Prometi que a próxima coisa que escreveria aqui seria algo feliz, como no começo do blog. Sou bom no humor (mentira, quando muito nos trocadilhos infames). Mas a pauta caiu.
Tenho vontade de, como o Super-Homem, carregar meu irmão em um braço, furar as nuvens e só descer quando tudo estiver em paz aqui no chão. Queria fazer isso para minha mãe não ser obrigada a engolir um menino tão grande para mantê-lo, novamente, seguro em sua barriga.
Com isso, fugir um pouco. Este meu confuso redor.
Frente aos 30, é tempo de não mais culpar a Providência, os reflexos, o passado. Ele, que estou aqui vasculhando para ver se entendo alguma coisa. É tempo de assumir.
Quando ainda moleque, os acordes que precediam “Games, changes and fears...”, na rouquidão suave de Macy Gray, empacotavam os ingênuos romances e seus dias nublados. Até perceber que a sequência dos versos é insolúvel: “When will they go from here, when will they stop”. Eles nunca irão, nunca cessarão. Estão em nós, a quem cabe driblar ou nutri-los.
Você foi a coisa que mais amei na vida – na vida que há –, e com quem, em igual medida, mais errei. Errei achando que tinha justificativas e que era charmoso. Errei para mascarar. Errei porque erraram, por um passado torto. Errei por não saber. Mas amar uma pessoa, depois que a paixão passa, também é entender a hora de desamarrá-la. De deixar ir, ainda que em pequenos passos, em arrepiantes fatias de desapego. E ainda não aprendi tudo. E envelheci. Você me salvou do completo amargor e de me afundar em outro rumo, por isso é e sempre será valoroso. Eu talvez deixe um legado feio, que posso melhorar um mínimo dessa forma.
Você escrevia "eu te amo" em minhas costas, com a ponta dos dedos. Jamais adivinharia se não tivesse dito. A cada toque, agora, busco uma mensagem a ser decifrada.
Amarello Amor from AMARELLO on Vimeo.
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