo assim no seu vinho? Todo vinho feito com esta dedicação é feito para ser admirado como o luar, antes que suma, antes que os juncos que margeiam o rio sejam cortados. Que pessoa que divide a mesa entenderia isto? Os companheiros de um jantar podem ser os de uma vida, antes que ela termine, seja em traços longos da mão, seja em borra de café. Tudo é transitório demais para perdermos tempo!”

Roubado, mas eu li a mão e a borra!

25 de out. de 2007

Leite, só de mãe

Quando tomo leite pela manhã eu penso: será que vai desentupir minhas vias ou me deixar loiro? E os bichinhos da Parmalat vão morrer intoxicados?

Como diria J.N. Pinto na Jovem Pan, tome leite longa-vida para durar menos.

11 de set. de 2007

Quantas calorias?

Sair da academia, depois de um dia moribundo e uma dúzia de exercícios pífios, descabelado e com roupas mundanas, e passar na casa de um amigo para uma taça de Porto Niepoort, pouco mais jovem – bem pouco – que eu.

Naquele oásis de calma fincado na São Paulo de regular qualidade do ar, notei, sendo olhado pelo Nuno Ramos enrolado no sofá, que é de conversas engraçadas e com algum conteúdo que tenho sentido falta. Nem só a pança de Britney tem graça, nem só o pop é assunto, nem só a internet conecta (quem falar em BlackBerry morre).

Bebo pouco, saio logo. Era noite sem lua.

“(…) Comme ils ont beaucoup bu
Ils titubent un petit peu
Mais la haut dans le ciel
La lune veille sur eux.”

Jacques Prévert

PS: Um abraço ao Comendador Cancela.

10 de ago. de 2007

Por que feijão, meu Deus?

Antes de eu revelar minha angústia sobre a roupa certa para encontrar com Pascal Barbot, do L'astrance e das três estrelas no Michelin, Luiz Horta se adiantou. Segue nossa intimidade dialogal revelada, em pormenores sórdidos:

Luiz diz:
Estou quebrando a cabeça sobre o dress code

Luiz diz:
Sou muito formal, não sei ir à feijoada de sábado

Lucasof - Zygmunt Bauman é meu amigo diz:
Eu bem ia te perguntar sobre a vestimenta

Lucasof - Zygmunt Bauman é meu amigo diz:
Uma camisa de linho branco, calça cáqui, chapéu e sandálias?

Lucasof - Zygmunt Bauman é meu amigo diz:
Ou vamos de franceses dandies?

Luiz diz:
HAHAHAHAH

Luiz diz:
De boina e com uma baguete debaixo do braço e bigode pintado com rolha queimada

Luiz diz:
E um acordeom na mão

(...)

Lucasof - Zygmunt Bauman é meu amigo diz:
Eu não sei falar a língua dele. Vou tentar me comunicar com contas, espelhos e uma mulata

E terminamos em seu “Decálogo de 15” sobre a elegância:

1. Never brown in town.
2. Até 17 horas: ternos claros.
3. Depois das 17 horas: ternos escuros.
4. Preto é para luto, mafiosos e audiências no Vaticano.
5. Branco para bicheiros e quem está nas Bahamas.
6. Nunca comer pão com garfo.
7. Bêbado é quando não se consegue dar um double Windsor knot.
8. Não mencione.
9. Não importa quanto custou.
10. Melhor não tocar no assunto.
11. Sendo Príncipe de Gales pode tudo.
12. Never explain.
13. Never complain.
14. Gravata é um assunto sério.
15. Não intua. Não conclua...

Do 6 ao 10 estou indo mal, no 14 pequei. Meu score é triste!

2 de ago. de 2007

Um golinho de vinho, se lhe agrada

Pedir as dicas de vinho ao Luiz acabou transformando um encontro de amigos que harmonizam tudo muito bem com refrigerantes em um jantar com algumas responsabilidades. Trocamos os copos pelas taças e aguçamos nossas curiosidades e paladares pensando no que teríamos pela frente.

A boa pedida da noite era um fondue com base de queijo gruyère e um de chocolate, para a sobremesa. As indicações foram um branco – não devemos temer nem menosprezá-los – e um Porto. Quebramos um pouco o protocolo e compramos também um tinto para bater com o queijo.

E assim desenrolou-se a noite, entre suspiros de agrado e caretas de reprovação:

Usei uma receita básica para o fondue, que não é uma coisa que exija muitos segredos, com pão italiano, filão e ciabatta. O primeiro a ser desarrolhado foi o branco, Alamos Chardonnay, safra 2006 (Mistral). Para quem pensa que os brancos são levinhos, bem a cara de “lançamentos em livrarias chiques”, esse é uma surpresa. É bem intenso, casou perfeitamente com o gruyère. Aplaudido!

Terminada essa rodada, fomos para o tinto (sugestão minha, não culpem o Horta!), um Isla Negra, safra 2006, com 85% de Syrah e 15% de Cabernet Sauvignon (Enoteca Fasano). Com a boca e papilas limpas, ele é suave, bastante frutado, puxando para o cassis e com linda cor vermelho rubi, aveludada. Depois do queijo, ficou bastante adstringente, merecendo uma discreta careta.

Quando os pães acabaram e enxergamos o fundo da panela, partimos para o de chocolate, feito com barras de 70% de cacau e uma pitada de “ao leite”. Hora do convidado mais ousado e difícil de encontrar, um Porto Niepoort. Mais adocicado, com notas (finos que somos!) de frutas secas e especiarias. Ficou saboroso com nossa sobremesa, cada um com seu espaço merecido, sem concorrência. Mas tomamos pouco, porque gente leiga acha que Porto é pra ser apreciado em pequenos goles sorvidos de tacinhas miúdas.

Um sucesso! Será a rendição de jovens da geração “de cola não alcoólica” ao mundo do “mosto de uvas viníferas fermentado, com duração indefinida"?

*Publicado originalmente no Glupt!, de Luiz Horta.

20 de set. de 2005

Bacon

Minha barriga tem tentado dominar toda minha existência. Começou a surgir na região umbilical, tomou toda a lateral e agora vem se alastrando e crescendo, com uma rapidez e agilidade impressionantes. Vou me juntar ao Teco (meu Beagle Bala de Canhão) em seu sofrido regime. Só ração light. E, muito raro, um ou outro abacate que caia do pé.