Sempre achei difícil - antes, durante ou agora, sofrivelmente depois dela - sintetizar a adolescência. Resumir em palavras os entraves com identidade, com caminhos, vontades, novidades e mudanças (ah, as mudanças...). As mais rebuscadas não serviam, porque deixavam tudo ainda mais complicado. E as simples não davam conta de tanta enormidade emaranhada de vida batendo taquicárdica.
Foi tropeçando nesse tempo, sempre marrento, teimoso e malcriado, que encontrei um pedaço de Neruda via Gustavo Ioschpe e Octavio Paz via meu irmão. Mudanças, identidade, rostos que não se reconhecem, estrangeiro em sua própria morada. Um tempo de suspensão numa existência que segue, em poucos e intensos anos, ondeando.
Os textos podem não iluminar ou tornar clarividente, mas é sempre reconfortante saber que, por mais que neguemos, algum adulto nos entende.
Depois, passado, “cambiamos y nunca más supimos quiénes éramos”.
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"(...) Es tarde, tarde. Y sigo. Sigo con un ejemplo
tras otro, sin saber cuál es la moraleja,
porque de tantas vidas que tuve estoy ausentey soy,
a la vez soy aquel hombre que fui."
Tal vez es éste el fin, la verdad misteriosa.
La vida, la continua sucesión de un vacío
que de día y de sombra llenaban esta copa
y el fulgor fue enterrado como un antiguo príncipe
en su propia mortaja de mineral enfermo,
hasta que tan tardíos ya somos, que no somos:
ser y no ser resultan ser la vida.
De lo que fui no tengo sino estas marcas crueles,
porque aquellos dolores confirman mi existencia."
No hay pura luz, de Pablo Neruda
3 comentários:
Acho que preciso ler Neruda. Urgente.
"De lo que fui no tengo sino estas marcas crueles,
porque aquellos dolores confirman mi existencia."
Perfeito!
Bjs
nunca li Neruda!!!!!!!!!!
socorro.
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