Depois dos vários debates comigo mesmo sobre Borat, humor, riso por obrigação e Banzé no Oeste, agora é a vez de índios, negros e mídia.
Essa questão já me assolava quando eu trabalhava com o Chaparro e, em seu site, discutíamos coisas assim, principalmente na seção Foco na Foto. Somou-se a isso o fato dos índios da tribo seminole, nos EUA, terem comprado a rede Hard Rock. Depois ouvi a declaração que se os americanos tomaram as terras dos índios – incluindo Manhattan - eles iriam comprar tudo de volta, cassino por cassino.
Neurônio vai, neurônio volta, li no ombudsman da Folha uma crítica ao infográfico que fizeram para ilustrar o “massacre na Virgínia”, no qual mostraram um homem com feições de negro, embora já soubessem com certeza que o atirador era sul-coreano.
Explodo em blog, um pouco tardiamente, depois de um encontro com Bob Butler, editor da rádio KCBS de São Francisco e diretor da Associação Nacional dos Jornalistas Negros nos Estados Unidos (NABJ), e Mary Kim Titla, a primeira repórter de origem indígena do Arizona, na Casa do Saber.
Passada a estranheza com os copos tão pequenos de café que temos no Brasil, os dois abriram uma discussão sobre esse tema que parte da idéia que o jornalismo é declaradamente racista.
A maneira como os segmentos sociais são tratados na mídia dependem também da inserção desses grupos nas redações. A presença – ou ausência – deles é refletida no jornalismo que é produzido.
Se comentamos a ida de Heraldo Pereira para a bancada do Jornal Nacional, imagino o impacto de um Xavante trabalhando na televisão. As faculdades não preparam profissionais para trabalhar e discutir esse tema. As famílias também não. A educação de base, tampouco. Saída para um cenário assim?
Complexo agir na mídia. Por isso, falar com uma só voz é muito importante. Encontrar e divulgar histórias que não sejam só de sangue, fontes de diferentes etnias para histórias boas, não utilizá-las apenas como ilustração para crimes e massacres.
É mais fácil agir nos anunciantes. Eles hoje têm políticas rígidas sobre diversidade, não porque sejam bons, mas porque sabem trabalhar o valor, o alcance e a inserção de suas marcas no mercado. Uma porta de entrada, uma troca, uma voz alta para a busca de objetivo difícil com caminho áspero.
E discutir. Talvez não Malcom X, nem Martin Luther King. Mas nunca mais Jim Crow, Black Codes ou Emmet Till. Compartilhar experiências pode não ser o segredo para a solução, mas com certeza pode fazer diferença em mais um problema com origem na má educação e heranças torpes.
Para Rosa Parks, porque ainda temos um sonho, de um menino que trabalha em uma redação sem nenhum negro ou índio.
Um comentário:
Eu tive aula com o Chaparro. :-)
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