22 de mai. de 2013

Para minha mãe

Acabei de assistir a um vídeo, por conta dos estudos, e meus olhos inundaram. O que rompeu os diques de contenção, cada vez mais frágeis após os 30, foi ver uma porção de mães falando sobre o que ninguém contou para vocês a respeito da maternidade antes de sua primeira gravidez. Loucura, mãe! Que mudança, que coisa assustadora! Para mim, que arrepio ao pensar em mudanças e novidades - e como trabalhei esses temas -, dá mais frio na barriga que a subida antes do looping da montanha-russa. Quantas coisas vocês aguentam, sorrindo, felizes da vida, mesmo com a gente reclamando feito louco.

Pois tem muitas coisas sobre as quais os filhos também não recebem instruções de uso. Embora me orgulhe demais de sua independência, fico aflito cada vez que penso em você zanzando de carro em tempos inseguros e de miopia, minha Miss Magoo.

Quando viaja, também passo horas no ar, torcendo para que bote logo os pés de volta em terra firme e comece a diversão. Se fica doente, quero correr para sua casa, cozinhar a sopinha que ensinou a mim e ao meu irmão, e tantas vezes confirmou a receita e o passo-a-passo ao telefone depois que mudamos de cidade. E cuidar, por mais que seja difícil um filho entender os tipos de cuidado que uma mãe precisa, porque nessas horas elas tendem a mentir um bocado.

Será que está comendo direito? Será que a pressão do seu olho está controlada, continua com os exercícios, não pega friagem, está dormindo bem, está feliz, não está viciada demais no Facebook, não abusa dos privilégios de quem tem mais de 60 anos? Não estou deixando a desejar no zelo por você?

Acho incrível como se atira nas coisas. O seu coração é um saco sem fundo. Cuida de mim, do Du, cuida dos hóspedes da ABOS, com sua “princesa” em merecido destaque, da tropa no trabalho, dos amigos, da família, do Teco, do papagaio, das orquídeas, ainda que você acabe vindo só depois disso tudo. Hoje, adulto - putz! -, entendo que isso é sua vida. Esse monte de pecinha é o que te compõe.

Imagino todo dia você encontrando o próximo grande amor da sua vida, fazendo uma mala e indo viajar sem rumo. Aí me dá aquele ciúme louco de filho menino! E rememoro os dias em que passei a entendê-la como mulher e a respeitá-la e admirá-la ainda mais.

Não tenho porque colocar aqui o quanto você também é geniosa, cabeça dura, birrenta. O seu signo denuncia um pedaço e o que eu puxei dessas características quase completa o quadro. E já falei um pouco disso lá no dia das mães de 2006.

Talvez eu nunca consiga agradecer e amá-la o suficiente para deixar claro e pleno em seu coração a importância de entender quem eu sou, como eu sou e estar comigo para o que der e vier, mesmo que ali nos anos 60 ou 70 algumas coisas não estivessem previstas ou sequer aparecessem em canções ou novelas, e nos seus sonhos de maternidade talvez eu e o Du fôssemos um dedinho diferentes. Se não me falham a memória e o Google, Balzac diz: “o coração das mães é um abismo no fundo do qual se encontra sempre o perdão”. Mais que isso, a compreensão, o amor, o acolhimento, a segurança.

Você nasceu para ser mãe de meninos.

A parte chata é que, quanto mais a gente cresce, menos tempo para conviver acaba tendo e mais escondemos a vontade/necessidade de colo, de bobos que viramos. Foi de você também que veio o ensinamento de que os momentos juntos, lado a lado, mesmo que poucas horas do relógio, podem ser um infinito quando estamos nos divertindo como bem sabemos fazer.

Lembra do post com a Jodie Foster, no qual falo sobre você enfrentar suas noites mais escuras para manter meus dias ensolarados? Nele ela diz para a mãe ficar tranquila, pois ela fez tudo certo na vida. Sim, está tudo certo. Sigamos aproveitando! Eu te amo, eu te amo, eu te amo.

Feliz aniversário, que Deus siga te dando uma vida repleta de bênçãos e alegrias.

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9 de mai. de 2013

O próprio viver é morrer

- I want to be forever young
- Do you really want to live forever?
- Forever, or never
- If you stay forever, hey, we can stay forever young
- May your heart always be joyful
- May your song always be sung, may you stay forever young
- Carve your number on my wall and maybe you will get a call from me
- Instead of carving up the wall, why don’t you open up, we talk?
- I am ready for a fall
- We are ready for the floor
- I'm hoping with chance, you might take this dance

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8 de mai. de 2013

Checklist

( ) Noção de que está tudo bem com você
( ) Alegria
( ) Companhias
( ) Amigos
( ) Amores
( ) Quebradas de cara
( ) Fôlego

My heart skipped a beat.

7 de mai. de 2013

Amor numa madrugada qualquer

Estou na firma, voltando agora do curso que lota minhas noites de segunda e quarta e alguns sábados. Deveria estar pilhado refletindo sobre tudo que vi por lá, sobre os projetos e desafios. Ou sobre o incrível show dos Paralamas, que comemoraram 30 anos - meus e deles - no Rio de Janeiro e que curti com pulos adolescentes, cantando em voz alta e dançandinho com Fe Fontes até duas e tanto da madrugada. "Você não sabe quantos planos eu já fiz, tudo que eu tinha pra perder eu já perdi, o seu exército invadindo o meu país". No trabalho. No filme que assisti. Mas estou pensando no amor. Não na paixão, na conquista, no frisson, mas no amor. E pensei nele antes da aula e do show, durante a aula e o show, durante o vôo de volta, durante o trabalho, na praia, ao longo do filme, o tempo todo.

Estou na firma porque não quero o silêncio cheio de lembranças de casa. O filme está no aparelho de DVD, o bolo está em cima do fogão, com apenas uma fatia comida. O colchão branco está no chão da sala, tem bebidas na geladeira. Eu estou na firma e o lustre colorido está com suas sete lâmpadas apagadas.

Tudo já foi dito sobre o amor, é verdade. Escrito, cantado, versado, vendido, acertado, estragado, gritado, chorado, sorrido...

Ele é fogo que arde sem se ver, é líquido, impulsiona heróis, gera ridículas cartas de amor. É como ser poeta, coisa difícil de definir. "É amar-te, assim perdidamente, é seres alma e sangue e vida em mim e dizê-lo cantando a toda a gente". É rédea, é deslumbre. Não tem fim.

Eu não sabia nada sobre amor até que passei um ano olhando para meu reflexo. Um ano dolorido e sozinho. Eu sabia sobre paixão, disputas, medo, concorrência, sexo (talvez), companhia, ser deixado para trás e replicar modelos. No entanto, nunca soube o amor e o respeito. E a alegria dessa dupla.

... I watched you suffer a dull aching pain, now you decided to show me the same...”

Aí, ao fim desse ano e de uma década, eu tive um estalo. Eu me vi nos livros, nas cartas, nos poemas, filmes e tudo mais. Eu quis olhar de dentro, não com um pé no resguardo. O que, sejamos honestos, ferve a cabeça e confunde ainda mais o dia a dia.

Talvez eu até agora não saiba, ninguém nunca vá saber, mas acredito na Carolina Ferraz. Diz ela que foi um amor, um único amor que veio, cruzou sua vida, tocou sua alma e ficou marcado em sua pele. E que numa quinta-feira a tarde de um ano qualquer, tropeçamos nesse amor já supostamente esquecido e percebemos que amor igual não há, e que aquela pessoa continua e continuará a ser nossa referência afetiva mais sincera e profunda.

Marcado na pele. Elis está cantando algo semelhante ao lado deste post.

E acredito em Dante e que, ao fim de todo inferno, “do ledo céu as cousas belas, por circular aberta divisamos: saindo a ver tornamos as estrelas”.

Ele é oposto aos planos e aos portos seguros. Talvez eu esteja começando a entender o que é amar. Talvez esteja com síndrome do pânico.

O amor não é tecnologia. Sua história é batucada em uma máquina de escrever. Seu som é o de teclas, firme, lúdico, identificável, decifrável apenas se decodificado na página timbrada. O amor é o enroscar do mecanismo da máquina de escrever ao se digitar duas teclas simultaneamente. Velho, inevitável, errado e charmoso.

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Porque essa noite eu tive um pesadelo recorrente sem ter sido um mau menino.

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