7 de ago. de 2024

Freud, explica?

De todas as pessoas ao meu redor, das que foram e das que ainda nem conheci, foi você quem acampou essa noite nos meus sonhos.



25 de jul. de 2024

Terra Altar

Entre o céu e a terra, um inesperado caminho de rios pelo qual navega um povo que tem a força de quem vive do que planta, do que pesca, do que cria, e que carrega a esperança de dias melhores nas palmas das mãos e no cortado de palma. E num sorriso que nenhuma intempérie aplaca.

Pedimos licença. Para entrar em um lugar sagrado é preciso despir-se. Pés descalços para dançar de acordo com o vento que sacode as bandeiras de São João e esculpe rocha que um dia foi mar. Mares, montes, desertos. A vida acontece no movimento, no encontro com o desconhecido. Caminhar por um santuário chamado Chapada Diamantina, uma Bahia suspensa. 

O sagrado está dentro da gente. Gente que carrega a fé na jornada de um dia. Gente que carrega fé na terra arada que tudo dá. Mãe d’água que protege o pantanal, que alimenta o Quilombo. Que traz na rede do pescador a comida que nutre a aldeia. As mãos da cozinheira que preparam a fruta verde como prato principal quando a fome chega fora de hora. Aqui os amanheceres não esperam o tempo de amadurecer. Godó de banana. Palma cortada que enche a cumbuca. Vatapá pra São Cosme & Damião. Ritual embalado em renda que se transforma em oração. 

Da arte rupestre que narra a vida que já estava ali milhares de anos antes dos nossos passos, até os passos de dança dos rituais e do caminhar para semear e colher. Venha com a gente viver a expedição Chapada Diamantina, uma Terra Altar cravada no Nordeste de um Brasil que resiste. Que existe. 

*Uma viagem com Carol Daher, coisa mais linda do mundo!®



10 de abr. de 2024

Hoje eu quero ser...

...uma ampulheta, para fazer o passar parecer lúdico e só revelar o fim ao deslizar do último grão de areia pela goela de vidro, quando já não há mais tempo.

...uma agulha, para juntar partes, ajudar a tirar farpas, cutucar e causar dor.

...uma Coca-Coca de máquina, um pouco aguada, bem gelada, descendo por uma garganta áspera.

...um relógio, para poder parar de trabalhar sem muitas conseqüências, mas achar que, assim, tenho o poder de controlar as horas e dominar o mundo.

...uma roupa extravagante atravessando uma passarela, sustentada por um corpo esquálido iluminado por flashes.

...um apagão aéreo, para deixar pessoas ilhadas em outros países e testar os limites do ser humano.

...um bobo apaixonado, com tudo a que tenho direito.

...um balão meteorológico, para voar alto e longe e ouvir: "É OVNI!".

...uma bunda, daquelas bem redondas, que parecem ter sido desenhadas com compasso, para ser admirada depois da passagem por cabeças que torcem pescoços.

...o estepe de um carro, para ficar esquecido a maior parte do tempo e virar protagonista nas horas mais chatas.

...o movimento de rotação da Terra, para inverter minha lógica de funcionamento e fazer o dia virar noite.

...um milho de pipoca, que em pouco tempo muda de cor, forma e sabor, mas mantém a essência.

...uma garrafa de vinho vazia ao lado de um grupo sorridente de pessoas ruborizadas, que discutem coisas bobas como se fossem o que de mais importante há no mundo.

...um clássico do cinema europeu, no qual o tempo passa arrastado em preto e branco, com ótima trilha sonora, numa coleção menos acessada que a dos blockbusters e séries.

...uma roda-gigante, com luzes super coloridas, para girar o dia inteiro e nunca ficar zonzo. E vez ou outra flagrar um jovem casalzinho apaixonado.

...um pingüim, para ser uma ave que nada, protagonizar filmes e anda como se estivesse com as calças no tornozelo.

...um bicho preguiça, para passar o dia grudado numa árvore com cara de sono.

...um perfume doce para, em um esbarrão numa calçada, sair grudado em um corpo anônimo.

...uma batedeira, para misturar coisas rapidamente e sem medo.

...o tapete azul do meu banheiro, que não liga para fios de cabelo caídos e os pisões úmidos.

...uma pausa de mil compassos.