2 de ago. de 2006

Considerações a respeito do amor e do Minhocão

A Avenida São João nos meus tempos de solteiro era uma longa e interminável via de sonhos. Eu trabalhava na Senador Feijó, ao lado da Catedral Metropolitana e ao encerrar o expediente cortava a Praça da Sé, entrava na Rua Direita, atravessava o Viaduto do Chá, passava pelo majestoso Teatro Municipal para chegar à Praça da República e encontrar minha namorada, que trabalhava na Esso Standard do Brasil, na Rua Pedro Américo.

Dali até a Avenida São João era um pulo e chegar ao Cine Metro era coisa de alguns segundos. Todo esse trajeto eu o fazia com o coração aos saltos, buscando em cada forma de concreto ou pedacinho de verde um motivo para embalar minha felicidade.

Até mesmo as vitrinas decoradas das lojas influenciavam meu estado de espírito. Você não acredita, mas eu era moço e sua avó também.

Os filmes, geralmente românticos, daquele tempo, eram nosso passatempo e motivo para ficarmos a sós. Os bondes que subiam, contornando a Praça dos Correios e desciam rumo à Lapa, onde morávamos, os bondes abertos ou os bondes fechados mais conhecidos como "camarões", davam à Avenida aquele toque sutil de metrópole tranqüila e inocente, completamente alheia ao reboliço e violência dos dias de hoje.

Não havia o metrô e as greve dos motorneiros e motoristas de ônibus nos obrigaram algumas vezes a caminhar sem pressa, braços dados a caminho de casa na distante Rua Fábia, transportando anseios e desejos que iriam se concretizar tempos depois.

Eram dias de sol e de garoa, que embalavam nossa rotina pela Avenida São João, hoje certamente coberta pela estúpida e falsa idéia do prático e do moderno. Pesa-lhe agora a sombria face do esquecimento, da fealdade, do urbanismo "bancarroto".

O Minhocão, com sua poderosa forma de concreto afrontou todos os conceitos de estética e matou minhas saudades mais preciosas.

Por Saavedra Fontes, o vovô da Fe Fountains.
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Com saudades do meu dia-a-dia no Minhocão, da correria de TCC + trabalho.
Ontem fiz um ano de iG. De vida renovada. De felicidade na maior parte do tempo.
Docinhos e jantar para comemorar, e depois Saltimbanco, do Cirque du Soleil. Primeira fila da primeira apresentação completa no Brasil.
Lindo, lúdico, encantador.

2 comentários:

Anônimo disse...

alguma coisa acontece no meu coração...

ah, eu tb quero cirque du soleil, só espero que ainda haja ingressos até minha pobreza acabar...pq estagiário de departamento estadual de trânsito não tem essas regalias 0800...

:o(

Anônimo disse...

que texto lindo esse. eu estava estranhando porque o tom era diferente do seu. adorei. só não precisava esnobar o cirque pra gente....
:-)