11 de abr. de 2007

Cartas sobre a adolescência

Sempre achei difícil - antes, durante ou agora, sofrivelmente depois dela - sintetizar a adolescência. Resumir em palavras os entraves com identidade, com caminhos, vontades, novidades e mudanças (ah, as mudanças...). As mais rebuscadas não serviam, porque deixavam tudo ainda mais complicado. E as simples não davam conta de tanta enormidade emaranhada de vida batendo taquicárdica.

Foi tropeçando nesse tempo, sempre marrento, teimoso e malcriado, que encontrei um pedaço de Neruda via Gustavo Ioschpe e Octavio Paz via meu irmão. Mudanças, identidade, rostos que não se reconhecem, estrangeiro em sua própria morada. Um tempo de suspensão numa existência que segue, em poucos e intensos anos, ondeando.

Os textos podem não iluminar ou tornar clarividente, mas é sempre reconfortante saber que, por mais que neguemos, algum adulto nos entende.

Depois, passado, “cambiamos y nunca más supimos quiénes éramos”.
--
Adilia em férias, Lemp em férias. Novos canais, briefing, Sampaist, SPFW, editar canais, reunião, Sampaist, briefing, contratos, telefone, contas, SPFW, notas, novos canais.
--
"(...) Es tarde, tarde. Y sigo. Sigo con un ejemplo
tras otro, sin saber cuál es la moraleja,
porque de tantas vidas que tuve estoy ausentey soy,
a la vez soy aquel hombre que fui."

Tal vez es éste el fin, la verdad misteriosa.

La vida, la continua sucesión de un vacío
que de día y de sombra llenaban esta copa
y el fulgor fue enterrado como un antiguo príncipe
en su propia mortaja de mineral enfermo,
hasta que tan tardíos ya somos, que no somos:
ser y no ser resultan ser la vida.

De lo que fui no tengo sino estas marcas crueles,
porque aquellos dolores confirman mi existencia."

No hay pura luz, de Pablo Neruda

3 comentários:

HelenaN disse...

Acho que preciso ler Neruda. Urgente.

Tatiane Kobayashi disse...

"De lo que fui no tengo sino estas marcas crueles,
porque aquellos dolores confirman mi existencia."
Perfeito!

Bjs

Unknown disse...

nunca li Neruda!!!!!!!!!!
socorro.