16 de jan. de 2007

A cratera

Da janela ainda se enxerga o guindaste, uma amarela libélula sem asas, agora amarrada a quatro fios. E durma com o barulho de dois helicópteros bem ao lado de sua casa.

Moro no clitóris do buraco do metrô.
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No caminho para o buraco (que não em Kandahar):

Ela no banco do motorista, ele, de kipa, descendo do carro:

- Mas eu nunca soube que você lia Playboy e era ligado nessas coisas, ué! Não posso achar estranho e ficar brava?

- Ah, claro, você queria que eu tivesse me apresentado e dito "oi, sou fulano, gostei de você e leio Playboy".
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Na borda do buraco:

- Vem com um helicóptero e puxa tudo lá de baixo!

- Mas um helicóptero assim só na Rússia...

- Moço, meu marido pode estar lá, você acha que isso é hora de brincadeira?

- Quem aqui está brincando, minha senhora? Em São Paulo e, acho eu, no Brasil inteiro não tem um helicóptero desse porte! Ele é Russo, mesmo. E estamos fazendo todo o possível. Melhor demorar do que desabar ainda mais.

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